11 | Garotos não choram

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Nos recantos mais sedutores de Nova York, havia uma casa noturna envolta em fama pelas redondezas. Fui uma vez com Charlie, quando ele completou dezenove anos, saímos tão bêbados que tivemos que esperar o sol nascer para voltarmos de metrô. Talvez não fosse o cenário mais apropriado para levar Jimin, mas acreditava que ele merecia um pouco do que a América tinha a oferecer.

Retornando à avenida, o prelúdio da madrugada se desvelou com uma friagem inesperada, contrariando as expectativas do ápice do verão. Entretanto, Jimin irradiava. Não expressava menos do que uma áurea de calor, com aquele sorriso tão reluzente quanto a própria estrela de fogo, como se pudesse aquecer até mesmo a noite mais fria.

— Você é barbeiro?

Jimin empurrou meu ombro, com uma carranca no rosto, mas um sorrisinho seu escapuliu para dizer que ele não estava com raiva coisa nenhuma.

— O que foi? — Indaguei, cínico. — Você bate o retrovisor, sai de casa e nem coloca gasolina no tanque.

— Eu tenho um motorista.

Ele se aproximou do abastecedor para colocar algumas moedas, enquanto eu segurava a mangueira de combustível.

— Você tem maneiras muito passivo-agressivas para dizer que é podre de rico.

Jimin gargalhou, não sei porque ele achou graça daquilo.

— A propósito, você precisa calibrar os pneus — disse a ele, enquanto analisava a parte traseira do carro. — Faça com os pneus frios.

— Não consigo entender o que está falando, não sou mecânico.

Foi minha vez de empurrá-lo com os ombros.

Seguimos para o Queens, onde o clube Starlight deveria estar fervilhando.

Ficava de esquina com uma locadora que estava fechada pelas altas horas da noite, um brilho sutil da discoteca fugia do hall da entrada, por sorte a fila para pagamento de taxa não se estendia por intermináveis distâncias. Já na fileira recheada de jovens de diferentes estilos e cores, alguns burburinhos se misturavam com o som abafado da música ao fundo e o cheiro de cigarro queimando no ar. Foi então que percebi o quão fora de lugar Jimin parecia, e um sorriso involuntário se desenhou no meu rosto.

— É a primeira vez que você vem a um lugar desses? — Me aproximei do seu ouvido para perguntar, devido ao barulho ruidoso.

Jimin pareceu ter congelado, se afastou de mim como se eu tivesse a temperatura do sol.

— A-Ah... Não! — Ele começou a entoar, crispou os lábios e desviou os olhos. Seu rosto começou a ficar vermelho. Qual era o problema? — Quer dizer...Não é a primeira vez que venho a um lugar assim, o ambiente só é...diferente do que estou acostumado.

— Tem bastante na Coreia?

Ele assentiu.

— Claro. Só que eu não fui em nenhum clube quando ainda morava lá — ele sorriu daquele jeito apaixonante. — Comecei a ir a lugares assim na minha primeira faculdade, as festas universitárias na Europa são muito caóticas.

— São, é?

Ele assentiu de novo.

— Eu tinha um...

Então sua voz morreu de repente, se perdendo em alguma palavra que não poderia proferir pelo motivo que me fugia a razão. Jimin coçou a garganta, parecendo terrivelmente incomodado naquele momento. Será que eu tinha feito algo além de só ser idiota?

REFLEXOS • jikook (1988)Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ