6 - Merda no ventilador

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Um clima de tensão tomava conta da cozinha. Isso porque Ruby bebia vinho como se fosse água, e Abbadon tentava, sem êxito, ignorar a presença da jovem, que estava sentada à sua frente. Os olhares dele, por mais que fossem discretos, eram carregados de um desejo oculto que apenas os dois compreendiam.

Enquanto isso, Gaia dividia sua atenção entre a comida e o celular, completamente desinteressada naquele almoço em família totalmente entediante. Gabriel torcia, em silêncio, para que tudo acabasse o quanto antes. Já Azaziel observava, fascinado, o comportamento estranho do irmão e da namorada do sobrinho, apenas tentando entender o que existia por trás daquilo.

Consumido pela curiosidade, Azaziel decide puxar conversa. Conhece o irmão mais do que a si mesmo, mas queria entender as entrelinhas da situação. Principalmente sobre a figura peculiar que é a namorada do sobrinho. Não é comum que Abbadon fique assim por uma mulher, ainda mais sendo a companheira do próprio filho.

— Então, Ruby... — O mais velho começa a falar, chamando a atenção de todos. — Como nunca ficamos sabendo de você? Afinal, pelo que fiquei sabendo, estão juntos há cinco anos. E isso é tempo, viu? — Todos o encaram enquanto o mesmo sorri com demasiada simpatia.

Ruby Alves

— Então, Ruby... — O mais velho começa a falar, chamando a atenção de todos. — Como nunca ficamos sabendo de você? Afinal, pelo que fiquei sabendo, estão juntos há cinco anos. E isso é tempo, viu? — Todos o encaram enquanto o mesmo sorri com demasiada simpatia.

Quase dou um pulo da cadeira quando ouço a voz grossa do tio de Gabriel, Azaziel. Dou uma risadinha sincera ao imaginar uma criança tendo que explicar o porquê de ter recebido o nome de um anjo caído aos colegas. Entretanto, engulo rapidamente a reação, pois sinto todos os olhares da mesa me queimando enquanto aguardam uma resposta plausível.

— Ah, então... — Gabriel tenta tomar a palavra para justificar o injustificável, mas logo é cortado pelo tio.

— Não, Gabriel. A pergunta foi destinada à Ruby. Quero saber dela o motivo de, depois de cinco anos, esta ser a primeira vez que ouvimos falar sobre esse relacionamento. Estou curioso. — Declara firmemente, e eu sorrio de escárnio, lembrando o porquê de estar aqui somente agora.

Já com o corpo dormente devido ao excesso de vinho, decido respondê-lo com a verdade. Não tenho mais o que perder, porque o mais importante, que era a confiança no meu namorado, já foi para o inferno. Agora só me resta aceitar que, por mais que tente, as coisas jamais serão como antes.

Então, tomada pelo impulso, decido trazer a verdade sobre o almoço de família à tona.

— Ah, senhor Azaziel, só estou aqui porque o seu querido sobrinho não sabe manter o pau dentro das calças. — Declaro e dou uma garfada no escondidinho de camarão. Em seguida, dou uma risada pensando na escolha peculiar para o almoço. — Inclusive, o prato escolhido para o almoço condiz bastante com a personalidade de Gabriel. Escondidinho. Foi assim que ele fodeu com a minha prima, não é, amor? — Questiono, e todos me encaram incrédulos, principalmente meu namorado.

Gaia finalmente solta o celular e dá atenção à minha presença.

— Isso acaba de ficar mais interessante. — Minha sogra sorri enquanto me encara. — Como assim sua prima, querida? Fale mais sobre. — Pede, e logo é repreendida pelo filho.

— Mãe, pelo amor de Deus, isso não é assunto para ser discutido entre família. — Gabriel aponta e chama a minha atenção. — Ruby, esse é o tipo de coisa que deveríamos resolver entre nós. Você não disse que as coisas seriam resolvidas caso te apresentasse à minha família. Pois aqui estamos!

Néctar - PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora