15 - Que pouca vergonha é essa?!

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Ruby Alves

Não existem palavras que definam a sensação que preencheu o meu corpo ao acordar e dar de cara com uma mensagem de Gabriel INFORMANDO que passaria a próxima semana, ao lado do pai, tio e primo, em Búzios, cidade conhecida como a "mais badalada" do Brasil. O balneário é composto pelas boates mais variadas, sem contar com as mansões, praias e tudo que se possa imaginar. Ótimo, serei corna mais uma vez.

Sinceramente, não entendo o que Abbadon quer com isso, levando meu namorado para longe de mim. O cara vem aqui na minha casa, pedindo para que me afaste, transa comigo e deixa bem claro que é a última vez. Então, ao invés DELE viajar A SÓS para se afastar, carrega o MEU namorado junto. Eu, sinceramente, não consigo compreender a lógica de sua atitude.

A verdade é que toda essa situação me preencheu com o mais profundo e sincero ódio pelo meu sogro. Ele age como se fôssemos peças em seu tabuleiro e isso me tira do sério. Observo a tela do celular e reflito se devo responder, ou não. Ele afirma que a viagem é para "fazer as pazes" com o pai e eu reviro os olhos. Pazes o caralho!

Abbadon apenas está querendo tirar o dele da reta. Sair do olho do furacão.

Bloqueio o aparelho, espreguiço o corpo, faço minha higiene matinal e me arrumo. Em seguida, abro a porta do meu apartamento e bato inúmeras vezes na de Anne. Ela demora DEMAIS para atender, o que acho estranho, porque, pelo barulho, minha amiga está em casa. Diante disso, bato mais algumas vezes. Depois de alguns minutos, ela finalmente atende a porta.

Assim que abre a porta, me surpreendo com o que vejo. Minha amiga, que sempre está muito bem arrumada, veste um roupão de seda. Sem mencionar as madeixas loiras totalmente descabeladas e os lábios inchados. Sorrio depois da reflexão. Ela não está sozinha. Logo penso no meu irmão. Será que finalmente se resolveram?

Entro no apartamento, passando ao lado dela e chamo pelo meu irmão.

— Léo?! — Grito. — Não precisa se esconder, eu definitivamente não vou julgar vocês dois. — Jogo-me ao sofá e sorrio enquanto encaro minha amiga.

— Vim puta da vida te contar as novidades. Obrigada por diminuir meu nível de estresse. — Sorrio enquanto vejo Anne, que está de bochechas vermelhas, fechar e trancar a porta.

Anne, que está totalmente envergonhada, vem de braços cruzados na minha direção e, em seguida, senta-se ao meu lado. Observo sua feição enquanto me questiono o motivo de tanto constrangimento. Sou sua melhor amiga, não tem motivo para isso.

Apenas entendo quando uma voz grossa e potente, diferente da de Léo, ecoa pela sala.

— Já me chamaram de muitos nomes, até porque o meu não é tão fácil assim de lembrar, mas "Léo" foi a primeira vez. — Azaziel, que está com uma toalha amarrada na cintura, me encara com um sorriso ladino preenchendo seus lábios. — Quem é esse?!

Arregalo os olhos com a cena à minha frente, sem conseguir pronunciar uma palavra sequer. Anne fica ainda mais constrangida e coloca as mãos sobre o rosto. Já Azaziel começa a rir, claramente se divertindo com a situação.

— O que foi? — O mais velho coloca as mãos na cintura. — Você pode foder com o meu irmão e eu não posso com a sua melhor amiga?! Não me parece uma troca justa.

Balanço a cabeça de um lado para o outro, tentando deixar o choque de lado. Em seguida, levanto e paro ao lado de Aze.

— Vocês dois só podem estar de sacanagem, sério! Que pouca vergonha! — Não consigo esconder, por um segundo sequer, a surpresa que preenche cada parte de meu corpo. — Quando foi que a relação de vocês evoluiu de um flerte para... isso!? — Pergunto e Anne finalmente reage.

Néctar - PAUSADAOnde histórias criam vida. Descubra agora