006 - tempo

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"Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, tempo, tempo, tempo"
Março de 2023

San Diego - Califórnia, EUA.

Elisa Clark

Tempo, passa rápido.

Nós últimos cinco anos, tudo mudou, o mundo é outro, criei novas perspectivas de vida, novas amizades, novos sonhos.

Tudo mudou... É quase tudo.

Algumas pessoas continuam iguais, é o caso de minha mãe, Débora entre outros. A aparência mudou pouco, mais nada extraordinário.

Cinco anos desde que meu pai se divorciou da minha mãe, ele parece feliz ao lado de sua nova esposa e só agora minha mãe seguiu em frente.

No começo foi difícil, mas logo me acostumei, meu pai não me abandonou. Pelo contrário ele faz de tudo para me ver, sempre vinha ao Estados Unidos ou me convidava para ir a Espanha, fui duas vezes. Nunca gostei de deixar minha mãe sozinha.

Ganhei um ótimo amigo, e meio irmão Felipe. Ele é enteado do meu pai e nos somos um pouco próximos, nos falamos sempre.

Cinco anos bons. Conheci alguns amigos, fiz inimizades, e me formei no ensino médio.

Não quis entrar logo em um faculdade, optei por tirar um tempo para mim, descobrir o que realmente queira.

Foi bom, decidi seguir artes plásticas. Sempre tive o sonho de ir estudar em uma privilegiada universidade de artes plásticas na Espanha.

E a um mês recebi uma proposta para estudar lá, a universidade é maravilhosa e uma das mais importantes e famosas do mundo.

Além de Débora estudar lá, Debby conseguiu uma bolsa para cursar seu grande sonho: advogacia. Claro que eu amo a ideia de estar perto da minha melhor amiga, faz oitos meses que não a vejo pessoalmente.

Porém a um enorme impecilho nisso tudo.
Levy Carter, meu melhor amigo. Na verdade nem sei se ele é o melhor, ou se ele ainda me vê como a melhor.

Nos primeiros dois anos que ele se mudou para Espanha nossa amizade continuou a milhão, ele veio para os Estados Unidos três vezes e eu fui a Espanha duas, tudo parecia perfeito, a gente se falava todos os dias, contávamos nossa rotinas. Era maravilhoso.

Mas tudo na vida tem um fim.

As mensagens diárias, antes cheias de risos e histórias compartilhadas, minguaram para uma comunicação rasa, restrita a datas comemorativas.

Semanas se transformaram em meses, em seguida em anos, e agora as palavras trocadas entre nós se perderam no vazio do tempo. A amizade que uma vez foi minha âncora emocional agora flutua, à deriva. Levy parece ter seguido em frente, envolvido em novos amigos e experiências, enquanto eu permaneço ancorada nas lembranças de um tempo que já não é mais o presente.

Alice, minha mãe, percebe a mudança em mim. Escondo a dor no meio das pessoas, forço sorrisos que encobrem lágrimas que deixo escapar quando estou sozinha. A dependência emocional persiste, um fio delicado que me liga ao passado, mas que também me impede de seguir em frente.

Doce Amizade, Amargo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora