010 - caçador particular

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"Tentar manter tudo na paz é difícil pra mim"
Drake - God's Plan
Março de 2023

Barcelona, Espanha.

•Elisa Clark•

Dizem que o tempo cura todas as feridas, mais quanto maior é a perda mais profundo é o corte. E mais difícil é o processo pra ficar inteiro novamente. A dor pode desaparecer, mais as cicatrizes servem como lembrete do sofrimento. E o deixam preparado, para nunca mais ser ferido. Enquanto o tempo passa nós nos perdemos em meio as distrações. Agimos por frustração. Reagimos agressivamente. Entregamo-nos à ira. Durante todo o tempo tramamos, planejamos e esperamos ficar mais fortes. E sem que percebamos, o tempo passa e estamos curados, prontos para começar de novo.

Desligo a televisão, após a fala de Klaus Mickelson, meu personagem favorito na série. Já repeti essa cena tantas vezes que já até decorei. Fecho meus olhos em reflexão. embora o tempo possa eventualmente curar as feridas emocionais, o processo nem sempre é fácil.

A metáfora das cicatrizes é poderosa, pois mostra como mesmo após a dor ter desaparecido, as marcas permanecem como lembretes do que já vivemos. Elas nos tornam mais resilientes e menos propensos a sermos feridos da mesma maneira novamente.

Durante o processo de cura, podemos nos perder em distrações e agir impulsivamente por causa da dor que sentimos. No entanto, mesmo quando estamos distraídos ou agindo por impulso, o tempo continua a passar e o processo de cura continua a acontecer silenciosamente em nosso interior.

Sempre busquei reconhecer a importância do tempo em nossas vidas, e a confiar no processo de cura, mesmo quando parece lento ou difícil.
Assim como as feridas físicas cicatrizam com o tempo, as feridas emocionais também podem ser curadas com paciência, auto-reflexão e cuidado consigo mesmo.

Pena que demorei muito tempo para perceber isso.

"Oi" - Morgana diz me tirando do meu transe.

"Oi" - respondo sorrindo.

"Você tá bem?" - pergunta parecendo preocupada - "você parece meio, distante".

"Estou bem" - sorrio fraco.

"Ah" - retribui o sorriso - "podemos nos conhecer melhor, o que acha?" - pergunta. Balanço a cabeça concordando e ela sorri animada.

"Bem eu sou a Morgana Villas, sou estudante de artes plásticas e namoro o Felipe, tenho vinte dois anos e nasci nos Estados Unidos. Minha cor favorita é vermelho, tenho um pet chamado Kowalski e gosto de teatro. Meus pais são casados há trinta anos e tenho dois irmãos um de vinte e cinco, e um de catorze" - diz sorrindo.

Respiro fundo e começo a falar.

"Eu sou a Elisa Clark, sou estudante de artes plásticas. Tenho vinte e um, nasci em fevereiro e nos Estados Unidos, minha cor favorita é verde, tenho um gatinho de estimação chamado Damon, e gosto de ler. Meus pais são divorciados, e tenho um irmão de consideração" - falo.

"Quais livros você gosta de ler?" - pergunta.

"Romance" - digo.

Eu amo romance, principalmente os dark, com maduros, stalkers, bad boy sarcásticos ou demônios psicopatas.

"Também curto" - fala animada.

Doce Amizade, Amargo AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora