Doce Amizade, Amargo Amor

014 - crianças

"eu sou mesmo exagerado"
Exagerado - Cazuza.
Março de 2023

Barcelona, Espanha

ELISA CLARK

Me espreguiço naquele colchão macio.

Pisco até me acostumar com a luz, lembranças de ontem tomam minha mente, lembro que estou na casa do Levy.

Me levanto indo até o banheiro, onde tomo um banho e visto a roupa que usei ontem.

Olho o relógio e já são nove da manhã. O sol entra pelas janelas e aproveito para prestar atenção nos detalhes do quarto. É tudo muito luxuoso.

Abro a porta devagar e sigo até a escadaria que dá a sala.

Estou andando quando tomo um susto ao ver uma senhora.

"Bom dia" - ela diz educadamente.

"Bom dia, o Levy já acordou" - pergunto.

"Ainda não" - responde com um sorriso.

"Prazer eu sou a Elisa" - me apresento e ela gentilmente estende a mão para um aperto.

"Eu sou Matilde, sou governanta e cozinheira da mansão" - informa.

A campainha toca e a senhora vai em direção e a abre. Logo uma mulher alta, corpo escultural e pele perfeita adentra. Ao seu lado duas crianças fofas, quais eu reconheço serem as da foto no porta retrato.

"Mamãe, oia a mulier da fotinha no quarto do papai" - a linda menininha de cabelos pretos e olhos verdes diz apontando para mim.

A mulher ergue os olhos para mim, e solto um sorriso falso e se vira para Matilda.

"Avise para o Levy que eu tive que adiantar a viagem e eles terao que ficar com ele" - diz e caminha até a porta.

Ligo os pontos e tomo um choque, Levy é o pai dessas criaturinhas fofas.

Por que ele escondeu isso de mim? Como ele teve essa coragem? Por isso ele sumiu?

De todas as possibilidades que explicassem o afastamento que tivemos, essa foi a única que nunca passou pela minha cabeça.

Me sento no sofá. Estou tão surpresa que mal consigo me mecher.

Saio do meu transe quando aquelas duas fofuras se aproximam de mim.

"Moxa, a sinhola é o namolada do papai" - o menino pergunta. Observo seu rosto e encontro semelhanças com o Levy. Ele é muito bonito e fofo, da vontade de apertar.

"Não meu bem, eu só sou amiga dele" - digo.

"Blinca com a genti" - a menina pede com os olhinhos verdes cheio de alegria.

Penso por um instante. Algo dentro de mim diz que eu deveria estar irritada pelo fato do Levy ter escondido isso de mim, a outra metade está encantada e com vontade de conhecer mais sobre esses dois anjinhos.

"Claro que a titia brinca" - digo e eles dão pulos de alegria.

"Como é o seu nominho?" - perguntam ao mesmo tempo.