Capitulo 16

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Acordei sem nem saber onde eu tava, como fui parar ali.
Era uma sala escura, fechada e com tanto pó que eu mal conseguia respirar.
A sala não tinha nenhuma janela, não tinha ventilação, só tinha uma portinha de onde saia um pouca luz pela fresta da porta.
Tentei levantar mas minhas pernas estavam amarradas com uma corda, tentei mexer minhas mãos e também estavam amarradas.
Eu acho que nunca senti tanto medo assim na vida, eu sabia que eu tava ali por um dos dois motivos: quem mantou os meus pais tambem queria me matar ou era algo relacionado a favela.
Meu irmão sempre falava que as pessoas poderiam me fazer mal por ser fácil de atingir ele.
Mas agora, eu acho que meu irmão nem ligava mais pra mim, ele nem deveria saber onde eu tava e nem queria saber.
Meus pensamentos se dispersaram quando a luz foi acesa pelo lado de fora da porta e logo a porta se abriu.
Meus olhos foram tentando se acostumar com a luminosidade e o Gustavo entrou no quarto com um homem mais ou menos 48 anos, com barba e cara de mau.
- Ora, veja se a ninfeta não acordou.
- Onde eu to Gustavo? Me tira daqui!
- Ele não vai te tirar daqui, ninguém vai, nem seu irmão, nem o D2 e nem porra nenhuma.
- EU QUERO SAIR DAQUI
- Pode gritar, ninguém vai te ouvir.
- O que você quer comigo aqui?
- Muita coisa.
Ele começou passar os dedos pelo meu rosto e eu só queria vomitar nele.
Eu olhava fixamente pro Gustavo e não entendia ainda como ele tinha feito isso comigo.
- Já avisei seu irmãozinho que você está aqui. Quero ver o que ele tem pra me oferecer em troca do cadáver da irmãzinha dele.
Ele saiu e fechou a porta.
Não sei quanto tempo fiquei ali, perdi a noção do tempo. Provavelmente fiquei sem ver ninguém durante dois dias e meio, sem comer ou beber. Eu já tinha certeza que eu morreria, mas pedia baixinho pra morrer logo, de um jeito que não doesse tanto, pra que eu pudesse encontrar meus pais e ver se existia realmente o paraíso.
A luz acendeu e meus olhos arderam pela luz que eu deixei de ver por um longo tempo.
Era o Gustavo.
- Eu trouxe comida.
Ele desamarrou meus braços e comecei comer igual um índio, com as mãos e minha fome era tanto que até esquecia da raiva que eu sentia dele e por ele ter feito aquilo.
Assim que acabei de comer e beber absolutamente tudo que ele trouxera pra mim, limpei minha mao na minha roupa e fiquei encarando ele.
- Não me olha assim.
- Por que você fez isso?
- Manu... Eu... Eu não poderia fugir disso, aquele homem, era meu pai, dono dessa favela que você tá e tudo isso vai ficar pra mim quando ele morrer, só que antes disso, ele quer a favela do D2 e eu só fui pra lá pra observar o ponto fraco, observar como poderia fazer ele entregar a favela pra mim, e eu achei. Você. E me apaixonar por você foi uma porra, mas eu tinha que fazer isso.
- Gustavo, me tira daqui... Por favor.
- Ora ora.. Tentando convencer meu filho? - disse o homem quando entrou no quartinho.
Eu fiquei quieta, a presença dele me causava calafrios..
- Hora de ligar pro seu irmãozinho..
No primeiro toque ele atendeu.
- Seu filho da puta, eu quero falar com a Manu.
- Fala com ele, vagabunda.
- Matheus..
- MANU, VOCE TA BEM? A GENTE VAI TE TIRAR DAÍ
- Não Matheus, eles vão me matar antes. Eu sei.
Minha garganta já dava um nó.
- Que comovente esses irmãos. - ele disse e desligou na cara do Matheus.
Fiquei encarando ele ate ele sumir do quarto com o Gustavo e antes da luz se apagar, a porta abriu de novo, e.. Era a Karen.
Ela estava ali somente para uma coisa: me bater. E pelo tanto de vezes que provoquei ela, já percebemos o quanto eu apanhei....

Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora