O fim de uma história e o começo de outra

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Era hoje, hoje era o meu dia.
Eu rolava na cama e sentia inteira minha pele arrepiada.
Quando deu 4h30 desisti de dormir e levantei da cama. Sentei no sofá e fiz um cha de hortelã e tentei lembrar de tudo o que eu tinha passado e realmente um livro, cheio de emoção, de tapas e beijos.
Comecei pensar que todo mundo precisava de um amor igual ao meu e do D2.
Quando deu 7h minha mãe e a Gabi desceram fazendo festa e com as crianças no colo. Eles não se largavam, eram três grudes.
— Madrugou amiga?

— Nem dormi.

— Eu também não dormi direito. To tao ansiosa.

Peguei as crianças e fui dar café da manhã pra elas e logo meu irmão chegou pra me levar no salão.

— Por que ta com essa cara bocó?

— Nada

— Fala, eu te conheço.

— Não acredito que tu ta casando pô.

Comecei rir muito

— Nem eu...

Ai ficou aquele climão no carro

— Você quer desistir?

— Não, claro que não.. É só que eu tenho medo do D2 fazer as mesmas coisas de quando a gente namorava...

— Desde que ele perdeu você e a Cecilia, ele mudou, é outro cara. Valoriza ele e esquece o que passou. Agora é bola pra frente. Tu tinha que voltar logo pra essa favela pra por moral nessas mina daqui.

- QUE?

— Eita, falei demais. Elas ficam doidas em cima dele e ele manda elas vazarem. O cara ta mó responsa.

Começo dar risada.

— Te vejo mais tarde?

— Sim senhora. Aproveita seu dia.

— Não esquece de trazer a mamãe, a Gabi e as crianças.

Entrei no salão e logo meu cabeleleiro veio correndo me abraçar e me dar os parabens pelo casamento e me levar numa salinha só pra mim onde tive direito a tudo, banho de banheira, masssagem, comi tanto que fiquei até com medo do vestido não fechar.

Nesse meio tempo a mamãe tinha chegado com as crianças e a Gabi, se arrumado e estavam indo pra igreja.

Comecei ficar mais nervosa ainda quando meu penteado ficou pronto e as meninas do salão fecharam meu vestido. Quando me olhei no espelho quando desmontei de chorar, mesmo com todo mundo brigando comigo pela maquiagem.

Assim que sai da salinha e o Matheus me olhou, ele começou chorar tambem e eu comecei gargalhar da cara dele

— Que foi po?

— Você chorando.

— Ah, qual é Manuela, tu é minha menininha caralho, num to acreditando mano, deram um jeito nessa tua cara feia.

Comecei a rir e o abracei forte e fomos pro carro. Eu estava mais de 40 minutos atrasada e o D2 ligava a cada 3 minutos pro Matheus pra saber se ele ja estava comigo e eu não tinha fugido. Então o Matheus começou ir mais devagar e passar por caminhos que dava muito mais volta.

— Vamos Matheus!!!

— Quero aproveitar os ultimos minutos com você sendo só a minha irmã, não sendo a noiva da festa.

Comecei rir e liguei o som que logo começou tocar "Ana Julia" dos Los Hermanos e nós começamos cantar muito alto, como fazíamos com uns 12 anos.

Assim que cheguei na igreja e minha mãe viu o carro parado, ela soltou um suspiro aliviado. Acho que realmente todo mundo estava contando que eu ia ir embora e o D2 ia ficar plantado no altar. Inclusive eu estava doida pra ver a cara dele, que deveria estar querendo me matar e cortar em pedaços.

Sai do carro com a ajuda da Gabi e da minha mãe, porque meu deus, aquele vestido era enorme e eu mal conseguia respirar nele (comecei repensar em tudo o que eu comi naquele salão, deveria ter ficado só no suquinho de limão). As crianças estavam correndo de um lado pro outro e logo a Gabi entrou correndo pra avisar que eu tinha chegado.

Minha mãe com os olhos cheios de lagrimas me deu um beijo na testa disse que me esperaria lá dentro.

O Matheus segurou meu braço e sorriu pra mim, eu peguei meu buquê e fui indo em direção da entrada da igreja. Quando a marcha começou tocar, eu tremia mais que vara verde, e antes eu, que estava cheia das gracinhas, comecei ficar nervosa e chorona.

Assim que a porta se abriu e o D2 me viu, ele fez uma cara enorme de alivio e eu sorri pra ele e a primeira lágrima escorreu pelos meus olhos. Eu não continha meu nervosismo, tanto é que eu tremia mais que tudo segurando aquele buquê de rosas vermelhas.

Fui passando e cumprimentando as pessoas que estavam lá. Alguns amigos antigos da familia em que podíamos confiar, outras pessoas amigas do D2 da favela, que tinham virados meus amigos de coração. Vi a vovó e o vovô no altar do lado da minha mãe e sorri. Vi todos meus padrinhos, madrinhas e meus filhotes lindos naquelas roupinhas de casamento.

Assim que cheguei ao altar, o Matheus beijou minha testa e abraçou o D2, disse pra ele cuidar bem de mim se não ele "enchia ele de bala", e isso naturalmente espantou o Padre, eu dei uma tossidinha pra disfarçar e o D2 pegou na minha cintura e sussurrou: "Eu tava achando que não iria vir, eu ia te matar sua desgraçada. Eu te amo"

A cerimonia foi muito emocionante, tanto é que minha mãe ia me dar lencinho todo segundo com medo de estragar a maquiagem, e sempre que ela chegava perto o Padre parava e olhava feio pra ela, e eu começava rir porque era hilário e o D2 cutucava bem na minha costela com aquele cotovelo enorme pra eu parar.

Só consegui parar de chorar quando o Padre finalmente disse "Então vos declaro, marido e mulher, até que a morte os separe" e ali eu sabia que tudo tinha mudado, que agora ia ser pra sempre.

Assim que saímos da igreja, fomos pro salão de festa onde começamos aquela coisa clichê de cumprimentar todos e toda aquela retrospectiva, mas finalmente a minha hora favorita ia começar. A pista tinha sido liberada e eu ia seguir pra la assim que achasse a Cecilia, o Ricardo e o Lorenzo.

Chamei o D2 pra me ajudar a procurar aquelas três e os encontramos la fora, onde a Cecilia tava chorando, o Lorenzo e o Ricardinho estavam emburrados. Comecei pensar que aquelas pestinhas com 3 anos eram a coisa mais linda do universo.

- O que houve amores?

- Mãe, eu fui beijar o Ricardinho e o Lorenzo não deixou.

- Mas tia, eles não podem se beijar. - disse o Lorenzo com cara brava, engolindo o choro.

- Claro que eu posso - disse o Ricardo

- Por que eles não podem se beijar Lorenzo? - disse o D2 rachando de rir da situação

- Tio, eles iam se beijar na boca, igual você e a tia fazem.

- Hoje foi meu casamento com o Ricardinho, mãe. - Disse a Cecilia

Eu só olhei pro D2 meio assustada e ele me olhou com a mesma cara. Meu Deus. Estávamos com um problemão pela frente.











Quero agradecer a todas as leitoras pela paciencia, mas finalmente a história da Manu e do D2 acabou assim, eles mereciam um final feliz.

Mas agora, tem outra história a ser contada. Vocês já devem saber qual é.

INICIO DA SEGUNDA TEMPORADA 01/06/2016

"Me apaixonei pelo filho do dono do morro"

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❤️

Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]Where stories live. Discover now