Capítulo 38

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Eu não sabia o que fazer, mas como mãe, eu tinha que fazer algo.

A Monique tinha levado minhas crianças por vingança, e agora eu e todo o morro, praticamente, estávamos grudados no telefone esperando que ela ligasse pra pedir algum tipo de recompensa ou algo do tipo.

Se passaram mais de 36 horas desde que eles sumiram e nada, eu queria ir correndo pra policia, mas com o filho do morro desaparecido, a policia não seria nosso melhor aliado, aliás, só iria atrapalhar.

Eu não conseguia dormir, nem os calmantes que o D2 insistia em me dar faziam efeito, eu só sabia chorar.

Eram 3 da manhã, o D2 e o Matheus estavam andando de um lado pro outro e a Gabi tinha ido dormir com o Lorenzo, até que meu celular começou a vibrar.

"Soube que você quer sua filha de volta, mas terá que vir buscar, vem só você e o D2,não quero ter que matar essa pirralhinha nojenta"
Li e reli umas 5 vezes pra ter certeza que eu não tava ficando louca por causa do sono. Essa filha da puta tinha acabado de me mandar uma mensagem na MAIOR CARA DE PAU, era só o que me faltava..
Mal expliquei pro D2 e pro Matheus o que tava acontecendo, só mandei o D2 dirigir ate a porra do barraco onde ela estava com as minhas crianças, eu tremia mais do que tudo porque eu não sabia o que esperar.
- Eu vou entrar primeiro, se eu demorar mais de 15 minutos você chama a polícia.
Olhei pra ele incrédula.
- Eduardo, eu vou entrar com você, meus filhos estão lá, e chamar a polícia? Você é burro? Eles vão te prender na hora, num fode!
- Você não vai entrar.
- EU VO ENTRAR SIM, PARA DE SER MACHISTA.
- EU NÃO TO SENDO MACHISTA CARAI, EU SÓ NÃO QUERO PERDER VOCÊ, NÃO DE NOVO PORRA!
Aquilo parecia um tiro no meu peito, puta merda.
Eu não tinha nem forças pra sorrir milimetricamente pra ele, porque a dor que me consumia não me deixava mais raciocinar, olhei pra ele e ele entendeu, ele entendeu o quanto eu amava ele.
- Vamos?
Ele fez que sim com a cabeça e me deu uma arma, em qualquer outra circunstância eu ia recusar, mas agora, a minha vida e das pessoas que eu mais amo estavam em jogo, por eles eu era capaz de qualquer coisa.
Coloquei a arma na minha cintura e ele segurou a dele.
Descemos do carro e puta merda, estava um breu enorme.
As portas do barraco estavam caindo aos pedaços e não foi dificil pro D2 chutar tudo, mas antes ele sorriu e falou "eu te amo morena", me forcei a sorrir pra ele.
Assim que aquelas portas foram pro chão, tudo estava escuro.
Pensei "só essa que me faltava, um endereço falso" mas alguns passos a frente, vi um fecho de luz passar entre uma porta safonada.
O D2 passou na minha frente e abriu a porta.
Quando vi a Cecilia e o Ricardo dormindo tranquilos, meu coração acalmou, embora alguns roxinhos espalhados pelo corpo dos dois, eu sabia que eles estavam vivos.
- Ora se não é meu casal favorito.
-Para de ladainha Monique, devolve meus filhos porra.
- Primeiro, você vai jogar essa arma no chão, não queremos ver o filho de vocês sofrendo né? - disse o coligado do D2.
O D2 jogou a arma no chão e levantou as mãos.
- Mas você achou que ia me trocar e ia sair feliz dessa? - disse a Monique - Essa garotinha é tao linda, pena que vai ficar sem mãe.
O D2 olhou pra mim e eu olhei pra ele.
Não demorou muito pro coligado do D2 apontar a arma na minha cabeça, sentir aquele metal frio no meio da minha testa me causou arrepios. Quando ele destravou a arma, eu tive certeza que eu iria morrer naquele instante.

Só queria tirar meus filhos dali, nem que isso me custasse a vida. 

Respirei fundo e deixei uma lagrima cair, o D2 estava pregado não chão, nunca tinha visto ele tão sem reação, e sinceramente, o que tava rolando ali ele tinha feito muitas vezes, matado alguém, então eu percebi que pra ele ficar sem reação naquela situação, era porque ele realmente me amava. 

A Monique, percebendo que ninguém fazia nada, começou a provocar pra ver se eu me descontrolava e levava um tiro daquele robô capacho de Monique, eu estava controlada, até que ela começou beijar o D2, acho que nem o coligado do D2 esperava isso, porque nos segundos que ele dispersou pra olhar a Monique tascando um beijo no D2, eu lembrei das táticas que meu pai me ensinou quando eu era menor pra me defender de alguém que fizesse qualquer coisa comigo quando ele não tivesse por perto.

Primeiro pronto fraco do homem? Partes baixas, e foi exatamente lá que eu chutei, mesmo sabendo que podia dar errado, mesmo não sendo a melhor atitude pra tomar com um cara com a arma literalmente na tua testa. Mas eu chutei mesmo assim.  E graças a Deus, como esperado, ele caiu no chão e eu tirei a arma da mão dele.

- Até parece que você tem coragem de atirar em alguém - disse ele sorrindo enquanto a Monique tentava pegar a arma que o D2 tinha jogado no chão.

Eu tremia mais do que vara verde, nunca tinha tremido tanto na vida, mas sabia o que fazer, olhei pro D2 meio que pra pedir ajuda ou pra saber se eu realmente poderia fazer aquilo, se eu não seria um monstro ou se ele iria me julgar por isso. Em um movimento milimetrico ele assentiu com a cabeça. 

Nesse meu momento de "fragilidade" em que tentei buscar apoio no D2, aquele filho de uma puta levantou e logo veio me dar uma rasteira. Eu cai de costas no chão e quando eu vi, a Monique já tava com a arma na mão apontada pra mim

Agora era aquela lei da sobrevivência que minha professora de biologia dizia, ou eu matava, ou já era, ia direto pro céu.

Sem pensar muito atirei a primeira vez no peito do coligado do D2, e a segunda, e a terceira vez e finalmente ele caiu. Eu comecei tremer igual doida, eu nunca pude me imaginar matando alguém.

Fechei meus olhos e senti a adrenalina correr pelo meu corpo.

Aqueles tiros, obviamente fez com que as crianças acordassem e começassem a chorar como desesperada.

Vi a Monique vindo em minha direção, com aquela arma, e a unica diferença entre as duas é que ela não tremia segurando aquilo, mas eu tremia mais que tudo. 

O D2 só conseguia me olhar, não sei se apavorado, ou impressionado com o que tinha acontecido, mas ele estava ali, sem saber o que fazer e eu não sabia decifrar a expressão dele.

Quando a Monique puxou o gatilho e eu vi que ali não tinha bala nenhuma olhei pro D2 sem entender nada e ele tentou expressar um sorriso vitorioso que só ele sabia dar. Ela olhou pra ele furiosa e demorou alguns segundos até que eu conseguisse assimilar que ele tinha feito tudo isso propositalmente porque ele sabia que eles tirariam a arma dele.

Mas por minha vez, eu não conseguia atirar nela, ela era mãe do Ricardo, ele era uma criança adoravel e eu não queria ser responsável disso, ela ficou esperando eu atirar nela e quando ela viu que eu não tinha coragem suficiente pra isso, voou pra cima da arma e a gente começou numa luta pra ver quem conseguia pegar ou atirar primeiro.

Ela não parava de falar coisas como "você vai pagar por ter roubado a minha familia, o meu lugar" e outras coisas completamente desconexas, eu quase não entendia e estava ficando cada vez mais fraca pra segurar aquela arma.

De repente, escuto três tiros e paraliso, não sei se pelo medo, ou pela adrenalina imensa que percorria meu corpo. Olhei pro D2, olhei pra Monique e quando vi aquela poça enorme de sangue nos meus pés não sabia direito o que tinha acontecido.

Só consegui assimilar que o sangue não era meu, quando a Monique caiu no chão e eu fiquei inundada em tanto sangue.

Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]Where stories live. Discover now