Capitulo 17

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Não sei como eu aguentei, aliás, não sabia ate quando ia aguentar isso.
Aquele dia eu apanhei muito e mal pude me defender. Meu corpo esta todo dolorido e cheio de roxos por toda parte e já perdi a conta de quantas vezes tentei soltar essa corda que está deixando meus pulsos roxos.
Adormeci com a ideia de que dormir seria mais fácil, talvez eu não acordasse ou não sentisse quando me matassem, porque eu sabia que eles queriam entregar minha cabeça (literalmente) pro D2 com o fim de ganhar aquela porra de favela.
Acordei não sei quanto tempo depois com tiros, vários tiros e eu não sabia o que estava acontecendo, tipo, eu sabia que provavelmente era o D2 mas não se eles iam me achar ou coisa do tipo e se o pai do Gustavo chegasse até mim, antes do meu irmão, eu já sabia o que iria acontecer.
Meu desespero pra soltar aquela cord era maior do que tudo, até que a lu acendeu e eu tive que fechar os olhos porque eu estava sem ver a luz fazia quanto tempo? Três dias? Três horas? Não sei.. Mas parecia uma eternidade.
Assim que minha visão começou se ajustar com o ambiente, vi que era o Gustavo e ele me encarava de um jeito diferente, tipo, pedindo perdão.
Logo ele começou soltar meus braços e minhas pernas.
- O que você ta fazendo?
- Consertando meu erro. Eu nunca deveria ter feito isso e olha como você tá.. toda roxa...
- O que ta acontecendo?
- Seu irmão ta invadindo a favela, e eu preciso sair daqui, vou te entregar pra ele e dar o fora. Deu pra juntar dinheiro por um tempo e agora vou pegar um vôo pra mais longe possível. Já fiz muito mal aqui.
Eu não sabia o que falar, nem forças pra levantar eu tinha.
Ele me pegou no colo e saiu me andando pela casa, aliás, era enorme e eu me perderia ali dentro se quisesse fugir.
- Você ta com medo?
Fiz sinal positivo com a cabeça.
- Eu só vou te soltar quando te deixar nos bracos do Matheus.
- E eu posso confiar em você?
- Pode, eu amo você garota.
- Quem ama não faz o que você fez.
- Eu sei.
Antes que ele pudesse falar mais alguma coisa, os tiros ficavam cada vez mais perto de nós.
Ele saiu da casa e ficamos nos escondendo em alguns becos e logo eu pude ouvir a voz do meu irmão e meus olhos inundaram de água.
Mesmo brigando, mesmo nos matando, ele ainda era meu irmão e eu me puni em pensamento por achar que ele me deixaria nessa hora.
Eu queria levantar e sair correndo atrás dele,mas tive que esperar o Gustavo.
Assim que os tiros foram parando, o Gustavo me ajudou a levantar e me levar ate onde o D2 estava com o meu irmão e praticamente a favela inteira.
Foi um choque pro Matheus me ver ali, toda roxa, descabelada, magra e acabada, com olheiras de sono, com a boca inchada de apanhar mas eu tava ali e viva.
A única reação do meu irmão foi sair correndo e me abraçar, e eu achei que ele ia me quebrar em pedaços porque ele não me largava.
- Matheus, a gente tem que ir embora...
Eu olhei pra ele e ele assentiu, assim que virei as costas, escutei um tiro.
Quando olhei pra trás vi o Gustavo caido no chão... E o pior: quem tinha atirado era o próprio pai.
Eu morri de dó do Gustavo, mas eu não tinha nem condições físicas de me deslocar até ele e pelo pouco que vi, o tiro tinha sido certeiro.
Meu irmão me levou pra casa e o D2 ficou lá pra acabar a invasão do morro com os outros vapores.
Cheguei na casa do meu irmão e tudo estava organizado
Fui tomar banho e precisei da ajuda do Matheus, eu estava muito fraca. Não trocamos nenhuma palavra, só consegui me acalmar assim que deitei na minha cama , ali eu sabia que estava segura.
- Matheus, eu to com fome.
Ele sorriu e foi fazer algo pra eu comer, acho que adormeci e só me dei conta quando a Gabi, o D2 e meu irmão estavam sentados no chão do meu quarto.
Acordei meio assustada.
- Calma amiga, acabou.
Quando a Gabi disse isso e me abraçou, eu só conseguia chorar..
Logo que me acalmei, comecei comer tudo o que o Matheus trouxe pra mim.
Frutas, lanche, suco, bolacha... Tudo.
- Me conta como foi lá, Manuela - disse o D2.

Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]Where stories live. Discover now