Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]

Capítulo 29

Quando vi eles na minha sala, mal conseguia acreditar e só me restava ir correndo abraçar eles. Abracei tão forte meu irmão, que sentia meu corpo doer. Abracei a Gabi tão forte que fiquei com medo de ter machucado ela. Eu estava tão feliz que eu mal conseguia falar.

Peguei o Lorenzo no colo e a Gabi pegou a Cecilia, e ficamos conversando sobre tudo, sobre como nossa vida mudou, como tudo era diferente agora. O Lorenzo era a cara do meu irmão, não tinha como falar que não era filho dele e por sua vez, a Cecilia tinha a cara do D2 e a Gabi só sabia comentar isso.

- Soube que ele veio aqui.. - disse meu irmão

- É...

- E você mandou ele embora..

- É...

- Você não acha que ta sendo um pouco rude demais? Tipo, quero dizer, ele errou, eu sei, mas ele também ta acabado. Passou meses e ele só sabe estragar ele.

- Ele tem um filho da Monique pra cuidar.

- E tem o seu também..

- Matheus, você queria que eu fizesse o que?

- Olha, o cara errou beleza? Mas ele fez de tudo TUDO pra você, ele se arriscou vindo aqui, ele deixou o morro sozinho pra vir atrás de você e quando você mandou ele embora, ele chegou no morro querendo desistir de tudo, mas a Monique não deixou porque ela tá do lado dele só pra ter status e se você quer saber, o filho provavelmente não é do D2. Acho que ele errou, mas se você amasse alguém e essa pessoa tivesse morrido e do NADA voltar, você não ia ficar balançada? Nisso foi que ele pecou, ele pegou a Monique, mas foi a pior escolha dele.

Eu fiquei parando pra pensar que em nenhum momento eu tinha pensado nele e no que ele sentia.

- Fora que você mentiu pra ele falando que tinha perdido o bebê né? Tudo bem que você queria proteger sua filha mas não pensou na dor que ia causar nele né? Quando ele veio atrás da gente pra perguntar se era verdade, ele tava sem chão amiga, ele só se culpava por isso, porque ele queria ter um filho com você e não com aquela vibora. - disse a Gabi.

Eu fiquei quieta porque eu sabia que tudo o que eles estavam falando era a verdade. E por mais que eu tenha sido a maior prejudicada nisso, eu nunca tinha se quer parado pra pensar em tudo o que acontecia no Brasil, eu só conseguia pensar em sentir a minha dor sozinha.

- Esses dias a Gabi saiu no tapa com ela - disse o Matheus rindo

- Por que? - Comecei rir

- A gente foi visitar o D2 né, porque desde que eu assumi o outro morro, a gente não fica tão proximo assim, e ela tava lá... 

- Ai ela veio perguntar quem tinha me chamado amiga, TIPO OI? Ai a gente começou brigar e eu chamei ela de vagabunda e ela ficou ofendida, vocÊ acredita? Eu achei que ela realmente já soubesse que ela era vagabunda - disse interrompendo o Matheus - Ai eu não aguentei, dei o Lorenzo pro Matheus e sai na porrada com ela.

Comecei e rir e pensar na cena. A Gabi não prestava mesmo.

- Você não presta amiga.

- Eu sei. - disse toda orgulhosa

Eu dei risada

- Mas e o filho dela? 

- Ah, ela teve ele prematuro, ai ficou uns meses no hospital, mas agora ele ta bem. É um menino, um mês mais velho que a Cecilia. 

- O D2 deve ter ficado louco por ele.

- Ele ficou, ele odeia a Monique, quase se espancam, mas o Ricardo é o amor da vida dele.

Comecei a rir e imaginar como o D2 deveria ser como pai.

Começamos fofocar sobre as pessoas, sobre nossas vidas, sobre meus relacionamentos falidos que eu tive aqui. Sobre como a vovó melhorava cada vez mais com as quimioterapias e como era gostoso o ar da California e como eu queria morar aqui pra sempre. Chamei eles pra morarem comigo mas o Matheus não conseguia pensar em como era deixar o morro.

Logo a vovó serviu o almoço e meu irmão e ela começaram conversar tão animados, meu avô estava tão feliz que eles estavam ali, com o bisneto dele que mal cabia em si.

No final da tarde, resolvemos ir a uma praia e eles estranharam tanto não ter areia que mla queriam entrar na praia, mas com aquele tempo delicioso, não deu pra resistir. Aquele dia rendeu várias fotos e risadas e eu pude olhar pra Cecilia e pensar que ela é uma sortuda por ter eles como padrinhos.

- O que você ta pensando? - disse o Matheus

- Em como nossa vida mudou nesses ultimos dois anos.. Eu não ia nunca imaginar que eu ia ficar grávida com essa idade, EU? Você eu e a mamãe até esperávamos, mas eu?

Ele riu

- Realmente, o papai teria te matado se estivesse aqui, matado duas vezes, por engravidar tão nova e por engravidar de um "mau elemento" - disse ele rindo

Eu dei risada com ele e ele bagunçou meu cabelo e pegou a Cecilia do meu colo e logo ela já estava dormindo.

Eles foram embora na manhã seguinte, e eu comecei a realmente cogitar a ideia de voltar pro Brasil novamente.

Minha avó estava bem, meu avó estava feliz e eu só tinha que esperar a Cecilia ficar um pouquinho maior pra poder viajar com ela.

Quando dei a noticia pros meus avós, eles ficaram chateados lá no fundo, mas sabiam que eu tinha que seguir minha vida.

(...)

Seis meses se passaram, minha Ceci estava a coisa mais linda, tinha olhos enormes e havia poucas semanas que ela começara a gargalhar. Não tinha como não se apaixonar por ela. 

Eu tinha acabado de colocar ela no berço e estava acabando de arrumar minhas malas pois amanhã eu já estaria indo pro Brasil.

Quando contei pro meu irmão ele quase não tinha acreditado, ele tinha logo se disponibilizado pra dar a casa dele pra eu morar. Mas eu não queria atrapalhar a intimidade dele e da Gabi e pedi pra ele procurar uma casa no morro pra que eu pudesse alugar. Ele, obviamente, não me deixou alugar, mas procurou uma casa pra mim e tudo já estava pronto pra eu morar.

Com as minhas malas prontas, fui pro banho, pensando em como seria voltar pra lá.

Logo adormeci e acordei no outro dia, mais ansiosa que nunca. 

Quando meus avós me deixaram no aeroporto com a Ceci, seus olhos estavam inundados por lágrimas. Eu só pude agradecer eles e implorar pra irem me visitar. 

Assim que entrei no avião, eu tinha a certeza que estava fazendo a coisa certa. Que eu tinha que voltar e viver minha vida aqui. Com ou sem o D2, porque dessa vez, eu tinha cansado de fugir de tudo o que me deixava triste, me abatia.. Eu queria viver a minha vida.