Capítulo 31

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Eu não sabia bem o propósito dele me levando pra lá, ele queria que eu me sentisse culpada ou algo do genero? Porque lembrar dos momentos que eu passei ali com ele, só tava me arrasando.

Assim que sai do carro, ele me pegou forte pelo braço e saiu praticamente me arrastando pra dentro da casa.

- Me solta que você ta me machucando, que saco!

- É pra machucar mesmo Manuela.

Assim que eu entrei na sala, ele praticamente me jogou em cima do sofá e ele olhava pra mim com tanta raiva que eu não reconhecia ele. Ele ficou alguns minutos andando de um lado pro outro, provavelmente pensando no que falar.

- VOCÊ TEM NOÇÃO DO QUE VOCÊ FEZ?

Eu parei de encarar ele e comecei olhar pros lados, fingindo que nem estava ouvindo. Ele se abaixou na minha frente e segurou meu rosto me forçando a olhar pra ele.

- VOCÊ MENTIU PRA MIM MANUELA? EU TINHA DIREITO DE SABER DE TUDO, MESMO VOCÊ NÃO QUERENDO PORQUE ATÉ ONDE EU SEI, UM FILHO NÃO SE FAZ SOZINHA NÉ? Eu fiquei aqui, arrasado pensando que eu era o culpado por isso, um ano pensando como seria a minha vida se eu fosse pai de um filho seu e eu tentava me convencer todo dia que essa porra ia passar, mas não passava. Eu não ficava bem porque eu só queria ficar perto de uma mina que mentiu pra mim, que não foi mulher o suficiente pra aguentar as paradas aqui e se mandou pro caralho do mundo. Eu dei um peao desgraçado pra ir atrás de você e ali você tava ainda gravida e não me contou nada e o idiota aqui voltou pra cá mal pra caralho porque tu só pensou em você. E eu não sei o que fazer agora mané, porque eu to com tanta raiva de você que se eu ficar muito perto, eu te arrebento inteira.

Eu fiquei quieta vendo ele falar sem parar, deixando ele desabafar tudo, porque eu sabia que no fundo, ele só tava confuso.

- Tu vai ficar me olhando com essa cara de idiota ou vai me responder?

- Você queria que eu fizesse o que? Ficasse aqui pirando cada segundo que eu te visse porque eu simplesmente tinha sido traída pela pessoa que eu mais confiei? A pessoa que eu mais amava? Queria mesmo que eu criasse minha filha no meio de uma favela? Pelo amor de Deus, eu quero outro futuro pra Cecilia. Eu não quero que ela passe o que eu passei naquele lugar, eu queria o melhor pra minha filha e eu pensei nisso quando eu menti pra você, quando eu fui embora. Eu posso não ter sido mulher pra enfrentar as coisas, mas tu não foi homem pra não fazer. E se você quer saber, eu não me arrependo de nada do que eu fiz, porque se fiz foi o melhor pra minha menina. E eu não sei porque você ta falando assim comigo, porque eu não sou suas vagabundas que abaixam a cabeça quando o "dono do morro" engrossa a voz, porque eu não tenho medo de você, nunca tive e não é agora que eu vou ter. Eu também não to te pedindo nada, não to pedindo pra construir uma familia linda, com uma casa amarela e uma cerquinha branca, eu não to pedindo nem que você veja a Cecilia, porque ela é a MINHA FILHA, e se você ta se sentindo tão triste por não ser pai, vai atrás daquela vagabunda da Monique porque até onde eu sei, ela sim te deu um filho. - Levantei do sofá e olhei pra ele - Agora se você me da licença, eu tenho que ir embora porque eu tenho minha filha pra cuidar.

Eu sinceramente achei que por um momento ele realmente ia me deixar ir embora, porque ele ficou tão transtornado com tudo o que eu disse, que mal saia do lugar e o que eu menos queria era ter uma recaída de D2 na minha vida.

Um pouco antes de chegar na porta, ele entrou na minha frente, não me deixando passar.

- Aonde você pensa que você vai? Ta maluca? Ainda não terminei meu papo com você não caralho.

- Pode parar de botar banca que comigo isso não pega.

- Quem te disse que é você que decide se eu vou ver a menina ou não?

- Primeiramente, a menina tem nome. É Cecilia e a partir do momento que o seu nome não ta na certidão dela, ela é somente minha filha.

Eu não sabia que era possivel, mas ele me olhava com mais raiva ainda.

- Mano, sai da minha frente agora porque se tu ficar assim, eu te dou uns pipocos agora.

- Então dá, quero ver se tu é capaz.

- Não me provoca Manuela, camba da minha frente agora.

- É isso que eu to tentando fazer, se você não percebeu.

- Camba la pra cima, dessa casa você não vai sair mais

- Tu só pode ta maluco, sai da minha frente agora.

- Não vai sair daqui porra nenhuma.

- Daqui a pouco, a Cecilia acorda e eu tenho que cuidar dela, SAI DA PORRA DA MINHA  FRENTE EDUARDO.

- Eu vou buscar a Cecilia e suas coisas, e você vai ficar aqui, com ela, querendo ou não.

- Você nunca mandou em mim e não é agora que você vai mandar, se toca.

Ele me puxou pelas pernas e me colocou em cima do ombro dele, subiu as escadas comigo e por mais que eu batesse nas costas dele com toda a força que eu tinha, ele não me soltava por absolutamente nada.

Assim que ele subiu as escadas, me colocou no quarto, NAQUELE MALDITO QUARTO e simplesmente me trancou ali, sem meu celular, sem nada. E eu só queria ver a Cecilia. Por mais que eu batesse naquela maldita porta, daquela maldita casa, nada acontecia, nem uma particula de madeira se mexia e eu pensei que estava fadada a ficar ali, até quando ele pensasse em me soltar ou trazer a Cecilia pra mim.

Não sei quanto tempo eu fiquei ali, só sei que meu coração ficava cada vez mais apertado em pensar na minha menininha sozinha, sem mim ali perto e eu só me acalmei depois de ouvir o chorinho dela do outro lado da porta. 

Aquele desgraçado abriu a porta e toda aquela raiva tinha passado no momento que ele tinha segurado a Ceci, porque ele tava todo molengão com ela no colo. Peguei ela do colo dele e comecei dar de mamar pra ela. Ele sentou do meu lado e ficou ali, mexendo nas mãozinhas dela como um retardado, sem falar nada, só ficou ali junto e por um momento, eu parei pra pensar que a se tivéssemos uma casa amarela com cerca branca, nossa vida seria muito boa sim. Mas isso era uma coisa que eu não podia esperar do D2, era uma coisa que ele sendo dono de um morro não ia poder me dar, nem mesmo pra Cecilia.


Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]Where stories live. Discover now