Capitulo 39

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Com o peso do corpo da Monique, eu cai no chão e quando eu vi, o Matheus estava segurando a Ceci e o Ricardinho enquanto o D2 tentava me acordar do transe que eu estava. 

Não conseguia lembrar direito como, mas ele me colocou dentro do carro e tentava falar comigo, mas eu estava em estado de choque.

- Amor, fala comigo.

- Ham...

- Você.. tipo, tu ta ligada que fez o certo?

Balancei a cabela positivamente e comecei chorar e ele me abraçou forte.

- Eu matei eles Eduardo, eu matei - eu só conseguia dizer isso aos prantos

- Você fez o que era melhor pra todo mundo.

- Eu matei a mãe do Ricardinho assim como mataram a minha, eu matei. 

Na minha mente só conseguia lembrar do dia que mataram meus pais.

Cheguei em casa e fui logo tomar um banho, a Gabi ficou responsavel por dar banho e comida pras crianças, meu estado de choque era tanto que mal olhar pros meus filhos eu tinha conseguido.

Enquanto eu tomava banho pensava em como seria se um dia o Ricardinho descobrisse que eu tinha matado a mãe dele e o quanto ele me culparia por isso. Assim como eu cupava todos os dias quem tinha tirado meus pais de mim, eu juro que não suportaria isso, carregar a culpa de ter matado alguém.

Respirei fundo e meu lado forte começou a aparecer.

Eu tinha que ter matado eles, eu tinha, ou eu matava eles ou eles me matariam a sangue frio, me picariam em pedaços e aí seria a vez da minha filha de viver sem mãe. O Ricardinho teria uma vida melhor comigo e na minha casa do que com a Monique e fim. Isso aconteceu e eu não sou a pessoa mais orgulhosa, mas eu fiz, pronto, eu matei, eu tenho que aceitar a culpa mas tenho que saber que nem tudo que eu fiz foi a pior coisa do mundo. 

Sei que só Deus tem o poder de tirar a vida das pessoas, mas ninguém tinha direito de tirar a minha e dos meus filhos.

Sai do banho enrolada na toalha, com meus olhos inchados e roxos, mais magra que o normal e quase me assustei quando olhei no espelho. Eu estava acabada e pela primeira vez que vi o D2 sentado na cama rindo pra mim como ele sempre fazia, senti uma vergonha enorme dele.

- Que foi?

Fiz que nada com a cabeça.

Ele me puxou e deitou por cima de mim.

- Eu te conheço mina.

- Só, aconteceu tanta coisa, eu to tão.. feia, e sei lá, é tanta coisa. Ás vezes, penso que você pode cansar de brincar de casinha, largar tudo pro alto e voltar pra sua vida de galinha sabe?

Ele riu exageradamente da minha cara, e me fez corar ainda mais.

- Quié mina? Eu to vendo mesmo a minha mulher dar dessas agora? A moreninha mais brava que eu já conheci, a garota mais segura de si, a mulher mais independente com medo??? É isso mesmo? - disse ainda rindo.

Taquei a almofada nele.

- Cala boca, imbecil - disse rindo.

- Eu não vou cansar de brincar de casinha não carai, não vou cansar de ficar o dia todo agarrado com você e com meus ramelento, não vou cansar de olhar pra essa sua cara de pamonha todo dia, e que ko é esse de tá feia? Se liga, tu é a mulher mais linda do universo.

Eu sorri e levantei da cama e comecei me trocar.

Quando acabei de me trocar ele não estava mais no quarto, passei no quarto das crianças e elas estavam dormindo como uns anjos, fechei a porta e desci pra comer algo. Assim que cheguei tudo tava apagado e só umas velas na cozinha..

- Ué, acabou a força? - disse dando risada.

O silêncio prevaleceu na sala, sabia que o D2 tava aprontando alguma coisa.

Acendi a luz, e vi um bilhetinho na tv escrito "me ligue", dei risada lendo aquilo e liguei a tv.

Então começou passar o filme da minha vida, fotos minhas de quando eu era pequenininha, de quando eu estava viajando com meus pais pra california, das minhas fotos de colégio com as minhas amigas, fotos com meu irmão, com meus cachorrinhos e depois minhas fotos com a Gabi, com o D2, com o pessoal do morro, com meus filhinhos, e eu já estava chorando igual uma retardada.

Eu sabia que com todas as infelicidades da minha vida, de todas as desventuras eu era a mulher mais completa, sim, depois de tudo eu passei de uma menininha que não sabia de nada pra uma mulher.

Desliguei a TV e vi ele encostado no batente da porta da cozinha, dei risada e fui correndo pular no colo dele.  Ele afundou o rosto no meu pescoço, me mordeu e sorriu.

- Você acha que eu esqueci?

- Hã?

Ele me colocou no chão e tirou uma caixinha de veludo do bolso, mas obviamente que antes de começar a chorar, ele derrubou a caixinha no chão e ela quebrou. Eu comecei a rir igual idiota e ele começou coçar a cabeça com vergonha. 

- Do pedido, eu não esqueci do pedido. Manuela, tu quer casar comigo? Sei que a gente já é casado faz mó tempão, mas cê gosta dessas baboseira. 

Comecei a rir e chorar ao mesmo tempo e eu só conseguia dizer "sim, sim, sim, sim"


Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]Kde žijí příběhy. Začni objevovat