Capítulo 28

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Os dias passaram e eu sabia que a Gabi estava no médico, estava quase pra ter meu sobrinho e eu precisava vê-la. Aquilo estava me matando aos poucos, não poder estar junto dela quando ela mais precisava. Eu chorava igual um bebê, talvez por medo, por saudade, por tudo. 

Passaram-se algumas horas e meu irmão me avisou que eu tinha sido titia, meu afilhado e sobrinho era a coisa mais linda e quando consegui ligar pra ele só pra saber as noticias de tudo, eu soube que eu precisava voltar.

Eu fiquei umas 3 horas falando com meu irmão e quando desliguei, tive a certeza que eu iria voltar. A certeza que eu deixaria tudo aqui e iria embora novamente pro Brasil. Não pro D2, mas pro meu irmão, pra minha melhor amiga e meu afilhado e deixaria meu bebê conviver com eles também.

No dia seguinte, quando acordei cedo disposta a falar com a minha avó sobre tudo o que eu havia pensado, foi um tanto quando estranho não ouvir nada na casa, sempre que acordava ouvia meus avós conversando, cantando, ouvindo musica mas desci e não encontrei ninguém.

Na porta de geladeira só pude ler:

"Estamos no Hospital Central, 

nos encontre lá querida. xoxo"

Peguei o carro do meu avô e fui dirigindo até lá e pude encontrar ele sentado em um dos bancos. Olhei sua expressão cansada, fadigada e totalmente acabada. O abracei mesmo sem saber o que acontecia, e ele chorou no meu colo como se tivesse 15 anos e tivesse brigado com a primeira namorada.

Tentei acalma-lo e levar ele pra tomar um café pra saber o que tinha acontecido.

- Sua avó.. Ela ta muito doente.

- Como assim?

- Ela.. ela tem câncer querida.

- E como vocês nunca me disseram?

- Você conhece sua avó, ela não queria te preocupar, ainda mais estando grávida.

- Isso não é incomodo. Eu vou cuidar dela, vou cuidar dos dois.

Ele sorriu e me abraçou.

(...)

Com o tempo fui aprendendo a lidar com tudo, como cuidar da minha avó quando ela tivesse suas quimioterapias e como cuidar do meu avô quando ele tinha suas crises de choro, quando ele ficava inconformado com a doença da vovó.

Os dias se passavam e cada vez eu sabia que estava mais perto de ter meu filho, e eu não sabia como conciliar tudo isso. 

Era um dia chuvoso de setembro e eu tinha ido ao médico, ele tinha marcado meu parto pra semana que vem e como a vovó estava boa. Acreditava que tudo sairia nos conformes.

Passado uma semana e com a melhora da minha avó, eu não via a hora de saber se era menino ou menina. Temendo ser a cara do pai, o gênio do pai, mas eu queria ter um pedaço da minha história naquele morro, já que tinha se tornado inviável voltar pro Brasil com a minha avó daquele jeito.

Meus avós pareciam dois bobos me levando pro hospital, repetiram mais de 20 vezes as coisas que estavam levando por medo de esquecer algo em casa e terem que voltar.

Era mais ou menos 20h quando fizeram minha internação e eu tava morrendo de medo de sei la, espirrar e explodir ou algo do tipo, já que eu estava enorme de gorda.

Se eu falar pra vocês que não doeu, eu vou mentir. Primeiramente, foi a pior dor do mundo, e enquanto eles cortavam minha barriga eu só pensava que eu nunca mais teria outro filho. Por mais que eu estivesse com anestesia, eu sentia eles mexendo dentro de mim, e aquilo me dava uma certa agonia e dor, e eu pensava como fosse se o D2 estivesse do meu lado. Provavelmente ele teria feito piada da minha aparência suada e me faria rir da cara de nojo dele ao ver tanto sangue, mas essa, era mais uma coisa que eu tinha que enfrentar sozinha. 

Toda a minha dor e angustia sumiram quando eu pude ouvir o primeiro choro do meu bebê, aquilo me fez chorar num grau que eu nunca tinha esperado, ser mãe foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida e agora eu tenho certeza disso.

Assim que peguei o bebê no colo, a primeira vez, pude sentir que a felicidade que eu teria pelo resto da minha vida se resumiria aquela coisa pequena que eu carregava em meus braços agora.

A medica olhou pra mim sorrindo e disse: 

- Parabéns mamãe, você deu a luz a uma menina linda.

Eu sorri e agradeci aos céus por ser a coisa que eu mais queria, uma menina, e eu tenho certeza que onde quer que meus pais estejam, eles iriam estar radiantes agora. E principalmente, sem saber de nada, o D2 também seria o melhor pai do mundo pra minha menininha, minha Cecilia.

Algumas horas se passaram até todo aquele procedimento acabar e me levarem pro quarto. Por causa de todos os remédios, acabei dormindo muito, só acordei quando a enfermeira trouxe minha filha pra que eu pudesse alimenta-la.

Fiquei internada durante 3 dias e quando eu fui embora, minha avó estava mais radiante possível, era muito bom ver ela daquele jeito. Ela dizia que tinha uma surpresa pra mim e como toda boa surpresa, tinha que ser secreta. Me disse que eu só descobriria no momento em que eu chegasse me casa.

Nesse momento eu fiquei me sentindo uma criança de sete anos que tenta descobrir os presentes no natal e a cada cinco minutos eu perguntava pra ela sobre alguma dica ou dava alguma possibilidade, e ela e meu avô se divertiam dizendo que eu nunca ia acertar. E de fato, eu tentei dizer tudo o que passava na minha cabeça, mas nenhuma dessas coisas estavam certas. O caminho pra casa parece mais demorado que o normal e enquanto eu seguro a Ceci em meus braços olhando cada parte do rostinho dela todo inchado pelo pouco tempo de vida, imaginava como ela seria. Se herdaria meu gênio ou do pai, se herdaria meus traços ou do pai. 

Quando estacionamos em casa, eu queria sair correndo, mas não podia devido as pontos, então a vovó pegou a Ceci no colo e me ajudou a sair do carro (PS: fazer as coisas sem uma barriga enorme é bem mais fácil), assim que sai do carro, fui andando o mais depressa que eu pude, tentando imaginar um pacote enorme na sala com alguma coisa pra mim ou pra Ceci, mas o que eu vi diante dos meus olhos era bem melhor, aquilo foi a melhor surpresa do mundo.

Eu juro que até me assustei quando pisei na sala, e pude ver, ali na minha frente, meu irmão e a Gabi junto com o Lorenzo no colo, e eu pensava o quão sortuda eu fui por ter herdado essa família.



PS: meus amores, obrigada por esses quase 60k que essa história tem e eu nem sei como usar as palavras certas pra agradecer o carinho que vocês tem comigo. Queria dizer também pra olharem as outras duas histórias do meu perfil, que eu vou atualizar e também são histórias incríveis que eu faço com tanto carinho, e queria saber uma coisa... Esses dias, uma leitora me escreveu perguntando sobre o grupo do wpp e como não temos, gostaria de saber o que vocês acham da ideia!! Obrigada a todas vocês que me acompanham, me chamam nas mensagens, deixam os comentários mais fofos e são tão queridas comigo. Sério, obrigada mesmo!

Me apaixonei pelo dono do morro [FINALIZADA]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora