Capítulo 25

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GREGORY HOOVER

Batuquei os dedos no volante do carro enquanto entrava na rua da casa dos meus pais. Meu lar doce lar.

Deus, senti falta das coisas que envolvem os dois. Talvez um pouco mais do que tenha percebido antes. Toda a coisa de estar morando em outra cidade e tendo uma outra vida longe deles, acabou camuflando um pouco o quanto sinto falta deles no dia a dia em coisas que antes eram corriqueiras com eles por perto.

Assim como já sinto falta de Audrey.

Uma merda quando o coração comanda seus pensamentos, não é? Essa frase não tem qualquer sentido lógico, sei bem. Mas é assim que dizem que é como alguém apaixonado age, sem lógica.

Posso amar o tanto que for os meus pais, mas eles sabem — e eu sei — que sempre serei o filhinho da mamãe. Tenho mais de vinte anos e os abraços da minha mãe ainda me fazem sentir no local mais seguro do universo, e dificilmente acho que isso irá mudar.

Às vezes sou superprotetor com ela, principalmente depois do que aconteceu com a Daisy. Odeio sentir que estou sobrecarregando-a com qualquer coisinha mínima que seja. Evito reclamar de pequenos detalhes da faculdade, por exemplo.

Mesmo que durante nossas ligações, minha mãe não tenha deixado explícito qual parte da casa foi reformada, estava ansioso para ver quais tinham sido as mudanças no meu lar de infância.

Gosto do fato de meus pais ainda morarem na casa em que eu e Daisy crescemos. Talvez em algum momento eles decidam se mudar para o Hawaii e então terei que comprar a casa deles, ou com o tempo eu perca esse sentimento sobre aquele local. De qualquer forma, tenho que pensar sobre como será minha vida depois de formado. Começar a realmente tomar decisões de um adulto para o meu presente e futuro.

Já me peguei pensando em como não parece que estou tomando decisões para o futuro ou mesmo como um adulto. Tudo porque ainda não pago todos os meus gastos. Ganho uma quantia excelente com o meu site e toda a visibilidade que ele conseguiu com os anos. Mas ainda assim, existem vários custos que os meus pais pagam por mim, principalmente as taxas da U.C. Berkeley.

Parece que minha mente aceita isso muito bem, considerando que ainda estou fazendo faculdade. Contudo, assim que me formar quero muito ter certos pontos alinhados na minha vida.

E nos últimos meses me veio essa dúvida de que se irei seguir realmente em frente com o plano de trabalhar na empresa do meu tio Ryan junto com o Ethan. Comecei a pensar na possibilidade de estar me afastando do meu pai, dos negócios da família, por assim dizer.

Quero dizer, papai nunca foi do tipo que os filhos deveriam seguir na carreira literária, porém sempre houve bastante influência em casa para ser mais por dentro desse meio. Não queria que meu pai sentisse que estava trocando-o pelo tio Ryan ou qualquer coisa assim. Mesmo que desde muito novo os números me fascinaram, sendo então natural escolher alguma faculdade mais voltada para cálculos.

Me assusta como esses pensamentos de dúvidas e inseguranças estão emergindo na minha mente e querendo engolir planos que já pensei serem consolidados dentro de mim. Sei que ter ido para a Universidade me afastou ainda mais do meu pai e deve ser isso que tá começando a pesar muito nos meus ombros. Como filhinho da mamãe, fui muito influenciado pela matriarca da família, é a senhora Bridget quem mexe com os números. Quando eles começaram a trabalhar juntos, toda a parte burocrática ficou com a minha mãe. Hoje em dia isso é mais dividido, considerando que a editora selou seu nome no mercado e se tornou uma das maiores dos Estados Unidos. Nem se minha mãe quisesse continuar a frente de tudo, não seria muito viável.

De qualquer forma, depois que minha irmã se matou, a dinâmica familiar mudou. Mesmo anos depois, ainda não sei definir se estamos melhores, obviamente foi uma perda muito traumática. Ainda não conversamos sobre o fato da minha irmã ter tirado a própria vida. Quando estamos juntos e falamos sobre ela, a morte é tratada como morte e não especificada como um suicídio, e sei que em alguns níveis isso não é nada bom.

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