Capítulo 05

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GREGORY HOOVER

Cansado.

Essa palavra poderia definir meu dia, minha semana, meu mês, meu ano que mal começou. Ajeitei a calça jeans que teimava em subir demais incomodando meus sacos, enquanto andava em direção ao meu carro, estava comprando algumas bebidas para a festa de hoje. Os rapazes tinham deixado essa responsabilidade para o Ethan, mas ele vive e respira a namorada. Sei que somos implicantes um com outro e por vezes insuportáveis, porém tenho muito orgulho de saber que posso contar com o Ethan em qualquer momento da minha vida, bom ou ruim, e ele vai estar lá, talvez me fazendo rir sem querer ou calado me ouvindo falar várias merdas, mas Ethan vai permanecer comigo. Como sempre fez.

Com o passar dos anos a gente se decepciona com muita gente, fala mal de "ex-amigos" e todas essas merdas. No momento de raiva falo demais. Saio vomitando tudo, sem vírgulas, sem acentos, sem nada além de uma grotesca e suicida verdade. É complicado lidar com outras pessoas num geral, sempre será. O bom mesmo é tentar sempre aprender algo, mesmo que seja a merda mais fodida e sórdida. Sempre falo que não sou nada maduro, imaturo demais inclusive. Por que o importante é você tentar ser, no real, ninguém é uma definição conclusiva, somos inconstâncias tentando ser constantes, lutando por vezes contra nós mesmo, achando que é errado rir alto demais, porque fulano falou que isso é de alguém sem educação. A felicidade precisa seguir normas de etiqueta desde quando?

Meu celular não parava de vibrar, coloquei as sacolas com as bebidas no chão ao lado dos bancos traseiros do carro, sem quebradeira. Tinha limpado esse carro hoje mesmo. Novamente outra ligação perdida da minha mãe, a mulher ia arrancar meu saco e dar para uma piranha comer, sabe, o peixe. Se existe uma mulher que me cago de medo, é minha mãe. Já chego perto dela de cabeça baixa totalmente no respeito.

Provavelmente ela estaria vindo para cá em breve, de San Francisco para Berkeley pegando o trem BART levaria vinte minutos no máximo, minha mãe sempre que pode está por perto de mim. Ainda não sei se nas férias estarei indo para casa ou fazendo alguma viagem com os amigos, eu e os rapazes havíamos conversado sobre fazer um camping talvez esse ano no mês de julho/agosto, mas conversámos isso ano passado. Teria que trazer o assunto à tona para ver se eles ainda queriam ou preferiam ir para casa dos pais.

Tanto faz. Não faço nada na casa dos meus pais além de dormir e comer, minha mãe faz tortas e mouses deliciosos. Realmente nasci para enaltecer comida, sempre. Até as mais improváveis.

Peguei meu celular vendo que haviam três chamadas perdidas da minha mãe e sete do Ethan. Meu primo é outro que não consegue ser meio, é sempre extremo. Exagerado que só ele. Retornei à do Ethan primeiro, poderia ser algo envolvendo comprar mais alguma coisa.

— Oi, Rapunzel.

Ele atende já me zoando. Não sei se agradeço ou me martirizo.

— Oi, flor-de-lis.

— Meu Deus! Sempre soube que era especial! — A voz dele soava mais aguda e alta. Bufei me encostando no meu carro observando o sol se pondo não muito (talvez milhares de quilômetros?) longe dali.

— O que aconteceu que você 'tava me ligando? Querem que eu compre mais algo?

— Sim.

— Fala logo então, panaca.

— Meu absorvente!

— Puta merda, Ethan — reclamei, mas acabei rindo. O babaca até que sabe ser engraçado.

— Na verdade só queria saber se você ia demorar muito, queria seu carro emprestado para ir buscar a Jude.

— A Jude vai pra festa? Só ela? Mas a festa começa às 21h. Ainda não são nem 17h.

Smoked FlowersOnde histórias criam vida. Descubra agora