Capítulo 5- Luto

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Nunca gostei de velórios. Muito menos quando eram da família. Não sabia dizer algo que consolasse a perda. Admito, nunca fui boa com as palavras! E lá estava eu , às 4 horas da manhã no velório da minha vó.

Meus pai sempre foi muito apegado com minha avó, desde que o marido dela morreu. Acho que por ele ser o único crente da família, sentia-se no dever de levar a Palavra pra ela. Minha avó aceitou a Jesus, mas acabou sentindo as consequências de um passado alcoólico. Seu fígado estava destruído. Não havia mais o que fazer pra reverter a situação. Fizemos vários propósitos pra que Deus a curasse, mas o plano dEle era outro. Amém, Ele sabe o q faz.
Sei que não é fácil perder alguém. Amava muito a minha avó, mas acho que sei suportar as perdas facilmente. Fico mais triste pelas pessoas que ficaram. Tenho medo do que elas são capazes de fazer, por não suportar a saudade. Infelizmente nem todas conseguem entregar as suas dores a Jesus!
Depois de ter analisado o comportamento de cada parente
( bastante interessante a diversidade de reações. Uns ficavam aos berros ao lado do caixão, outros paralisavam que nem estátua, e outros aproveitavam a reunião pra colocar a conversa em dia ) lembrei-me que havia esquecido o celular em casa.
"Ai, meu estômago começou a ter coisas estranhas de novo! Será que o menino da biblioteca me mandou alguma mensagem?"
Precisava urgentemente ir pra casa. Meu coração não ia aguentar esperar até a noite pra chegar em casa. "Relaxa,Gabriela! Relaxa. Talvez ele nem tenha mandado nada e também ele quer só ajudar, nada de mais." -Tentei me acalmar-"Só quer ajudar, isso"
No fundo eu queria que fosse mais que uma ajuda. Não falo de querer um relacionamento, tipo namoro, pois nem o conheço (embora sinta algumas coisas estranhas no estômago quando penso nele). Mas eu me sentiria feliz por finalmente achar um amigo de verdade ( Não sendo o gatinho da biblioteca, que mais me deixa num monólogo).

~ ~ ~ ~

Estava um clima tenso. Parecia que o velório tinha nos acompanhado. Uns parentes de longe resolveram pousar na nossa casa, pois não queriam viajar a noite. Estávamos num silêncio total no trajeto pra casa. Ficava com medo até de pensar (Vai que eu soltava um pensamento sem querer, seria constrangedor já que a única coisa que se passava na minha cabeça era checar as mensagens do meu celular).
Enfim, chegamos em casa. Andei apressadamente em direção ao quarto, na esperança de ter uma luz branca brilhando no canto do celular avisando que tinha mensagem. Abro a porta e pra minha surpresa... -CADÊ O MEU CELULAR?!! MEU DEUS!!! NÃO POSSO TER PERDIDO ELE! - Disse eu histericamente.
Procurei em cada canto do quarto e nada! Até que resolvi perguntar pra minha mãe: - Mãe, você por acaso viu meu celular? Eu tinha deixado ele aqui em casa.
- Vi não filha. Me lembro de você ter levado ele pro enterro. Será q não esqueceu em algum lugar lá?

" É capaz de eu ter levado mesmo e nem percebi. não esqueço a cabeça porque pregada. Mas não posso ter perdido o celular, logo agora!"
Então meu pai nos interrompe:
- Seu celular está comigo. Levei ele porque pensei que tinha esquecido em casa. Ia te entregar lá, mas não lembrei mais. Aqui ele. Ah! E acho que tem mensagem, porque tem uma luzinha piscando.
Peguei o celular e fui correndo pro quarto. Não estava conseguindo andar direito, depois do susto que passei, então sentei e fui ler a mensagem.
<Alerta Vivo> 13:00 pm: Seu saldo de recarga expirou! Recarregue seu Vivo e fale quando precisar!
" Mensagem da Vivo? Não é possível. Aff! Até recado da Vivo recebo, mas do menino nada. Será mesmo que ele desistiu de mim? Agora vou ter que esperar chegar segunda feira pra descobrir. Mais dois dias! Aguenta coração."





Jornada de uma adolescente cristãWhere stories live. Discover now