Capítulo 7- Retiro 2

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-Peraí, você é o menino da biblioteca! Me desculpe, sério mesmo. Não tinha intenção de te machucar. Quer que eu busque um pouco de gelo pra colocar no seu nariz? Assim a dor passa mais rápido.

- Sim, sou eu mesmo Gabi! Não precisa se preocupar que a dor já está passando.

"Ele lembrou meu nome!! É isso mesmo produção?!"- pensei

-Ah, que bom então. Sorte a sua que eu não bato muito forte. – brinquei pra ver se aliviava o mico que passei.

-A única sorte que tive foi de te encontrar, porque precisava tirar uma dúvida com você. – falou já se ajeitando no chão ao meu lado.

Ao ouvir ele dizer isso, gelei na hora. Mal consegui respondê-lo: - O que tem pra me perguntar?

- Bom... Queria saber por que passou seu número errado pra mim, aquele dia. Eu não parecia ser alguém confiante?

"Então foi por isso que ele não me mandou a mensagem!!!"

-Não foi nada disso. Desculpe, mas eu estava nervosa e nem percebi que tinha falado o número errado pra você.

-Ah! Você parecia um pouco assustada mesmo. Quando o sinal bateu saiu depressa e nem esperou eu falar meu nome, ou me despedir. Aliás, meu nome é Pedro. – falou estendendo a mão em minha direção.

-Prazer Pedro! Meu nome é Gabriela. Ops, acho que você já sabia. – falei olhando para baixo, com vergonha (como sempre!).

-Sabia sim! Sou bom pra gravar nome de certas pessoas.

"Certas pessoas?! O que ele quis dizer com isso? Melhor eu não perguntar, pois tenho medo da resposta. E chega de parecer um pimentão!"

- Ééé...que legal! Então... o que te trouxe ao retiro? – disse quase gaguejando.

-Meu primo meio que me obrigou a vir. Eu tinha muita coisa pra estudar, mas ele queria que eu o ajudasse a pedir uma garota em namoro...

Então o interrompi: - Hum, então quer dizer que você é expert em namoros? – disse com o intuito de saber a "procedência" dele.

Mas ele começou a rir e respondeu: - Não é isso! Acho que ele me pediu ajuda só porque sou bom com poemas. E se eu te contar que nunca namorei?

-Difícil de acreditar, muito difícil! Mas eu gostaria de saber por que nunca teve namorada, ainda.

"Gabriela, de onde você tá tirando coragem de fazer essas perguntas? Larga de ser curiosa!" – falei pra mim mesma.

-Eu não gosto de contar isso pra ninguém, mas vejo que você é diferente e vai me entender – disse olhando para baixo - Gabi, eu sonho em constituir uma família, ter uma boa esposa, lindos filhos e ser um bom companheiro. Mas procuro não me precipitar, pois sei que Deus tem o tempo certo para tudo. E eu, mesmo com 16 anos, não estou em um período para me relacionar. Tenho um sonho de ser médico e não vou deixar nada tirar meu foco.

Fiquei chocada por saber que ainda existia um rapaz consciente. Que não se preocupa em só "pegar" as meninas. Mas fiquei tão assustada que devo ter ficado encarando ele uns dez segundos.

-Gabi, você ta bem? Falei algo de errado? – Pedro disse me olhando nos olhos e pegando em meu ombro.

Então percebi o quanto seus olhos brilhavam! Pareciam duas jabuticabas, de tão pretas. Era diferente, mas cativante. –Ah, foi nada não! Só achei interessante a sua opinião. É um rapaz de foco, parabéns!

-Obrigado! Mas você parece ter foco também. Aposto que quer medicina. Estou certo? – perguntou com um sorriso no rosto, como sempre.

Retribui com um sorriso também: - Certíssimo! Mas porque achou que quero ser médica?

Nesse momento fomos interrompidos por um menino, que logo percebi que era o primo de Pedro –Cara, é agora ou nunca! Tô super nervoso!! Me ajuda a lembrar o que devo falar pra ela.

-Calma Lucas. Vai dar tudo certo. – Nesse momento ele se levanta e dá alguns passos em direção ao seu primo.

Enquanto ele dava algumas dicas fiquei pensando em como estava me sentindo a vontade perto dele. A última vez que consegui conversar abertamente com alguém foi há uns três anos, quando eu não tinha complexo de inferioridade. Sentia-me menos importante que as outras pessoas, então comecei a me reservar mais. Ate que percebi que já não tinha nenhum amigo. Tinha me afastado de todos. Mas com o Pedro era diferente. Nem tínhamos conversado muito, no entanto sentia-me segura ao seu lado. Seria bom tê-lo como amigo. Assim não ficaria sozinha e teria alguém pra conversar no colégio.

Depois que Pedro terminou de dar as explicações a Lucas, virou-se pra mim e falou: - Vamos comigo ver o pedido de namoro do meu primo? Vai ser bem legal, eu espero!

- Com certeza!E eu posso saber quem é essa tal garota? – disse já levantando e caminhando juntos em direção à piscina.

-Bom, não sei se você conhece, mas ela é da igreja do Lucas. Esqueci o nome dela. Só sei que faz faculdade de arquitetura com ele, também. Fazia uns dois meses que estavam orando e agora Deus confirmou. Torço muito por eles! Formam um belo casal.

Nesse momento me dei conta de que sabia quem era a menina e pra minha certeza vi o Lucas andando em direção a ela, com um violão na mão e uma rosa vermelha no bolso traseiro da calça, cantando:

"Descansei em Deus, confiei
E Ele abençoou nosso amor

Valeu a pena esperar por você
Basta uma palavra do Senhor
Pra o meu coração entender
Que o tempo de Deus chegou para nós"

Todo o pessoal do retiro já estava ao redor do casal, dando suspiros e torcendo pra que a serenata desse certo. Na parte do refrão a garota começou a cantar com ele: "Lindas promessas vamos viver
Sonhos sensacionais eu sonharei com você
O nosso lar será chamado: Casa de bênçãos do Senhor
Deus confirmou!"

Imediatamente  Lucas ajoelhou-se diante dela e falou: - Jordana, você aceita namorar comigo? – Acho que ele estava tão nervoso que não conseguiu olhar pra ela depois da pergunta. Então minha prima colocou as mãos sobre o rosto dele e disse: - É claro que eu aceito! Você é o homem que eu sempre sonhei. Naquele instante Lucas levantou-se estendendo a rosa vermelha pra Jordana e beijou-a na testa. Ficaram abraçados até amontoar todos os jovens para dar felicitações ao novo casal.

Jornada de uma adolescente cristãOnde histórias criam vida. Descubra agora