Capítulo 06

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O negro não entrou, e ele voltou um tempo depois, com uma caixinha do McDonald's e uma coca geladinha.

- Obrigado - disse vendo o Big Mac.

- Você gosta? Isso é horrível, cara - ele disse me vendo colocar mostarda e o ketchup que vieram nos sachês.

- É bom, eu gosto - disse de boca cheia, ele passou o dedo pegando um pouquinho de mostarda que escorria em meu queixo, subiu um pouco o capuz e lambeu o dedo.

- Quer? - ofereci.

- Isso é horrível, mas da coca eu gosto.

Ofereci o copo e ele chupou o canudinho, pegou o pano e limpou meu nariz que voltava a sangrar.

- Desculpe por isso, ele não entra mais, se precisar, atraso sua comida, está bem? Foi só no rosto, ou ele bateu em algum lugar do seu corpo?

- Só no rosto, e bati as costas na parede - disse mordendo o sanduíche.

Ele me virou, levantou minha camisa e passou a mão nelas.

- Vai doer um pouquinho, mas não quebrou nada.

- Obrigado - disse usando o guardanapo que veio junto e ouvi sua risada.

- Vamos guardar uns para o almoço amanhã - ele brincou. - Posso trazer uma toalha, e colocamos na pontinha da cama.

- Não amola - disse dando uma goladinha na coca e oferecendo para ele, que bebeu e me devolveu o copo.

- Onde você estava?

- Preparando o local da entrega do resgate.

- Quanto pediu?

Ele disse e devo ter feito alguma cara, porque ele continuou:

- Acha pouco? Devia ter pedido mais?

Dei de ombros e continuei comendo.

- Ele vai pagar - disse limpando a boca.

- Sei que vai, também sei que você vale muuuuuuuito mais, mas só preciso disso, na verdade, pedi até um pouco mais, por garantia.

- Você não é ganancioso - comentei.

- Viu? Bandido também tem qualidades.

- Você é bandido por opção?

- Claro que não, nasci bilionário como alguém por ai, mas prefiro roubar, é mais emocionante.

- Não precisa ser sarcástico. Podia simplesmente trabalhar, muitos fazem isso, milhões de pessoas fazem isso, na verdade, se você não sabia, acho que seriam bilhões de pessoas trabalhando no planeta e...

- Não acredito - ele me interrompeu - um principezinho me dando lição de moral, eu mereço.

- Não precisa ficar nervoso, só queria conversar, estive pensando sobre o que você falou, sou mesmo um alienado - e devo ter feito alguma cara diferente, porque ele brincou com meus cabelos e me ofereceu o copo de coca, que chupei e ouvi o barulho de acabando, então parei e continuei comendo o sanduíche.

Ele abriu o copo e me deu para beber o restinho.

- Assim não faz barulho, alteza.

- Para, sabia que me irrita com isso? - perguntei encarando seus olhos lindos.

- Ah, tadinho, sabia que você também me irrita?

O Refém (livro gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora