Capítulo 22

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Depois que Beija-Flor saiu de minha casa, vi o Tomás me rondando. Ainda estava extasiado, não queria um segurança me seguindo por todos os lados. É claro que ele estava preocupado com a segurança, devia querer saber se tudo havia corrido bem na minha suposta reunião, mas o que tinha rolado entre mim e o Beija-Flor era algo que eu queria guardar só para mim.

- Diga logo, Tomás, o que quer me dizer, mas vai falando que quero ir à cozinha.

- Seu interfone estragou, senhor? Posso pedir ao Antonio para olhar.

- Não, não estragou só quero ir até lá - e vamos andando enquanto ele fala.

- Senhor, esse Beija-Flor não é uma boa companhia. Ele tem ficha na polícia desde os 14 anos. Foi preso a primeira vez com 15 anos, mas foi liberado porque era menor. Parece até que já teve envolvimento com o assassinato de alguém. Ele mexe com prostituição desde os 17 anos quando abriu um puteiro, desculpe, uma casa de...

- Tomás, sei o que é um puteiro - disse irritado.

- Claro, mas ele foi fechado pela polícia uns 5 anos depois. Ele logo abriu outro, que também foi fechado, mas parece que por ele mesmo, e foi quando começou com os books. Seu pai morreu na prisão, era chefe de tráfico, ele tinha um irmão que morreu baleado por outro bandido.

- Peraí, não era para não mexerem na vida dele? - pergunto realmente irritado.

- Senhor, não procurei nada, é só ver a ficha policial dele. Foi preso mais umas duas vezes, só que não tiveram provas contra ele e tiveram que soltá-lo.

- Então pode nem ser verdade - disse parando e olhando para ele. - E ele matou quem? Se é que matou mesmo, não é?

- Parece que o tal sujeito que matou o irmão dele. Ele foi morto por uma facção inimiga e o tal sujeito apareceu morto no dia seguinte de forma cruel.

- Tomás, ele vai voltar - eu o interrompi. - Gostei muito de sua companhia, de suas ideias e dos seus serviços. E digo mais, se eu tivesse um irmão e alguém o matasse, talvez eu fizesse o mesmo, se é que ele fez isso, não é? Acho que seremos até amigos, então se acostume com a presença dele. E além do mais, você percebeu que tudo hoje ocorreu de maneira perfeita, se ele representasse algum problema para mim, eu teria te chamado por algum dos botões de emergência. Como disse o pai, se isso for um problema para você, colocaremos outra pessoa para cuidar da casa e você fica com só com os rapazes.

- Por favor, senhor, isso não será necessário. Só estou preocupado com o seu bem estar.

- Olhe para mim Tomás, algum dia já me viu com cara melhor? Pois ele é pessoalmente responsável por isso. Então se quer meu bem estar, torça para ele ESTAR por aqui mais vezes, e não quero voltar a esse assunto. Agora com licença, quero mesmo ver se faço uma boquinha na cozinha.

- Podemos providenciar o que quiser - ele diz.

- Que bom saber! Pois quero que saia de minha frente e me deixe passar, hoje vou conhecer um prato chamado mexido. Vamos ver se gosto. Boa noite, Tomás, não preciso mais de você hoje.

Contrariado, ele saiu, e me deixou seguir para a cozinha, como era meu plano. Toda aquela farra com Beija-Flor havia me dado uma baita fome. No dia seguinte, estou no carro, a caminho da faculdade, quando meu celular toca.

Desde que comecei a faculdade que o pai pede minha presença em algumas reuniões. Sempre que ele faz um primeiro contato com algum cliente ou está fechando algum negócio, ele me "convida" para participar. Assim posso ir aprendendo como tudo funciona, e quando me formar, estarei mais a par de tudo; então pensando que fosse sua secretária me avisando de algum compromisso, atendo. Vejo que é um número privativo.

O Refém (livro gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora