Capítulo 17

2.4K 210 26
                                    

Só fui ver o Luiz novamente na segunda, ele que ficaria na porta da sala de aula, e saindo do carro, foi andando ao meu lado até lá, quando me diz:

- Estive ontem com minha ficante.

- Sim, e tudo bem? - Pergunto o encarando enquanto andávamos.

- Tudo, teve um sabor diferente, mas foi ótimo. Quarta vou sair com aquele meu amigo gay. Quero ver como é ser ativo.

- Mas ele vai topar? - Perguntei rindo da cara de safado que ele fez.

- Há anos ele fica dando indiretas, ele vai ficar muito surpreso - ele dá uma risadinha sacana e percebo que seu pau dá uma acordada, ele disfarça arrumando, e nisso vem passando duas gatinhas, vejo que ele olha disfarçado e brinco com ele.

- Viu? Não deixou de gostar delas, só abriu seu leque de opções.

- Você está certo, muito obrigado, o primeiro homem a gente nunca esquece - ele diz e me dá uma piscadinha. Abre a porta da sala para que eu entre. - Boa aula, senhor - ele diz se posicionando ao lado dela, pelo lado de fora.

Quinta eu o vejo novamente, mas ele ficou na frente no carro. Somente na sexta tivemos chance de conversar. Ele ficaria na porta da sala na parte da tarde.

- E então, como foi? - Pergunto curioso, andando até a sala.

- Você não vai acreditar que aquele viado é ativo!

Dei uma gargalhada.

- Mas ele aceitou ser passivo também - ele diz rindo. - Cara, é demais, realmente gostei.

- Que bom - digo sem parar de rir, a cara dele estava ótima.

- Quando quiser dar uma corrida, me avise, levo mais gel, aquele sache é uma miséria. Boa aula, senhor.

Naquela semana, temos um trabalho em grupo e os convido para fazermos na minha casa.

- Mãe - falo terminando o almoço.

- Sim, filho.

- Amanhã à noite vamos fazer um trabalho em grupo aqui, seremos quatro, a senhora poderia providenciar um lanche para nós?

- Claro, filho - e vejo seu sorriso, o pai está certo, não custa nada incluí-la em nossas vidas.

- Eu posso atrasar um pouco no trânsito, continuo, haveria algum problema se a senhora os recebesse por mim?

- Claro que não, será um prazer. Você quer que façamos um jantar?

- Não, mãe, pensei em lanche, quando vamos na casa do Pietro, nos oferecem algumas pastas, pães e coisas para sanduíche. Os rapazes gostam de cerveja e a Fernanda, vejo que sempre bebe suco. Sabe aquela torta de frango que eu gosto? Pensei nela, talvez uma tábua de frios, o que a senhora acha?

- Entendi, farei uma boa mesa de lanche para vocês - e ela se levanta e me abraça por trás, beijando meus cabelos, toda feliz.

- Tomás, precisamos conversar - eu ouço enquanto vou para o quarto escovar os dentes, em poucos minutos tenho que voltar para a faculdade. - Meu menino está trazendo uns colegas amanhã, vou pegar os nomes e precisamos... - Ainda posso ouvir.

Como seria fácil tornar minha mãe infeliz. Era só dizer que sabia tudo que ela havia feito, condená-la, excluí-la de minha vida, como quase fiz logo que voltei para casa. Ela errou, o pai também quando não impediu, eu errei quando deixei.

Seu amor por mim estava estampado naquele sorriso, ontem eu a vi saindo do meu quarto, ela havia comprado um novo sabonete e estava substituindo o do meu boxe.

O Refém (livro gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora