Capítulo 09

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Continuamos conversando, e Beija Flor ainda explicava algumas coisas sobre a transação do sequestro. Fazia sentido poder confiar em mim, já que eu não podia contar nada para ninguém, mas a relação que a gente tinha, ou pelo menos o que parecia que era aquilo, era diferente. Em determinado momento, comecei a rir com meus próprios pensamentos.

- Está rindo de que?

- Você é tão engraçado. Quando pensava em sequestro, imaginava outra coisa.

- Sequestro é outra coisa! - ele disse sério, e segundos depois começou a rir; uma risada gostosa, franca. - Também não acompanho o refém, eu planejo e deixo rolar, mas queria ter certeza...

- Queria ter certeza de que?

Ele deu uma golada grande e ficou olhando o céu.

- Queria ter certeza de que não se machucaria, e ainda assim... - ele tocou meu nariz inchado.

- Antes de casar sara - disse repetindo suas palavras. - Muito lindo - disse olhando o céu.

- É do caralho, não é? Reparei que você não fala gíria nem palavrão. Deve ser difícil se expressar assim.

- Por quê? - perguntei curioso.

- Veja, se um dos seguranças te manda fazer algo que não quer, você diz o que?

- Que não gostaria de fazer - respondi.

- E ele então te explica detalhadamente porque tem que fazer e você acaba obedecendo?

- Quase sempre - fui obrigado a admitir.

- Experimente da próxima vez dizer: Cara presta atenção: nem fodendo! Não vai precisar nem repetir.

Dei um gargalhada e ele continuou.

- Se te mandarem vestir um colete à prova de balas, em plena praia, calor da porra. Você diz o que?

- Que prefiro não vestir - disse já rindo.

- Pois troque por: vou vestir isso porra nenhuma. Bem soletrado. Verá como entendem na hora; se disserem que não pode fazer algo que quer muito fazer diga: eu vou, se não gostar vai tomar no cu. E se não tiver ficado claro, diga alto e em bom tom: Chega! Vai tomar no meio do olho do teu cu.

Nessa hora eu já sentia dores de tanto que ria, ele me passou a latinha de cerveja e ficamos rindo.

- Tem outras boas também - ele disse. - Está comendo um carinha gostoso, na casa dele e alguém abre a porta. Você diz o que?

- Temos um problema? - perguntei olhando para ele.

- Nunca! Fodeu, explica melhor, e se for o namorado dele, um negão de 2 por 2, o melhor é: fodeu de vez! Você está a fim de uma piranha gostosa da porra e ela te esnoba; você enche a boca e diz: Não quer? Então foda-se, pronto, estará novo, nem faz ideia de como vai se sentir bem depois disso.

- Esse céu é do caralho, preciso explicar o quanto é bom, ou ficou completamente claro?

- Ontem fez frio para caralho, entendeu o tanto que estava frio? Um boquete bem feito é do caralho, percebe a diferença? Fala é do caralho - ele disse.

Fico olhando e ele repete:

- Fala: É do caralho!

- É do caralho - repeti rindo dele.

O Refém (livro gay)Where stories live. Discover now