Capítulo 07

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Algumas horas depois, a porta abriu e ele entrou com outra caixinha do McDonald's, outro copo de coca, deixou na cama e saiu; não deu nem uma palavra comigo. Acordei e vi o suco e o saquinho com o pão nos pés da cama. Fui ao banheiro, comi e me deitei, fazia muito frio.

Algumas horas depois, ele entrou com o marmitex e o copo de água, pôs na cama, e estava saindo quando perguntei:

- Agora estamos de mau? E você ainda diz que o infantil sou eu!

Ele ficou me encarando, vi que apertou seus olhos como se pensasse se eu falava mesmo a sério.

- Não estamos de mau - ele disse, e percebi que ele sorria, seu olho brilhava clarinho.

- Ainda bem, então que tal me dizer o nome dessas verduras que põe para mim. Não quer se sentar?

- Será um prazer - ele disse e agora ouvia sua risada.

Abri meu marmitex e fui comendo devagar, saboreando, e ele simplesmente me olhando.

- Gosto dessa verdura com a farofa - ele disse me vendo pegar uma verdura cozida clarinha.

- Qual o nome dela?

- Almeirão - disse.

- Comi alguma coisa parecida em uma torta, acho que foi na Turquia - disse pegando uma batata cozida junto com uma carne. Aquilo estava ótimo.

- Hoje tinha purê, mas acho que você conhece então não coloquei - ele disse de repente.

- Sim, conheço, comemos com peixe ou algum grelhado - falei. - É de algum restaurante especial? - perguntei apontando o marmitex.

- É assim que a população come, meu príncipe, pelo o menos quem pode pagar um prato de comida.

- Nossa nutricionista iria enlouquecer. Tem carboidrato aqui para uma semana - disse rindo imaginando a cara dela.

- Regras foram feitas para serem quebradas - ele falou espetando uma das batatas, com o garfinho de plástico que estava sobre a cama, e comendo.

- Não são minhas? - perguntei achando ruim.

- Só reduzi tua porção de carboidrato, alteza.

- Gosto do meu príncipe, é carinhoso, alteza me soa mais como um deboche, uma chacota - disse continuando a comer.

- E é, você tem razão, desculpe, é que as vezes fico sem saber o que dizer.

- E aí me agride? - ficamos nos encarando alguns segundos, e ele chegou sua mão perto do meu prato.

- Se pegar outra batata, eu te furo - disse ameaçando com o garfo.

- Só queria ajudá-lo a manter a forma - ele falou rindo, encostando na parede e esticando as pernas na cama.

- Tem bastante, se estiver com fome, podemos dividir - falei depois de dar uma garfada, e ele deu uma gargalhada.

- Você não existe, meu príncipe. Coma, eu já almocei, só sou guloso mesmo.

- Não parece, com um corpo lindo assim - disse e senti meu rosto queimando.

Ele colocou a ponta dos dedos no copinho com água e os respingou em mim.

- Esfria a cabeça, rapaz, mas gostei de saber que aprovou - ele brincou passando a mão na barriga lisinha.

O Refém (livro gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora