III. Perto de você

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Meus olhos se fechavam sonolentos, mas me obriguei a ficar acordado. Olhei para o relógio em cima do quadro negro. Já havia se passado dez minutos do início da aula e nada do professor de literatura aparecer. A sala estava lotada e eu fiquei distraído por longos minutos com a aba do livro de Victor Hugo.

O informativo dizia que todos deviam comparecer à primeira aula de literatura com anotações sobre a obra e o livro em mãos. Liam e eu tomamos notas antes de dormir e da nossa maratona de filmes. O que já estava se tornando um vício.

Desviei meus olhos do fio solto na manga do suéter e olhei para Liam. Ele folheava o livro apressadamente e seu rosto entraria em combustão a qualquer instante de tão vermelho que estava. O que eu não entendia era o porquê daquilo. Nós tínhamos estudado e ele não parecia tão nervoso antes da aula.

Meus olhos varreram o local até se fixarem na figura de cabelos encaracolados sentado em uma das carteiras do lado da parede. Eu nem ao menos percebi quando Harry havia chegado. Ele conversava animado com seu grupo de amigos e ria de um modo engraçado. Mesmo assim, de um jeito todo especial.

Nem deu tempo de acalmar Liam dizendo que tudo daria certo e que não tinha com o que se preocupar. O professor chegou e automaticamente todos ficaram em silêncio. Seus cabelos eram escuros, assim como sua barba. Ao contrário de seus olhos cansados, seus lábios formaram um sorriso assim que observou momentaneamente os alunos.

− Bom dia! Vejo que todos estão bem animados às oito da manhã. Meu nome é Darcy Button, sou professor de literatura de Juilliard e, não, eu não sou o Mr. Darcy de Orgulho e Preconceito. Na verdade, sou algo totalmente antagônico a esse nobre personagem de Jane Austen. Mas nós não vamos falar sobre isso hoje, não é mesmo?! Todos trouxeram o livro Corcunda de Notre Dame, certo? – Alguns negaram e o professor sorriu. – Muito bem! Quem não trouxe, se junte a alguém que tenha a obra em mãos e vamos começar a crítica sobre o livro.

Harry abriu o livro na primeira página de forma lenta e deslizou seus dedos pela folha. Como pode ter mãos tão lindas como aquelas? Não basta somente suas covinhas adoráveis e seus olhos esverdeados? Sem falar nos cachos, na forma como se move e em sua voz rouca que parecem moldar cada sílaba de um jeito único.

Beatrice estava sentada na carteira da frente de Harry e jogou seus cabelos, acertando em cheio o rosto do encaracolado que imediatamente se esquivou.

− Hey, você está tentando me cegar? – Harry perguntou sem realmente estar bravo e eu abaixei meus olhos tristemente.

Beatrice deu uma risada e virou para encarar Harry, apoiando seus dois cotovelos em cima da carteira do encaracolado.

− Acredita que esqueci meu livro? – Disse fazendo um bico, tentando parecer adorável. Harry, no entanto, apenas ignorou e se abaixou para pegar o moletom que havia caído no chão.

− Acredito. – Falou sem se importar muito.

− Hm. Então, eu pensei que t-

− Harry! – Niall gritou, chamando até mesmo a atenção do professor que esperava todos se acomodarem e pegarem o livro do Corcunda de Notre Dame. – Posso sentar com você? Esqueci o livro.

Harry deu aquela sua risada engraçada e característica e fez um gesto com a mão para que Niall se aproximasse.

− Claro! – Niall, que estava sentado em uma carteira em frente à minha, pegou seu material e sorriu grandemente.

− Eu nem li o livro, cara. – Sussurrou para mim como se contasse seu pior segredo. Fez uma careta olhando a capa e se afastou para sentar em uma carteira ao lado de Harry.

Shy Soul (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora