XVIII. O adeus

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Meu coração doía de tão apertado que estava. As lágrimas caíam uma atrás da outra incontroláveis. Eu mal conseguia enxergar um palmo diante do nariz com a visão embaçada. Meus soluços acordaram Liam que imediatamente se prontificou para me consolar mesmo sem entender o que acontecia. Não consegui pronunciar uma única palavra com a voz embargada. Então ele somente me abraçou forte e massageou meus cabelos enquanto sussurrava que tudo ficaria bem.

Mas eu sei que não era verdade.

Era difícil demais acreditar que meu pai, meu herói, aquele que atravessaria o oceano para estar ao meu lado, havia partido para nunca mais voltar.

A dor era insuportável.

Pelo que minha mãe havia conseguido dizer pelo telefone, meu pai foi afastado de nós por algo tão cruel e egoísta que eu não poderia descrever. Um assalto à mão armada tirou sua vida rapidamente. Uma bala ricocheteou acertando meu pai em cheio sem nem dar chance a ele de se defender e muito menos sobreviver.

Eu não o teria mais comigo por culpa dessa injustiça.

Assim que finalmente consegui contar a Liam o que tinha acontecido, ele também chorou. Compartilhou um pouco o meu sofrimento. Além disso, mesmo sendo quase quatro da manhã, ligou o computador e comprou uma passagem de avião para mim com destino a Londres e outra passagem de ônibus que me levasse direto para Doncaster. Assim eu poderia voltar imediatamente e ficar ao lado das pessoas que eu mais precisava naquele momento.

Minha família.

Ou o que sobrou dela.

Arrumei uma pequena mala com algumas roupas e coisas necessárias. Liam nem dormiu me ajudando e eu estava extremamente grato por isso. Meu voo sairia cedo e eu precisava chegar ao aeroporto o quanto antes. Queria ir logo para casa. Minha mãe precisava de mim do mesmo modo e na mesma intensidade que eu precisava dela.

Olhei para o espelho do banheiro e minha imagem se refletiu, revelando meu rosto inchado e meus olhos lacrimejados.

Desde que recebi a notícia, não parei de chorar por um minuto sequer.

Funguei e enxuguei os olhos ao sair do banheiro e observei o relógio na parede. Já era sete da manhã e precisava me apressar.

Contudo, antes de partir, queria falar com Harry e receber um abraço quentinho de seus braços. Esperava que ele tivesse me perdoado e esfriado a cabeça. Esquecido o que tinha acontecido naquela noite, pois eu precisava dele naquele momento.

─ Eu queria ver o Harry antes de ir. ─ Falei com a voz embargada deixando lágrimas rolarem por minhas bochechas rosadas e segurando um suéter que meu pai me dera de aniversário.

Liam me lançou um olhar tristonho e concordou sem dizer nada. Colocou sem braço entorno de meus ombros e, depois que peguei minha pequena mala, caminhamos pelos corredores até chegar ao quarto que Harry e Zayn dividiam. Não havia praticamente ninguém vagando por ali. A maioria provavelmente tinha ido à festa e dormiria o máximo que pudesse.

Liam deu batidinhas na porta e esperou até ouvir passos cansados do outro lado. Zayn apareceu em nossa frente, esfregando os olhos e apenas usando boxer. Lançou um olhar preocupado assim que viu meu rosto inchado e não pôde conter o bocejo que saiu por entre seus lábios.

─ O que aconteceu? ─ Perguntou para Liam que tinha suas bochechas coradas e encarava desconcertado o chão.

─ O Harry está aí? ─ Liam indagou evitando tocar no assunto da pergunta de Zayn.

─ Não. Ele saiu quase de madrugada. Disse que precisava esfriar a cabeça. ─ Zayn levantou as sobrancelhas. ─ Está tudo bem?

─ Q-Quando voltar, você pode pedir para ele me ligar? Por favor.

Shy Soul (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora