XXII. Em seus braços

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Deixei minhas bagagens em cima da cama. O quarto que eu compartilhava com Liam estava vazio, pois ele provavelmente deveria estar na aula de Iniciação à Orquestra.

Como eu havia sentido falta de Juilliard!

Era difícil descrever a sensação maravilhosa que me preenchia ao voltar ali finalmente.

Depois de minha mãe falar por um dia inteiro sobre o porquê de eu precisar voltar para a escola de música, comprei uma passagem para Nova Iorque. Mesmo assim, a fiz prometer me ligar todos os dias e não ficar muito tempo sozinha. É claro que eu estava preocupado, mas, apesar disso, Jay parecia bem melhor em comparação ao luto em que permaneceu por diversos dias.

Não contei a Harry que iria voltar a Juilliard. Além de nossas conversas por telefone terem sido um desastre nos últimos dias, queria fazer uma surpresa que o deixasse com um sorriso de orelha a orelha. Na verdade, era mais provável que ele fosse desmaiar assim que me visse e depois morder todo o meu nariz por não contar antes e deixá-lo sem a mínima ideia da minha volta. Mas eu ia gostar de qualquer maneira. A vontade de enrolar meus dedos em seus cachos era tanta que mal podia controlar minha ansiedade.

Sem mais delongas, resolvi ir em direção ao prédio onde as aulas aconteciam. Se a porta estivesse um pouco aberta como o senhor Carter sempre deixava, talvez eu desse uma espiada pela fresta se ninguém me pegasse ali. Além de Harry, eu não via a hora de ver Liam, Zayn e Niall. Acabei perdendo contato com eles também nesse intervalo de tempo devido ao meu celular debilitado.

Caminhei pelos corredores vazios e silenciosos até, por fim, chegar ao meu destino. Agradeci aos céus pelo professor ter deixado uma fresta aberta como de costume e andei cauteloso até ela.

Estreitei os olhos para encontrar Harry e não foi difícil. Afinal, ele era o único sentado diante do piano naquela sala. Meu coração disparou em expectativa apenas por encontrá-lo. Minhas mãos suavam e minha bochecha já ganhava seu forte tom avermelhado tão comum.

Minha vontade era de diminuir nossa distância, passar os braços ao redor de seu pescoço e agarrá-lo para nunca mais soltar. Ele estava maravilhosamente belo tocando o instrumento. Concentrado, de olhos fechados, os músculos modulando seu corpo por debaixo do moletom, o cabelo jogado para trás em um topete e, mesmo um pouco longe, notei uma rala barba que me fez soltar o ar preso nos pulmões.

Mais uma vez eu estava ali a observá-lo e mais uma vez eu não conseguia parar de amar cada centímetro seu.

Levei um susto quando o sinal tocou e me afastei da porta meio constrangido. Andei até os murais que ficavam a certa distância da sala e que me dava uma visão privilegiada da porta, além de ajudar a esconder meu corpo. Por mais que desejasse incontrolavelmente estar perto de Harry, eu não poderia de modo algum estragar a surpresa que pretendia.

Os alunos começaram a sair um a um das salas de aula ao meu redor. Alguns estudantes de minha turma me reconheceram e dei a eles um aceno envergonhado e totalmente constrangido por seus olhos estarem colados em mim mesmo que por um breve instante.

─ Louis? ─ Beatrice disse surpresa ao me ver ali. Virei para ela e notei sua expressão de descontentamento. Ela não conseguia nem disfarçar seu repúdio. ─ O que está fazendo aqui?

Como o que eu estava fazendo ali?!

Eu estudava ali, oras.

Por vergonha e ao notar que mais colegas suas se aproximavam, resolvi ignorar seu desgosto. Mais por medo de ser rechaçado do que qualquer outra coisa. Eu preferia que nem ao menos ela tivesse me notado. Economizaria minhas energias.

─ Eu voltei. ─ Falei em um sussurro, pois sentia os olhos dela e de seu grupo me avaliando de cima a baixo.

─ Que você voltou, eu já percebi. ─ Disse em um tom ríspido me deixando completamente sem jeito. Até meu pescoço queimava de vergonha. Suas amigas deram risinhos zombeteiros. ─ Só quero ver se vão te aceitar ainda depois dessa quantidade de faltas.

Shy Soul (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora