XXVI. Segredo

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Olhei distraidamente os dedos de Harry passando pelas minhas juntas delicadamente e levei mais uma garfada à boca. Com sua outra mão, pegou o próprio garfo e roubou um tomate de meu prato. Dei um leve tapa em seu braço e Harry deu uma risada relaxada com minha reação.

Era apenas eu e ele naquela mesa. Niall, Liam e Zayn já haviam almoçado há algum tempo e pelo motivo de estarmos muito entretidos um com o outro acabamos perdendo o horário para encontrá-los.

Niall estava irremediavelmente feliz. Acabara conseguindo a vaga para flauta da Orquestra Filarmônica da Irlanda para a apresentação de final de ano. Seu sorriso era tão grande quando deu a notícia que era capaz de rasgar o rosto. Só depois nós contamos que apenas eu consegui passar na seleção para a apresentação de fim de ano da Orquestra Filarmônica. Niall fez um discurso sobre o modo como eles avaliavam. Que era ultrapassado, não valorizava os melhores e que havia cometido um erro terrível por não ter passado Harry, Liam e Zayn. Estava tão revoltado que Harry precisou acalmá-lo dizendo que às vezes certas coisas não são para acontecer.

Niall não se acalmou tão fácil, embora. Era difícil aceitar aquilo e eu sabia disso. Por mais que Harry viesse com o discurso de que não era para ser, ele não havia tentado à toa. Sei que queria ter conquistado a vaga tanto quanto eu.

Beatrice e suas amigas se aproximaram de nossa mesa e sentaram em uma vaga um pouco próxima da nossa. Seus olhos fulminavam ao meu encontro. Desde o dia em que saiu o resultado, parecia querer cortar minha cabeça assim como a Rainha Vermelha de Alice no País das Maravilhas. Além disso, seu sarcasmo era visível e sua raiva ainda mais.

Como notei, Harry percebeu o comportamento de Beatrice. No decorrer da semana, com as demonstrações de desprezo da parte dela em minha direção, ficava tudo muito claro para quem quisesse ver. Ele não dizia nada, mas dava para sentir somente em estar ao seu lado que estava prestes a explodir com ela.

─ Vamos? ─ Falou assim que as garotas começaram a cochichar, provavelmente caçoando de mim.

─ Ainda não terminei de comer. ─ Olhei para a salada de meu prato que Harry insistiu que pegasse. ─ Os meus tomates.

Apontei para a coloração avermelhado no canto do meu prato. Ele riu abertamente e deu um beijo em meus cabelos.

─ Ok. Então coma os seus tomates e depois nós vamos. ─ Sorri para ele que roubou um beijo rápido de meus lábios.

Sua boca tinha gosto de torta de pêssego, a sobremesa que nos fora dada.

Comi rapidamente para sairmos de lá o quanto antes. Eu não suportava mais as fofocas daquele grupo de garotas. Esperava que um dia Beatrice percebesse o quão ridículo era e cessasse suas implicações.

Assim que terminei, levantei junto a Harry para ir embora. Peguei minha mochila surrada e dei leves batidinhas para tirar o pouco pó que a cobria enquanto Harry segurou minha bandeja já que eu tinha alguns livros para carregar na mão.

─ Harry! ─ Beatrice chamou alto o suficiente para que ele ouvisse. Virei para Harry que tinha uma expressão impassível no rosto. Fingiu não escutar seu chamado e continuou andando. ─ Harry!

─ Os livros estão muito pesados, amor? ─ Dirigiu-se a mim e neguei com a cabeça um pouco confuso. Harry continuava ignorando os gritos de Beatrice.

Assim que demos o primeiro passo para fora do refeitório, ele segurou minha mão e tentou pegar meus livros, mas não o deixei. Eu não era pequeno e nem fraco para ser ajudado a todo instante. Harry fez um careta contrariado, mas logo depois sorriu.

Shy Soul (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora