XI. Edital de seleção

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Eu estava sentado na cama do dormitório trocando mensagens com Harry enquanto fazia as atividades da aula de partitura. Nós passamos o fim de semana assim. Um querendo saber mais sobre a vida do outro. Contei a ele meu amor por pizzas e filmes da Marvel. Omiti a parte de filmes da Disney por medo do encaracolado se afastar.

Era tolice a minha, claro, pois ele já sabia que gostava de Monstros S.A., porém a insegurança sempre falou mais alto.

Quando você passa a vida tendo poucos amigos aprende que na medida em que se abre e fala sobre seus gostos e manias, as pessoas se afastam por verem que você não se encaixa no estereótipo esperado.

E, por mais que gostasse de Harry e ele me fizesse bem, eu não o conhecia suficiente para confiar integralmente.

Tentamos marcar um encontro novamente no fim de semana, entretanto foi em vão. Tanto ele quanto eu estávamos com pendências de exercícios e treinos até o pescoço. Por isso, as mensagens tornaram-se o meio mais adequado.

Ainda bem que amanhã já é segunda.

Olhei com uma expressão confusa aquela mensagem.

Quem é que comemora a chegada de uma segunda-feira?

Por quê? Acho segunda o dia mais torturante para se acordar cedo.

Harry enviou uma resposta segundos depois.

Também acho. Mas se acordar cedo significa vê-lo, eu realmente não me importo.

Mesmo que Harry não estivesse ali, meu rosto corou e sorri inconsciente do ato. Logo o celular vibrou novamente ao receber uma nova mensagem do encaracolado.

Sei que está corando e queria estar aí para ver.

Escondi o sorriso com a manga do pijama e joguei a franja agora curta para o lado.

− Parece que a aula de partitura está te rendendo diversos sorrisos. – Liam deu um olhar sugestivo.

Ele também se encontrava sentado de pernas cruzadas no meio de diversas papeladas e com o violino na beirada da cama. Como se possível, enrubesci mais ainda com seu comentário. Eu havia contado a Liam, assim que cheguei no começo da noite de sexta, o meu encontro com Harry. Riu do meu jeito de bobo apaixonado, mas escutou atentamente, além de perguntar os detalhes que timidamente revelei.

− É o Harry. – Disse o óbvio e Liam sorriu. – E Zayn?

− Foi visitar os pais. Eles moram aqui e fica mais fácil de vê-los. Zayn queria me apresentar a eles, mas com a quantidade de tarefas não tive como ir. Talvez eu vá na próxima semana, se não tiver tantas atividades. O que acho difícil.

− Quero me dedicar mais ao violoncelo essa semana. Vou tentar decorar minhas falas para ter que me preocupar somente com teatro durantes as aulas. Ainda bem que já fizemos as anotações para literatura. É uma matéria a menos.

− Se terminarmos a lição de partitura, será que dá tempo de assistir um filme hoje? Divertida mente? Baixei no computador e tenho cabo para conectar a TV. – Liam me olhou com seus castanhos olhos suplicantes. Não tinha como negar.

− Pode ser. – Dei um sorriso a ele e senti meu celular vibrar mais uma vez.

Louis?

Era uma mensagem de Harry que provavelmente estava esperando eu enviar alguma coisa de volta. Sorri ao imaginá-lo com os olhos vidrados na pequena tela esperando por uma resposta. Conferindo a cada dez segundos para que o celular vibrasse.

Shy Soul (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora