XX. Guffo

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Meus amores, me perdoem pela demora excessiva. Tudo o que podia ter dado errado nesses dias comigo, deu. Tive tantos trabalhos e provas que até perdi a conta. Mil desculpas por isso.

Espero que gostem do capítulo e peço que comentem, por favor. Os comentários caíram bastante e isso me desanimou um pouco.

-x-

Dei uma espiada pela fresta da porta do quarto de hóspedes para encontrar minha mãe encolhida na cama, meio acordada. Provavelmente estava fingindo para não ser incomodada. Jay malmente comia e muito menos conversava nesses dois dias que passaram. Harry era o único que realmente estava presente em seus pensamentos comigo. Prometera ficar em Doncaster durante uma semana e, no próximo domingo, voltar para Juilliard me levando junto.

O problema é que eu não tinha certeza se voltar era o certo a se fazer naquele momento.

Deixar minha mãe sozinha estava fora de cogitação.

Não ficaria de bem comigo mesmo se a abandonasse em casa. Deixando-a passar por dias tão deprimidos e solitários. Além disso, eu também não me sentia bem. Podia sorrir perto de Harry ou rir baixinho de alguma piada sua, mas a verdade é que eu só precisava de uma válvula de escape para fugir desse sentimento de angústia e impotência toda vez que lembrava de meu pai.

No entanto, eu podia ver nos olhos esverdeados que ele não acreditava por um minuto sequer na minha alegria falsa. Sentia Harry notar a tristeza por debaixo da máscara de um sorriso torto e envergonhado.

─ Mãe? Está acordada? ─ Perguntei cauteloso e constatei um leve mexer de cabeça, confirmando positivamente. ─ Está com fome?

Aproximei-me da cama e seu corpo se encolheu ainda mais. Como se tivesse medo de enfrentar o que estivesse fora das cobertas. Negou com a cabeça. Tanto seus olhos quanto seu rosto estavam inchados e vermelhos. Meu coração martelou dentro do peito provocando uma dor absurda.

─ Onde Harry está? ─ Perguntou com a voz falha quase em um sussurro engasgado.

─ Ele saiu... ─ Falei vagamente. Harry não havia me dito exatamente onde fora. Dissera que passaria no mercado para comprar algumas coisas e depois resolveria algo particular. ─ Disse que precisava resolver alguns assuntos e que logo voltava.

─ Ele é um garoto muito especial. ─ Deu um sorriso sem ânimo e sorri verdadeiramente a ela. Sei que minha mãe, apesar de não demonstrar seus sentimentos, estava falando o que realmente pensava sobre eu e Harry.

─ Eu sei. ─ Concordei. Passei as mãos por seus cabelos e tirei algumas mechas que tampavam seu rosto. Seu cabelo tão lindo e brilhoso estava agora oleoso e quebradiço. O luto a deixara sem ânimo nem mesmo para cuidar da aparência. ─ Preparei um chá com biscoitos. Ele tem pequenos pedaços de goiaba.

─ Não estou com fome, Lou. ─ Explicou desanimada e fiz minha melhor expressão de desânimo por ela estar recusando algo que eu havia preparado.

─ Por favor. Senão terei de tomar café sozinho. ─ Pedi quase implorando. Minha mãe me analisou por alguns segundos, mas depois cedeu e deu lugar a um sorriso meigo e tristonho.

Ajudei Jay a se levantar da cama e descemos as escadas até chegar à cozinha. Assim que a acomodei na cadeira de frente para um chá de camomila quentinho, a companhia tocou e tive certeza de que era Harry. Andei a passos rápidos até a sala de estar. Estava com saudades do garoto de cachos. Ele tinha ficado praticamente o dia inteiro fora e não me ligara uma única vez.

Assim que abri a porta, me deparei com ele. Deu um sorriso nervoso e beijou o topo de minha cabeça, meu nariz e suavemente meus lábios. Segurou minha cintura no beijo e deixei me deleitar pela sensação. Meu coração ganhava vida só de estar perto de Harry e a dor que a falta de meu pai fazia aos poucos diminuía.

Shy Soul (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora