VI. Orgulho e Preconceito

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− Desculpa, Lou. – Liam repetiu sentado na cama enquanto me via andando de um lado para o outro à procura de meus vans preto.

− Já disse que não tem problema. – Abaixe-me ao lado da cama. Ali estavam.

− Mas é que eu me sinto um pouco culpado. – Ele explicou. Fez uma expressão triste de cortar o coração.

− Eu não me importo de estudar sozinho. De verdade. E você vai estudar com o Zayn. Não tem porque ficar mal de maneira alguma. Estou feliz por isso.

− Então depois que eu voltar, nós comparamos as anotações. Tudo bem? – Perguntou e um leve sorriso apareceu em seu rosto.

− Uhum. – Comentei e sorri ao virar para ele. – E depois você vai me contar o que aconteceu.

Suas bochechas avermelharam e ele escondeu o rosto entre as mãos.

− Nós só vamos estudar juntos. – Sussurrou e ri de sua reação.

− Eu sei, mas mesmo assim quero que você me conte.

− Ok. Ok. – Disse derrotado. – Aonde você vai?

− Vou à biblioteca. – Fui até o guarda-roupa e retirei de lá meu suéter cinza com pequenos desenhos de bananinhas amarelas com pintinhas pretas. – Não emprestei o livro ainda e lá é um bom lugar para se estudar. Deve estar vazia, porque a maioria dos alunos ou está em aula ou dormindo por ser tão cedo.

− Verdade. – Falou ainda de pernas cruzadas e sentado na cama. – Gostei do suéter.

− Obrigado. – Agradeci já sentindo as bochechas corarem. – Já está bem velhinho. Ganhei faz uns cinco anos da minha avó.

Eu estava com vestimentas simples. Uma calça de moletom preta, porém justa e com mancha de tinta na barra, meus vans também preto, uma camiseta cinza e o suéter com pequenas bananinhas. A preguiça de escolher e vestir algo melhor reinou e peguei a primeira roupa que encontrei. Rezava para que ninguém me visse naquelas roupas. Motivo este que eu apressaria meu passo até a biblioteca.

Assim que me despedi de um Liam nervoso com a expectativa de estudar com Zayn, fui até a biblioteca que ficava em um prédio do outro lado do refeitório. Minha franja caía em meus olhos e isso já estava se tornando extremamente frustrante. Mais cedo ou mais tarde, teria de cortá-lo urgente.

Abri o pequeno pacote em minhas mãos. Manjar turco. Os mesmos que Edmund ganhara da Feiticeira Branca em As Crônicas de Nárnia. Tive vontade de comê-los a partir do momento em que os vi pela primeira vez no filme.

Quando descobri que a cantina da esquina vendia tais doces, tratei logo em comprá-los. E agora aqui estou. Me deliciando e com a boca cheia de açúcar.

Depois de andar por uma pequena estrada de pedras, cheguei à biblioteca e escondi o pacote por debaixo de meu suéter. Era proibido se alimentar, beber e fumar ali.

A biblioteca permanecia tão silenciosa que o silêncio me provocou certa estranheza. Mesmo assim, a bibliotecária malmente me viu chegar. Estava totalmente concentrada em um livro que tinha em mãos.

Caminhei com cuidado para não fazer o chão ranger e a atenção das pessoas que ali estavam se voltar até mim. O professor havia dito que os livros de Jane Austen ficavam na seção B da biblioteca e era para lá que eu iria.

Roubei um manjar turco de dentro do pacote assim que cheguei a tal seção tendo certeza que ninguém me observava quebrar as regras da biblioteca. Dedilhei os livros com a outra mão pelo local onde estava o que eu precisava.

Shy Soul (Larry Stylinson)Where stories live. Discover now