Epílogo

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Dormi à tarde inteira e acordei sonolento ao ouvir o barulho de panelas e o cheiro gostoso de torradas vindo da cozinha. Harry, com seus dons culinários, deveria estar preparando um café da tarde delicioso para nós dois. Com fome, saí da cama vestindo apenas seu moletom que ia até meus joelhos, cocei os olhos com o punho das mãos e desci as escadas cambaleando.

Pulei os últimos dois degraus e quase caí de bunda contra o chão. Pude ouvir Harry cantarolando uma música dos anos 80 e notei pela primeira vez o quanto ele cantava bem. Claro que ele já havia sussurrado algumas músicas enquanto eu estava deitado contra o seu peito antes de dormir e a insônia não o deixava em paz, mas nada era como ouvi-lo cantar a plenos pulmões.

Passei pela sala de estar onde havia o piano de Harry ocupando o canto direito. Ele insistira em ter um ali. Avistei a foto de meu pai em cima da mesinha de centro e a peguei. Fazia algum tempo desde que ele sofrera o assalto e tinha nos deixado. Mesmo assim, toda vez que lembrava, a saudade batia em cheio contra o peito. E ele estava tão lindo naquela foto que eu escolhera para enquadrá-la. Lembrava exatamente quando tínhamos tirado a foto. Fora na época em que terminei o colegial e ele tinha comprado um carro antigo que acabara se apaixonando perdidamente pela lata velha. Sorri me lembrando dos tempos em que meu pai estava comigo.

Guffo passou correndo por mim até chegar à porta de entrada e parou de frente para ela para que eu a abrisse e o deixasse sair. Era sempre assim. Ele esperava apenas a minha aparição para pedir para ir lá fora. Soltei um riso baixo e fui até a porta destrancá-la. Guffo saiu em disparada até o jardim e iniciou sua corrida pelo gramado.

Balancei a cabeça e bocejei de sono. Cansado, andei até a cozinha e observei Harry de costas para porta e de frente para a pia cortando um queijo em cubinhos e ainda cantarolando animado. Arrastei meus pés até ficar perto de seu corpo e encostei minha cabeça em suas costas, fechando os olhos em seguida. Ele riu descontraído e passou a mão por minha cintura.

─ Muito sono, amor? ─ Perguntou e apenas afirmei com a cabeça ainda de olhos fechados. Harry virou o próprio corpo para segurar o meu enquanto se apoiava na pia e abri minimamente os olhos apenas conseguindo enxergar o sorriso de covinhas.

─ Me coloca em cima da mesa? ─ Pedi e rapidamente fui atendido.

Era um costume meu ficar sentado em cima da mesa o assistindo na cozinha e saboreando um pedaço ou outro de sua comida. No entanto, naquele momento, eu só queria um cubinho de queijo e dormir encostado contra a parede.

Harry deu um beijo gostoso em meus lábios assim que repousou meu corpo sobre a madeira e deitei minha cabeça contra a parede, sentindo o sono me puxar mais uma vez. Contudo, senti as mãos de Harry percorrer minhas coxas nuas e adentrarem o moletom comprido que usava. Involuntariamente minha pele se arrepiou. Sorri com seu toque e pareceu um incentivo, pois ele deslizou seus dedos até chegar a meu quadril e puxar meu corpo para o seu.

─ Eu não posso nem mais dormir... ─ Brinquei e Harry riu.

─ Não. Não pode. ─ Deu um beijo em meu pescoço e o mordeu forte. Provavelmente deixou marcas de seus dentes, porque um segundo depois deixou um beijo no local.

─ O que você está cozinhando?

─ Torradas, ovos com queijo e bacon e suco de laranja para ajudar a descer todas as calorias. ─ Ri de seu bom humor. Harry pegou um cubinho de queijo e colocou em uma das minhas mãos. ─ Quer chá?

─ Uhum...

Levei o queijo à boca e o mastiguei com fome, sentindo minha barriga já dar sinais de quem queria comida. Harry voltou sua atenção para o que estava fazendo antes que eu chegasse e acordei um pouco mais para prestar atenção em seus movimentos na cozinha. Balancei meus pés que não consigam nem alcançar o chão e observei o azulejo branco que o cobria.

Shy Soul (Larry Stylinson)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora