Capítulo 18

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Sarah ia em direção ao carro de mãos dadas à filha. Kat segurava firmemente entre seus braços Teddy e Dolly. Os dois bonecos possuíam as faces apertadas uma contra a outra. A mãe de Kat abriu a porta do carro e a garota entrou sozinha junto a seus brinquedos.

- Vou me despedir da vovó e já volto, meu bem. Coloque o cinto enquanto isso. - Sarah sorriu pela janela e voltou em direção a casa.

Dona Célia estava parada em frente a porta de entrada. Sarah ficou de frente para a mãe e mandou um último olhar para o banco de trás do carro onde Kat brincava e conversava com Teddy e Dolly.

- Sarah... Você tem certeza que é uma boa ideia? - Dona Célia estava preocupada.

- Mãe, eu preciso levá-la. Dr. Alan está morto. Mel o matou, mãe. Você acha que vou deixar minha filha sozinha nessa casa com um demônio andando por ela? - mantinha os olhos tocados no da outra.

Dona Célia ficou calada por um momento.

- Ela não está sozinha... Eu cuido bem dela.

Sarah suspirou.

- Mãe... - abraçou Dona Célia. - Eu não quis dizer isso. É que Kat fica muito sozinha no quarto dela, eu sei que ela prefere isso. Não eu do que seria eu sem você, mãe. Você não tem noção do quão grata eu sou a Célia Forgent. Foi essa mulher que me deu todo o apoio quando eu precisei. Quando eu descobri que Kat tinha esquizofrenia.

Ficaram caladas.

- Eu entendo, querida. Tem sido difícil para nós.

- Muito!

Suspiraram juntas.

- Eu vou indo. Vou mais cedo para o parque com ela para voltar mais cedo também.

- Não fique até tarde na rua e não tire os olhos de Kat, filha. Mel está saindo por entre as janelas... Dr. Alan é a prova.

- Seria tão bom fechar todas as janelas enquanto ela estiver lá fora tomando um ar. - riu levemente, porém no fundo era o que realmente queria, mesmo sabendo que não funcionaria.

- Vá com Deus. - Dona Célia se despediu.

- Fique com Deus também, mãe. - despediram-se com uma abraço.

Sarah entrou no carro e pôde ouvir Kat falando alguma coisa com seus bonecos.

- Vamos brincar muito. - fez uma pausa. - E não, nunca mais vamos brincar com a Mel.

Aquela última fala entrou e dominou os pensamentos de Sarah. Ela não havia contado da morte de Dr. Alan para Kat, e a mesma por seu tom de voz demonstrava-se com medo da outra garota.

Isso não foi uma morte isolada.

"- Sarah, vem aqui... Vamos conversar.

Os passos correram ao encontro da mãe, sentada no sofá da sala.

- Sim, mamãe. - a garotinha parou focando atenção na face de sua mãe. - Você está chorando?

Célia tinha um lenço em suas mãos,e com a fala da filha, mais lágrimas escorreram. Secou-as imediatamente.

- Temos que conversar, meu amor. - mordeu os lábios fortemente, segurando o peso do coração.

- O que aconteceu? - Sarah agarrou-se nos braços da mãe preocupada.

- O papai... - começou a gaguejar e limpou as novas lágrima que jorraram desesperadamente.

- O que tem o papai? - a garotinha começou a chorar, também, mesmo sem ter noção do que estava acontecendo.

- Sarah... O papai estava trabalhando e aconteceram coisas... - fez uma pausa e apertou o abraço ainda mais, tentando aumentar as forças para contar.

- Mamãe, fala. Eu to com medo. - Sarah agora também tinha as lágrimas saindo desesperadamente de seus olhos.

- Ele não aguentou, meu amor. O papai morreu...

- Não! - Sarah gritou.

-Meu amor, se acalme. - Célia voltou a chorar insistentemente, dessa vez ainda mais. Compartilhava a dor da perda com a filha e a dor era infernal.

- Não! Mamãe, isso não aconteceu! - ela gritava em desespero.

- Meu amor, aconteceu. Ninguém queria isso!

- Mamãe! Não pode. Eu quero o papai.

Um grito de dor tomou conta de cada canto da casa.

- Papai!

- Papai!

- Eu te amo, papai!"

Sarah voltou à tona.

- Não vamos ao parque, mamãe? - Kat perguntou colocando a cabeça ao seu lado.

- Vamos sim, meu bem. - limpou rapidamente uma lágrima que escorria pelo seu rosto. - Próxima parada o parque. - forçou-se a afastar as lembranças.

- Ao parque! - Kat gritou e levantou seus brinquedos.

O carro ligou o motor e se afastou da casa. Dona Célia abanou os braços em despedida e trancou a porta, girando a chave duas vezes. Em seguida girou a maçaneta para conferir se estava bem trancada.

Vamos Brincar, Kat?Where stories live. Discover now