Capítulo 44

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Kat mesmo ainda sofrendo dor em todo seu corpo, marcada pelas investidas brutais de Dra. Shoes e seus capangas, não sofria como antes. A dor atenuada passava despercebida ao ser abraçada pelos braços calorosos de sua mãe. Como ela sentira falta daquela sensação reconfortante. Não sabia quanto tempo passara presa naquele lugar. Se foram dias, semanas ou, quem sabe, um mês. Ela havia perdido completamente a noção de tempo. Caso alguém a perguntasse, ela diria que no mínimo duas semanas se arrastaram naquele local.

Contudo aquilo não importava mais. Ela estava de volta aos cuidados de sua mãe. Suas últimas lembranças eram complexas, não tinha certeza das coisas que se lembrava. Dra. Shoes gritava com ela repetidas vezes e a agredia de diversas maneiras distintas.

- Fala, criança! Admite logo que você matou Dr. Alan e Melanie. - seus gritos eram ensurdecedores e arrebatavam Kat, fazendo-a estremecer sem forças. - Não venha novamente com essa história de Mel! - uma chicotada em suas costas acompanhava o nome.

Recordava-se de ouvir tiros e Dra. Shoes parar o que fazia, deixando o quarto. Foram os poucos segundos de intervalo que ela teve para poder sentir a dor. Em seguida viu-se sendo arrastada pelo corredor e ficar do outro lado de uma escada. Sua boca emitia gemidos, coberta pelas mãos frias da mulher. Viu a imagem de um homem que não lhe era estranho ser arrastado até a sala de tortura por Gare, onde quem o esperava era George. Dra. Shoes a arrastou em seguida pela escada abaixo. Na fração de segundos em que ela era levada para um outro corredor, viu a rua por uma porta de aço aberta. Remexeu-se nos braços firmes da outra, tentando se soltar e correr para qualquer lugar longe dali. Em vão. Não tinha forças para combater aquela mulher.

O que aconteceu a seguir fora em um compasso descontrolado. Ficaram paradas e em completo silêncio, numa espécie de escritório. Kat, ao ver a psicóloga pegar uma arma sobre a mesa, preferiu não tentar se soltar, e ficar o mais quieta possível. Ela ouviu outro tiro vindo do andar de cima. Algum tempo depois um homem vestindo um terno entrou na sala, sendo seguido por Mel. A partir daquele momento, Dra. Shoes perdera o que lhe restava de sanidade e largou a menina. Sentira-se livre, mas não saboreou o momento. O homem de terno a pegou no colo e parecia a levar embora. Kat não sabia quem ele era. Tentava perguntar, mas sua boca estava completamente adormecida pela maneira que a mulher segurava seus lábios. Foi colocada no carro dele e foram para o hospital.

Kat não conhecia aquele homem. Ele se apresentou como um conhecido de Sarah, mas a menina não se recordava de suas feições. A visão de Kat era turva e não conseguia ver sua face muito nítida. No entanto, em meio ao sofrimento da dor acumulada, ela sentia que poderia confiar nele. Ele parecia ser uma boa pessoa.

Ela dormira em um quarto de hospital e acordara, não sabia quanto tempo depois, sentindo-se muito melhor. Olhou para a sala procurando alguém, mas a única outra presença ali era a de um enfermeiro que tirava um saco com um líquido estranho, como diria Kat.

- Está se sentindo melhor, Katherine? – o enfermeiro perguntou amigavelmente ao vê-la consciente.

- Quero falar com a mamãe e o amigo dela. – falou e obteve um curto riso como resposta.

O enfermeiro a colocou em uma cadeira de rodas, posicionada ao lado de sua cama, e a carregou até fora daquele cômodo. Ela não conseguia andar com os pés completamente envoltos por faixas brancas. Ela parecia metade múmia e metade humana.

Quando vira sua mãe novamente, agora com os traços nítidos, Kat não precisou forçar um sorriso. Esse vinha naturalmente e indolor. Os resquícios que ainda restavam se esvaíram ao sentir o toque leve de Sarah sobre suas pernas, braços e cabelo. Acariciando a pequena em movimentos lentos para aproveitar o máximo daquele reencontro.

Vamos Brincar, Kat?Where stories live. Discover now