Capítulo 28

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- Ela ainda não acordou?

- Parece que não.

- Mas o tempo de efeito da droga já terminou, não?

- Ela é uma criança. O efeito deve surtir durante um tempo maior.

- Você não pôs em menores quantidades?

- Você não pediu que eu colocasse...

- É claro que pedi, seu imbecil.

Kat começava a retomar os sentidos. Sua cabeça ainda estava confusa, porém voltava a se sentir consciente. A audição era o primeiro que estava a dar sinais de funcionamento. A voz grossa de dois homens era audível de onde a garotinha estava. Mesmo com a pouca noção de distância sabia que eles se encontravam em um cômodo diferente do dela.

- Você acha que ela pode morrer?

- Eu não sei! Não usamos isso em crianças.

- Mas é seguro?

- Drogas nunca são seguras! Mas acho que ela deve acordar.

- Você acha?

Em seguida a noção de tato e olfato retomaram ao comando. Sua cabeça estava abaixada. Seu corpo sentado em uma cadeira. Podia sentir agora perfeitamente. Suas mãos para trás amarradas fortemente. O pulso era prensado a cordas de maneira tão rígida que doía horrores. O cheiro da droga colocada sobre seu nariz ainda era perceptível, mas em pequenas quantidades. Sentiu a garganta coçar tentando trazer uma tosse à tona, contudo Kat segurou firme para não soltá-la na intenção de não demonstrar que já estava acordada. O odor infernal incomodou do mesmo modo seu estômago, que remexeu instantaneamente trazendo ao paladar um gosto do vômito ansiando a sair. Com bastante dificuldade a garotinha conseguiu controlar essa ânsia.

- George?

- O quê você quer?

- E se ela morrer?

Um silêncio pairou sobre o ambiente por alguns segundos.

- Menos um monstro pela cidade.

Uma mulher respondeu no lugar do homem. A voz dela tinha um tom de sarcasmo, mas era aquele mesmo sarcasmo que transmitia a veracidade de sua fala. Os passos do salto da mulher ecoaram abafados no outro cômodo. Em seguida o ranger da maçaneta junto a porta, arranhando o chão, fez com que os olhos de Kat se abrissem de súbito. Via apenas seus pés a frente. O cabelo mesmo não sendo comprido atrapalhava a visão da mulher.

- Doutora... - a voz de um dos homens a chamou.

Shoes...

O subconsciente de Kat sem ter a intenção de reconhecer o nome, sabia perfeitamente quem era aquela.

- Parece que ela ainda não acordou. - o homem a alertou entrando atrás dela no cômodo.

- Ela já está acordada! - a mulher respondeu de imediato. Kat sem ver a face da outra pôde sentir um sorriso macabro se abrindo em direção a ela.

Alguns toques do salto sobre o chão e os sapatos negros ficaram à mostra para os olhos de Kat. A garotinha mordeu o lábio um pouco confusa. Não sabia onde estava. Uma mão extremamente branca, quase albina, tocou seu queixo levantando de maneira leve sua cabeça.

- Bom dia, Kat! - a tal Dra. Shoes estava parada a sua frente curvada para chegar ao tamanho da garota. - Dormiu bem? - usava uma vestimenta branca, aparentemente de médicos militares.

Kat ao ver a face da mulher começou a remoer tudo o que acontecera na noite anterior. Raras cenas percorriam sua mente até o momento em que ficara completamente apagada. Teddy na janela se balançava com uma voz nada comum. Um tom mais grave do que o certo.

Vamos Brincar, Kat?Onde histórias criam vida. Descubra agora