1: Bem vindo ao Basso

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"Três anos passam voando... ── Felipe."

Coloquei meus pés no colo de Bruna, praticamente me deitando no banco em que nos encontrávamos no colégio esperando para que o sinal que dava início ao nosso ano letivo soasse. Voltei a minha atenção as pessoas que continuavam a transitar pelo pátio do Basso, reconhecendo vários rostos e desconhecendo muitos outros. Era sempre assim.

Várias pessoas novas ocupando o lugar de velhos amigos que já haviam se formado ou saído do colégio. O problema era que eu não gostava nem um pouco disso, de mudanças e pessoas ocupando lugares de quem já havia dono. É estranho, mas não gosto de ver todos que conheço indo embora sem dar explicações.

─ Temos novatos e novatas muito interessantes esse ano. ─ Bruna soltou enquanto eu terminava de comer minha maçã. ─ Deus abençoe a beleza carioca, meu amor.

─ É o nosso último ano e você aí preocupada com possíveis crushs? ─ a questionei. Ela apenas riu dando de ombros. ─ Você é inacreditável.

─ Me desculpe se você não tem um sensor para captar ironia, Maria Luísa ─ Bruna soltou fazendo uma voz grossa e jogando seus braços. ─ Estou brincando, Malu, apenas brincando.

Concordei em silêncio, voltando aos meus pensamentos sobre tudo que já tinha acontecido nesse colégio. Quem acredita, uh?

Último ano do colegial, último ano de aulas chatas, último ano na equipe de natação, último ano de vida adolescente...

─ Tomara que esse ano não aconteça nada de especial. ─ murmurei inconsciente. ─ Esse é o nosso último ano aqui e ele poderia ser perfeito, não é mesmo?

Bruna continuou fitando o nada, até pensei que ela não tinha escutado o que havia falado.

─ Eu tenho certeza que esse ano... ─ ela pegou uma de minhas mãos. ─ Vai ser o melhor.

─ B, não pode me prometer isso. ─ soltei nossas mãos, me pondo de pé e pegando minha mochila logo em seguida. Bruna imitou meus movimentos e logo estávamos prontas para seguirmos para dentro daquele tão famoso e conhecido colégio. ─ Esse ano não precisa ser o melhor, só preciso que nada aconteça para abalar com tudo como sempre.

[...]

Já tinha recebido, pelo menos, umas quarenta e cinco mensagens de Júlia. Sério, eu ainda não sabia como alguém conseguia digitar esse número de mensagens em apenas trinta segundos. Júlia com certeza é uma expert nesse assunto. E o WhatsApp era uma espécie de jogo que tinha sido criado especialmente para ela, algo do tipo "quantas mensagens você consegue mandar para sua melhor amiga em menos de meio minuto."

Se eu fosse uma aluna nova naquele colégio, com certeza já teria me perdido naqueles corredores. O Basso de Souza era como um pequeno e meticuloso labirinto, não sei quantas vezes já havia me perdido, mas com o passar dos anos, acaba ficando fácil de decorar os corredores certos e as salas também.

Andava de forma rápida pelo corredor que me levaria diretamente ao pátio. Andava tão apressada e focada naquela porcaria de celular, que acabei por esbarrar em ninguém mais do que ninguém menos do que Thomas Basso.

─ Desculpa, Malu. ─ ele me segurou pelos ombros para que eu não caísse.

Era estranho ter algum tipo de contato com ele depois de tanto tempo. Um estranho bom, porém, que seria trancado devido à escolha dele. Não me dei o trabalho de dar uma resposta a ele tampouco olhar em seu rosto.

Eu guardava uma mágoa muito grande de Thomas e ele sabia muito bem que eu tinha meus motivos para isso. Sabia tão bem que nem os contestava ou tentava se redimir, apenas agia como se fossemos desconhecidos.

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