BÔNUS: RAFAEL CUNHA

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"Você acha que sabe o que está fazendo da sua vida, mas a verdade é que não têm ideia. É como se tudo de uma hora para outra mudasse quando alguém te fala uma simples coisa e então, BAM, você não faz ideia do que está acontecendo. Ou quem você é. ── Maria Luísa."

Cara é sério! Você tinha que ver o estado que a Malu ficou. – Augusto explicava enquanto eu terminava de vestir minha camiseta. – Parece que entrou em um estado de choque. Não falava com ninguém e ficou sentada naquele corredor até você acordar.

Sorri com isso mesmo sabendo que Augusto deveria estar exagerando em sua explicação. De todo o modo, era bom saber que Maria Luísa tinha se preocupado comigo. Aquela era a primeira reação positiva que eu recebia desde que voltamos, deveria significar alguma coisa.

Depois que eu terminei de me vestir, Augusto me ajudou a sair daquele quarto de hospital e encontramos com a minha mãe parada na recepção do mesmo, terminando de assinar alguns papéis. Eu iria escutar um belo discurso sobre irresponsabilidade e brigas, mas merecia dessa vez. Única vez, vale ressaltar.

Augusto foi embora junto com o pai dele que tinha ido o buscar, e eu ainda fiquei mais um tempo no hospital, esperando minha mãe assinar aqueles papéis e falar com a tia Jane. Melhores amigas de infância, sabe como é.

Fui direto para casa depois que saí do hospital, precisava mesmo tomar um banho e ter um sono razoável sem ter uma agulha enfiada em um braço ou Augusto babando perto da minha mão. Obviamente antes de conseguir dormir minha mãe fez um dos seus discursos enormes sobre como era irresponsável da minha parte me envolver em brigas. Fiquei em silêncio o caminho inteiro enquanto ela falava, não fiz menção de interromper ou a contradizer; Sabia e muito bem que não foi nada inteligente ter partido para a agressão física.

Depois de umas cinco horas dormindo – ou até mais –, resolvi que ficar em casa sozinho olhando o teto não ajudava em nada. Felipe falou que eu deveria ir mais tarde lá e agora era mais tarde já.... E, bom, eu precisava falar com a Malu. Precisava mesmo.

Ela não apareceu mais depois que foi falar com Felipe e quando a mãe deles apareceu, apenas respondeu que realmente não sabia onde ela tinha se enfiado. Expulsou o Thomas e a B do meu quarto, mas deixou que Augusto ficasse comigo como companhia. Algum tempo depois, Felipe veio ver como as coisas estavam e também foi embora. Ele não sustentava a melhor expressão em seu rosto e aquilo me deixou curioso para saber o que havia acontecido.

Mas Felipe e o que supostamente tinha acontecido naquele quarto não me interessavam. O que tomava conta dos meus pensamentos era a cena que Maria Luísa e eu partilhamos no quarto daquele hospital.

Nós precisávamos conversar.

Precisava decidir o que faria em relação sobre todo aquele sentimento que eu ainda possuía em relação à Maria Luísa. Eu sabia que ainda gostava dela de alguma maneira, apenas não suspeitei que aquilo continuava tão forte e fora de controle como há três anos atrás. Digo, quando eu decidi aceitar a proposta do meu pai e passar algum tempo com ele, não foi apenas por passar um tempo com ele que eu fui. Claro que não. Precisava ver se controlava todo aquele sentimento por ela também. E ficar longe, na época, parecia uma boa maneira de amenizar aquilo.

Mas como amenizar uma coisa daquelas? Eu sempre gostei dela, descobri isso ainda quando era um moleque e o sentimento com o tempo apenas foi aumentando e tomando proporções enormes. Chegou o momento que eu não conseguia mais esconder aquilo e decidi fugir. É, eu sou um otário, um babaca e, ainda por cima, um covarde de primeira.

Só que neste momento não é o passado que importa ou que mereça toda essa comoção. O que está em debate é o presente e o que aquela cena significava para Maria Luísa. Porque ela significou o mundo para mim. E não saber se aquilo significou alguma coisa para ela estava... Me corroendo.

5inco | ✓Where stories live. Discover now