15: Choque de realidade

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"É, foi uma ótima maneira de terminar a noite. ── Felipe."

Já estávamos no segundo tempo daquele jogo e nenhum dos times tinha marcado algum gol quando cheguei em campo. Me posicionei ao lado de Bruna e fiquei encarando apreensiva os próximos passes do jogo. O que deixava as coisas muito tensas por aqui e podia apostar minha mesada de dois meses que Júlia não possuía mais nenhuma unha para roer.

Júlia me empurrou um par de pompons e voltou a focar sua atenção no jogo, urrando a cada dois segundos e me fazendo rir.

─ Não deu tempo de trocar de roupa? ─ Bruna me questionou.

─ Ou eu enfiava só o short por cima do maiô ou eu não chegava aqui a tempo. ─ expliquei. ─ Júlia iria me matar se eu não aparecesse.

Mais um garoto do nosso time foi ao chão e Augusto fez uma defesa extraordinária.

─ Ele é realmente bom. ─ B murmurou. ─ Parabéns pela vitória, a propósito.

─ Como sabe que ganhamos alguma coisa?

─ Fala sério, Maria Luísa. ─ foi a vez de Bruna rir dos urros de Júlia antes de voltar a me responder. ─ Com vocês competindo até parece que alguma outra pessoa tem chance de ganhar. Agora vamos focar no jogo. Espero que Augusto continue dando o sangue dele.

Não que nossos adversários fossem um time forte e toda aquela coisa, eles eram apenas os maiores adversários do Basso e não jogavam nada limpo. Acreditem em mim quando eu digo que eles jogam sujo, aquele garoto ruivo que sempre me emprestava um lápis nas aulas acabou saindo do campo carregado em uma maca por conta de uma jogada de ninguém mais ninguém menos do que Diego Medeiros. O cara mais desprezível que uma pessoa pode conhecer no ensino médio.

O jogo não poderia terminar assim, alguém tinha que marcar nem que fosse apenas um gol. Mas Augusto não estava disposto a deixar o time adversário chegar perto de fazer um gol e os amiguinhos babacas de Diego não jogavam limpo. Perdi as contas de quantas vezes Thomas foi para o chão e Júlia quase entrou dentro daquele campo para acertar Diego com o um megafone. Pelo amor de Deus: da onde ela tirou aquilo?

Mas então naquele momento, Rodrigo tomou a bola em sua posse e se aproximava cada vez mais do gol. Thomas e outro garoto davam cobertura para ele, não deixando que ninguém se aproximasse dele e quando Rodrigo entrou na área adversária, todos ficaram apreensivos pelo próximo movimento dele, esperando que ele passasse a bola para algum colega do time, mas ele não fez isso.

Ao contrário, ele chutou com toda sua força a bola para dentro daquele gol.

Rodrigo, para a surpresa de quase todos nas arquibancadas, marcou um dos gols mais lindos e fodas que o Basso já tinha visto. Por um minuto aquele campo todo caiu em um silêncio absoluto, apenas absorvendo o que tinha acabado de acontecer. Ele ficou muito tempo afastado do campo, ninguém mesmo esperava que ele fizesse aquele gol e ainda por cima daquele jeito.

Cortei aquele silêncio gritando feito uma maluca pelo nome dele. Não demorou nem meio segundo e a plateia toda explodiu em urros de alegria e aclamando pelo nome de Rodrigo. Thomas se jogou em cima dele, o derrubando por um momento, mas Rodrigo se colocou em pé rapidamente, começando a correr na direção onde todas as animadoras de Júlia estavam. Antes, trocou um aperto de mãos meio bagunçando com Augusto e voltou a correr na direção de onde estávamos.

Que falta de atenção a minha, ele voltou a correr na minha direção.

Bruna me empurrou, indicando que eu fosse até mais perto do campo e meio que incerta, movi meus pés até a marca branca que indicava o limite. Rodrigo não demorou muito para chegar, ele estava completamente suado, mas mesmo assim maravilhoso. Um dos sorrisos mais lindos era o dele naquele momento e eu me perdi ali por alguns segundos até ser acordada por suas palavras.

5inco | ✓Where stories live. Discover now