39: Sobre vestibulares, faculdades e o futuro

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"Bem vindo ao mundo dos adultos onde fracassar é mais comum do que você imagina. ── Rafael."

Existem momentos que ninguém prepara você e, então, você descobre sozinho algumas coisas e sensações. E, sabe, agora eu sei que nós precisamos viver esses momentos por algum motivo desconhecido. Digo, para um aprendizado maior.

Ninguém me preparou para a volta de Felipe e Rafael;

Ninguém me preparou para o meu término com Rodrigo;

Ninguém me preparou para encontrar com Guilherme depois de tantos e tantos anos;

Ninguém me preparou sobre Cícero;

Até tentaram me preparar para o vestibular e toda a pressão sobre o meu futuro, mas isso é uma daquelas coisas que você apenas aprende quando a vive.

O grande ponto dessa parte da minha história é que ninguém me preparou para um possível fracasso. Ainda mais para um possível fracasso em algo que me esforcei tanto para conseguir realizar. O fracasso em não entrar na faculdade.

A sensação de olhar a lista de aprovados da faculdade e não encontrar o seu nome ali, nela, deve ser a mais decepcionante de todas e a que mais alguém precisa de preparação na vida.

É uma coisa que não tem explicação, sabe? Ou até pode ter, mas são tantas as sensações ─ negativas ─ tomando conta do seu corpo que colocar em palavras todas elas simplesmente é... Horrível. Já bastam os pensamentos e as sensações: ninguém mais quer saber que, naquele momento, você se sente um lixo.

Quando não encontrei meu nome na lista de aprovados da UERJ foi como se um buraco se abrisse sob os meus pés e eu fui sugada para dentro dele. Fiquei parada, sendo atropelada por todas as piores sensações do mundo, enquanto tentava assimilar o fato de que não havia entrado na faculdade.

Reli a lista uma porção de vezes, não querendo acreditar que meu nome simplesmente não estava ali e depois, quando tive a certeza que meu nome não constava naquela lista, achei que estava vendo a errada. Acontece que eu não vi a lista errada: eu simplesmente não havia passado para enfermagem na UERJ. Só não queria acreditar.

Alguém só poderia estar fazendo alguma piada muito sem graça comigo naquele momento. Levei anos até decidir o curso dos meus sonhos, estudei um ano inteiro - tudo bem, certo, poderia ter me dedicado mais, mas enfim - estudei e dei o melhor de mim naquela prova para no fim... No fim não chegar no meu paraíso que seria a vaga na faculdade.

Só podia ser uma piada, eu pensava.

Tinha que ser uma piada, eu reforçava.

Todavia, não era nenhuma piada.

Mas a certeza vai atingindo você aos poucos.

E, quando isso acontece, é que tudo fica uma verdadeira droga porque você é atropelado por uma porção de sentimentos ruins de uma única vez. É tanta frustração que surge dentro do seu corpo que você tem duas opções: começa a chorar ou fica com raiva. Ou, no meu caso, faz as duas coisas ao mesmo tempo e precisa que sua mãe tente te acalmar.

Não é vergonhoso ter uma crise de choro porque não passou no seu curso dos sonhos.

Eu não sou uma máquina, tenho sentimentos e crio expectativas ─grandes expectativas nesse caso ─, sou um ser humano. Eu sinto. E se sinto alguma coisa em grandes proporções preciso encontrar uma maneira de extrapolar esse sentimento. Pessoas choram por vários motivos: eles vão desde a felicidade mais pura desde a frustração mais horrível de todas.

5inco | ✓Where stories live. Discover now