30: Fofoqueiros

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"Está tudo uma enorme bagunça nesse momento. Uma grande e bela bagunça de sentimentos e pensamentos. ── Maria Luísa. "

Eu sabia que precisava ter uma conversa séria com Felipe, mas apenas não sabia como começar uma.

Ele pensava que iria me falar aquelas coisas, sair andando, deixar toda aquela confusão nos meus pensamentos e deixar aquele assunto morrer? Não, ele poderia pensar isso, mas era exatamente o contrário do que ia acontecer.

Não pude evitar que todas aquelas dúvidas sobre o quão verídicas eram as palavras de Felipe tomassem conta dos meus pensamentos. A culpa agora me acompanhava em todos os momentos e mesmo tendo todo mundo me dizendo que a culpa não era minha, eu precisava conversar com Felipe e precisava que ele me dissesse que havia se exaltado e que, por conta de todo aquele momento tenso, ele falou aquilo da boca para fora.

Ele me devia explicações. Me devia uma conversa.

Mas meu irmão estava fugindo de mim desde o momento em que voltamos para casa.

E quando eu digo fugindo eu quero dizer fugindo mesmo. Em casa, no colégio, na rua, em qualquer lugar que nós nos encontrássemos, Felipe dava um jeito de sair e não falar uma palavra comigo. Nem olhar na minha cara ele estava olhando. Ao invés de ficar furiosa por conta daquele comportamento, eu deixava a culpa me tomar cada vez mais.

Ele poderia ter razão, no final das contas. Eu realmente poderia ser culpada de todo o caos que se instalou aquele dia na casa do Pedro e depois disso. Talvez Felipe coloca-se a mão na consciência e fosse perceber que deveria falar com Thomas sobre tudo e talvez Thomas não tivesse perdido a cabeça por conta disso e nem tivesse se afastado. As coisas poderiam ser diferentes caso Felipe estivesse planejando contar tudo, mas então eu resolvi cortar a frente e aconselhei Júlia e todo o caos foi instalado.

A culpa, nesse caso, era minha.

Mas tinha aquela parte da minha consciência que gostava de me alertar que talvez Felipe não fosse contar tão cedo para Thomas sobre tudo e que Júlia fosse continuar sem saber como agir e, de alguma forma ou de outra, alguma reação ocorreria por conta dessa ação; Qual seria a reação eu não sabia, mas temia que Thomas continuasse sendo iludido e que o relacionamento entre Júlia e ele chegasse ao fim.

E, pensando dessa maneira, minha consciência gostava de me dizer que a culpa não era minha. Afinal, eu nunca aconselhei Júlia querendo que tudo aquilo tivesse acontecido. Apenas aconselhei a minha melhor amiga da maneira que eu gostaria de ser aconselhada caso algo do gênero estivesse acontecendo comigo. Eu não queria que Thomas perdesse a cabeça, que Felipe saísse machucado e nem que Thomas se afastasse por um tempo, não. Só queria ajudar.

Mas parecia que a minha ajuda naquela situação não tinha sido de todo boa.

─ Você está muito quieta, Malu. ─ voltei a realidade que me cercava naquele momento. Júlia, Bruna e eu estávamos sentadas no pátio do Basso, esperando pelo início das aulas daquele dia quando Júlia questionou o meu comportamento. ─ O que aconteceu?

Pensei em contar para Júlia e Bruna o que estava acontecendo, mas elas não iriam entender e, provavelmente, iriam atrás de Felipe e cobrariam que ele me procurasse. Só que eu não queria que Felipe me procurasse dessa vez. Eu sentia que de alguma maneira quem deveria o procurar seria eu. O grande problema é que ele não queria ser encontrando.

E ficávamos nisso de voltas e mais voltas sem nunca chegar em um destino.

─ Dor de cabeça.

Elas trocaram um olhar descrente e depois voltaram a me examinar.

5inco | ✓Where stories live. Discover now