17: Dia do chiclete

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"Amigos, lembra? Apenas amigos. ── Maria Luísa. "

Um mês depois.

Rodrigo sempre tinha razão em quase todas as coisas em que ele me aconselhava. Não sei bem como ele fazia isso, ter esse poder de ler as pessoas dessa maneira, mas ele conseguia. E talvez por estar fora de tudo, não fazer parte dessa confusão toda, ele fosse à única pessoa que conseguia enxergar todos os pontos de vista. E mesmo não fazendo parte disso tudo tinha a sua opinião também.

Quando ele me falou aquelas coisas no hospital a minha reação pode não ter sido a melhor, na verdade ela foi a pior possível. Mas mesmo ela tendo sido a pior possível, Rodrigo não desistiu de mim ou me deu as costas.

Quando cheguei na sua casa já chorando ele apenas me acolheu em seus braços e me levou até o seu quarto. E então me deixou chorar. Desabar bem na frente dele. Foram duas longas horas de apenas choro sem nenhuma palavra. Apenas minhas lágrimas e o ele passando as mãos em meus cabelos, dessa forma me mostrando que ainda estava ali comigo.

E então eu comecei a me acalmar. Consegui controlar as lágrimas, mas as perguntas começaram a aparecer. Uma atrás da outra como em todas as vezes, e eu só queria alguma resposta. Algum motivo que me fizesse entender toda aquela situação.

Por que Felipe foi embora?

Por que Thomas me afastou?

Por que Rafael me deu as costas?

Tantos eram os porquês que surgiram no decorrer desses três anos e eles ainda não possuíam uma resposta.

E foi isso que comecei a cobrar de Rodrigo em certo momento.

Respostas.

Respostas essas que ele não tinha nada a ver, mas as sabia. Me fez entender algumas coisas simples que estiveram na minha frente por muito tempo, porém que acabei fechando os olhos perante toda aquela situação.

Naquela noite em que nós passamos em claro e eu chorando, tentando achar um motivo para todas aquelas coisas, Rodrigo me fez perceber que um motivo existia para tudo aquilo, mas ele não era mais necessário de se fazer entender agora. Era passado. E que ficar carregando tudo aquilo comigo para o futuro apenas iria me prejudicar e machucar. Foi como ele mesmo disse:

"Foi só um lance maluco da vida, Malu. Seu irmão conseguiu uma bolsa de estudos em outro país; Um dos seus melhores amigos de infância decidiu ter a oportunidade de conviver mais com o pai; Seu outro melhor amigo de infância decidiu dar um espaço na entre vocês, mas nem por isso passou a te evitar. Não procure motivos onde simplesmente à vida interferiu. Beleza que nos sabemos que eles erraram em alguma parte e que muitas coisas ainda precisam ser debatidas, mas para de tentar culpar alguém nisso tudo! Que achar um culpado? Quer realmente culpar alguém? Então comece a culpar a si mesma por estar se afundando dessa maneira. Você não o mal que está causando à você?"

E como se tudo isso não bastasse, todas essas maravilhosas palavraa sendo esfregadas na minha cara, Rodrigo ainda teve a coragem de fechar toda aquela conversa com uma magnífica chave de ouro.

"Não acha que já está na hora de parar de culpar alguém e começar a aproveitar as segundas chances que a vida está dando a todos vocês? Porque tanto eu como você sabemos: você perdoou eles sim, mas está com medo de tentar novamente. E isso é totalmente compreensível, sabe? Mas ainda acho que eles merecem uma segunda chance. Todo mundo merece uma. Ainda mais eles tendo o lugar que tiveram na sua vida. Eles são importantes para você. E muito."

5inco | ✓Where stories live. Discover now