BÔNUS: THOMAS BASSO

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"Meu amigo, se você acha que por um segundo cheguei a cogitar a hipótese de não perdoar Thomas... Você definitivamente está muito enganado. Não tem como não perdoar ele. ── Júlia."

Eu sou um idiota.

Um idiota que estava estupidamente nervoso.

Olhando para o jardim e toda a produção que a mãe de Júlia me ajudou a produzir, eu me sentia ainda mais nervoso com a possibilidade de Júlia jogar todas aquelas coisas na minha direção e me mandar embora, sem ao menos me escutar.

Ok, certo, merecia isso e Júlia não era obrigada a me escutar, mas depois de fazer o maior erro da minha vida até aquele momento, eu, Thomas Basso, realmente precisava tentar. Ou iria perder a garota certa para sempre, palavras da minha prima.

Eu gosto da Pietra e ela tem os melhores conselhos do mundo, apenas não aguentava ter que sempre levar sermões só por ela ser um ano mais velha. Minha mãe sempre chama Pietra quando preciso de um choque de realidade. E de uns bons tapas na cabeça.

Enfim, não é sobre Pietra que quero falar nesse momento, mas sim de qual a possibilidade de Júlia lançar um prato na minha direção ou me bater com o buquê de flores. Segundo a minha sogra ─ que provavelmente não estava sabendo de nada ─ a possibilidade não existia. Já a primeira coisa que Pietra me disse quando decidi que iria planejar um jantar romântico para Júlia foi "use pratos, copos e talheres descartáveis para a sua segurança, primo.".

Se segui o conselho da minha prima? Não, não segui, e me agarrei na confiança que a minha sogra possuía na filha. Júlia não iria lançar nada na minha direção, Júlia não iria lançar nada na minha direção, Júlia não iria lançar nada na minha direção, Júlia não iria lançar nada na minha direção, Júlia não iria lançar nada na mi....

Meu celular apitou no mesmo momento em que um carro parou na frente da casa de Júlia e eu nem precisei olhar para o aparelho para saber que era uma mensagem da Malu avisando que o Uber em que eles estavam tinha estacionado. Graças a quantidade de plantas que a mãe da Júlia possuía na frente da casa, ela não conseguia me enxergar daquele ângulo. Ok, aquilo era bom.

Júlia passou com um pouco de dificuldade pelo portão, carregando o vestido do casamento guardado dentro de um saco protetor e mais uma caixa de sapato no mesmo braço enquanto digitava alguma coisa no celular. Aquilo era tão típico dela.

Foi necessário uma tossida falsa da minha parte para que ela levantasse o seu olhar do celular e me visse ali, parado no seu jardim, com um buquê de margaridas, uma espécie de jantar e um pedido mudo de desculpas. E todo meu nervosismo também.

Júlia me olhou boquiaberta e tratou de largar o vestido e a caixa de sapatos na varanda antes de vir em minha direção. Tudo bem, aquele era um bom sinal, não era? Ela tinha largado as coisas para poder me abraçar... Certo?

Respirei fundo e assim que Júlia parou na minha frente, estendi o buquê de margaridas em sua direção e fiquei a olhando. Ela, no entanto, olhava do buquê de flores em mãos para mim e depois para a mesa e depois para mim novamente para, no fim, voltar a fixar sua atenção nas flores. Não fazia ideia do que estava passando na cabeça dela e quando me preparei para falar alguma coisa, ela apenas me devolveu as flores e cruzou os braços.

Hum, isso não é bom, não é nada bom...

─ Então... Oi, Ju. ─ no momento em que todo o restante do meu discurso estava pronto para abandonar meus pensamentos, Júlia arqueou uma das sobrancelhas e eu simplesmente  esqueci o que iria falar. Todo o meu discurso foi perdido em alguma parte do meu cérebro e a única coisa que saiu da minha boca foi: ─ Desculpa?

5inco | ✓Where stories live. Discover now