BÔNUS: RODRIGO CASTRO

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"Se alguém acha por um segundo que começar um relacionamento é difícil ou que manter um relacionamento é complicado, nunca teve que lidar com um término. É, cara, términos são a pior parte de qualquer relação. ── Augusto."

Minha camiseta com o rosto estampado do Elvis parecia ser a visão mais agradável para Maria Luísa. Enquanto os tênis surrados dela pareciam ser um artefato histórico e nunca antes visto por ninguém já que eu os olhava com muita dedicação. E o silêncio era testemunha do que estava acontecendo naquele momento.

Do que estava terminando naquele momento.

Não tinha mais como adiar aquele momento. Eu, Rodrigo Castro, sabia disso e possuía a certeza absoluta que Maria Luísa também sabia. Não adiantava mais colocar reticências onde um ponto final deveria acontecer. E infelizmente um era necessário na nossa história.

Foi complicado perceber isso ou aceitar a ideia de que Malu e eu não seríamos mais um casal. Precisei de um tempo ─ não dela ─, mas afastado para perceber algumas coisas. Aquelas pequenas coisas que estavam nos cercando desde a volta de Felipe e Rafael.

Era nítido o quanto Maria Luísa sempre sentiu falta deles. Foi ainda mais nítido o quanto a volta deles a afetou. Eu nunca soube direito qual era o grande problema da Malu com indas e vindas e até cheguei a julgá-la por não saber da história toda, mas quando ela me contou sobre o que havia acontecido há anos atrás, eu pude entender melhor aquela garota. E, cara, não deveria ter sido fácil passar pelo o que eles todos passaram.

Pensei que quando Felipe voltasse e Malu se desse conta de que ─ pelo menos naquela situação ─ ninguém tinha culpa das coisas que aconteceram para os manter separados, eles fossem se acertar e aquela Maria Luísa que eu não cheguei a conhecer fosse voltar. Segundo os relatos de Thomas, ela conseguia ser ainda mais incrível do que já era.

Ela é a pessoa mais incrível que eu conheço.

Mas isso não aconteceu. Ninguém teve um deslumbre da Maria Luísa de antigamente e nem os irmãos fizeram as pazes. Tampouco, ela e Rafael. Não precisava ser nenhum gênio para saber que todo aquele comportamento dela era uma tática de afastamento para se proteger. Apenas lamentava que Malu não se desse conta o quão para baixo ela estivesse se colocando com isso.

Eu tentei não me meter e deixar que tudo acontecesse naturalmente, odiava me meter em assuntos que não eram meus e isso não seria diferente quando se tratava de Maria Luisa, mas chegou o momento que tive que interferir. Não dava mais para ser apenas espectador de toda aquela história e simplesmente não fazer nada. Falei a verdade para ela naquele hospital e sei que, naquele momento, aquilo mais machucou do que abriu os seus olhos, mas alguém tinha que fazer aquilo. E sendo eu apenas coadjuvante de tudo que cercava eles, a tarefa caiu sobre mim.

Também não posso dizer que não me machucou quando sai daquele hospital sozinho, sem ela. Mesmo que situações como aquela não pedissem por isso, eu me senti sendo jogado de escanteio e como segunda opção; Era claro como água que ela havia escolhido Rafael naquela noite. E isso me machucou muito. Horas mais tarde, me puni por me sentir daquela maneira sendo que ele estava desacordado em um hospital e eu sem nenhum arranhão em casa. Só que eu sabia que toda aquela sensação amarga não se tratava apenas da escolha daquele dia. Era sobre ela gostar dele.

Sabia desde o primeiro momento em que a vi no Basso e sabia desde que ela em contou: o coração dela já tinha sido ocupado, mas o meu não se importou. Resolveu se entregar à ela e a todo aquele sentimento. A promessa de que ela pudesse simplesmente esquecer Rafael e ele se tornar apenas uma lembrança vaga de um primeiro amor foi o que me deu esperança. Esperança... Isso é pior do que karma.

5inco | ✓Where stories live. Discover now