Capítulo 8 - Garota-Estrela

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 Abri os olhos já reclamando, percebendo uma claridade anormal acima de mim. O teto do meu quarto não era tão branco. Minha cama com certeza era muito mais macia que aquilo. E AH MEU DEUS EU ESTOU DORMINDO NO CHÃO foi tudo o que passou pela minha cabeça quando toquei a superfície de terra e grama.

 Me levantei, Marjorie estava de pé ao lado da minha mãe e da mãe dela, que ainda usava uma camisola estampada de azul e minha mãe estava com as roupas que usava para trabalhar, parecendo nem um pouco feliz.

– Eu vou matar você, Finn Anthony Johnston!

 É, ela me chamou pelo nome inteiro, então com certeza ela ia me matar. E minha mãe realmente é um amor de pessoa, então quando ela está agindo daquele jeito você sabe que realmente está ferrado.

– Eu nem sei o que dizer, Amy, me desculpe. Não sei o que passa pela mente dele de vez em quando.

– Sem problemas, Debra – A mãe de Marjorie parecia estar achando a situação toda mais engraçada do que problemática, na verdade. – Marjorie está ficando um pouco rebelde ultimamente, também, mas dormir no quintal com o vizinho?

 Marjorie mordeu o lábio, desviando o olhar e tentando não rir.

– Procurei você pela casa inteira! Você sabe o que eu pensei quando eu subi para o seu quarto e não vi você lá? Parecia uma louca!

 Balancei a cabeça, arregalando os olhos e imaginando a cena. Minha mãe tinha mania de dar chiliques por coisas pequenas, então eu realmente não gostaria de estar por perto quando ela percebeu que eu não estava no quarto.

 Não tentei explicar que não era minha intenção dormir na grama da vizinha porque tudo parecia estranho demais até para mim e eu lembrava da noite passada como se tivesse sido um sonho muito, muito esquisito.

 Minha mãe parecia não saber o que fazer, e eu muito menos. Ela segurava as chaves do carro em uma mão e parecia preparada para ir para o trabalho, então me perguntei se ela estava mesmo tão preocupada assim em me encontrar, mas não falei nada.

– Acho melhor vocês dois entrarem e me explicarem o que aconteceu – a mãe de Marjorie disse, e minha mãe parecia que ia dizer alguma coisa contra, mas ela insistiu. – Eles vão ficar bem. Vou dar uma bronca e tudo mais.

– Obrigada, Amy. Não vou demorar para voltar, tenho poucas aulas hoje – Ela olhou para mim e apontou um dedo, não parecendo tão brava quanto antes. – E você... pare de ser estranho.

 Eu ri, porque aquele era o conselho mais adequado que ela já tinha me oferecido. Então parei e ela olhou para mim, e eu percebi que minha mãe não estava tão zangada quanto eu pensei que estava.

 Talvez ela só quisesse que a mãe de Marjorie pensasse que ela estava brava para parecer uma mãe melhor – ela costumava fazer isso em reuniões de pais da escola. E mesmo que a mãe de Marjorie parecesse tão relaxada aquilo quanto Marjorie, minha mãe ainda fazia a imagem de rigorosa. Ela sorriu de lado e um segundo depois colocou sua cara de séria novamente, despedindo-se de Amy e Marjorie e pedindo desculpas novamente, então virou-se e andou até o carro.

X

 O quarto de Marjorie era o oposto do meu – completamente cheio de coisas. A cama dela ficava encostada em uma das paredes, duas delas com vários posters e fotos aleatórias espalhados. Sua cômoda tinha uma porção de objetos estranhos e caixinhas, assim como o resto do quarto.

– Okay, vamos fazer um tour – Ela sorriu. – Aqui é minha cama. Ali é minha cômoda. Aqui é meu guarda-roupa. Essa é minha janela. Agora as coisas legais... essa é a minha coleção de bolinhas de gude.

Marjorie e os 12 PorquêsWhere stories live. Discover now