Capítulo 21 - A melhor parte de Nova Iorque

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 Eu e Andy fomos para o hospital de táxi. O céu já tinha escurecido bastante desde que eles a levaram. Andy insistira que eu fosse comer alguma coisa enquanto ele conversava com as pessoas do hospital, mas embora eu estivesse morrendo de fome, eu não conseguia. 

 Fiquei sentado na sala de espera por alguns minutos, observando diferentes pessoas indo e vindo. Os hospitais de Nova Iorque eram muito mais cheios do que os de Ohio, com toda certeza. Sentia minhas pálpebras mais pesadas do que nunca, mas embora eu estivesse muito cansado - muito mesmo - eu não conseguia dormir. Não até ter certeza de que tudo estava bem. 

Andy andou até mim com dois sanduíches na mão e eu revirei os olhos, ignorando a memória vívida de Noelle me dizendo o quanto aquilo era irritante. Não precisava de comida, não precisava de sanduíches - precisava de informações sobre a Marjorie. Como ela estava? Estava viva? Morta? Quando é que minha mãe viria até Nova Iorque para me matar com suas próprias mãos, com a ajuda da mãe de Marjorie? 

– Você não comeu nada desde o começo do festival – Andy explicou, enfiando o lanche nas minhas mãos como se eu fosse uma criança birrenta. 

 Só o pensamento de que algo muito ruim podia ter acontecido me fazia querer vomitar. Dei uma mordida, hesitante, e não era tão ruim quanto pensei. Eu estava com mais fome do que imaginava. Olhei para ele e nem precisei fazer nenhuma pergunta, mais uma vez, Andy parecia ler minha mente.

– Ela está bem. Está acordada. – Se eu não estivesse com tanta fome, teria engasgado. Era como se o peso do mundo tivesse saído das minhas costas e finalmente o hospital não parecia mais um lugar tão horrível.   –  Marjorie falou com a mãe dela no telefone, eles disseram que ela vai poder ir embora amanhã – Ele explicou tudo resumidamente. – Embora mesmo. Para Ohio.

 Balancei a cabeça, eu já esperava por aquilo. Nova Iorque era um sonho, mas por enquanto, eu estava completamente cansado de tudo aquilo. Nunca pensei que diria isso, mas estava louco para ver as ruas vazias e silenciosas de Hudson. Sentia falta de Arwin, de Noelle, e da minha mãe – principalmente da minha mãe, mesmo sabendo que ela ia me matar logo que eu chegasse. 

– Vocês são os amigos de Marjorie Summers? – Uma enfermeira de cabelos enrolados nos chamou e nos balançamos a cabeça, atentos. – Podem entrar agora.

 Andy pensou que seria melhor me deixar sozinho com ela por enquanto, explicando que nós tínhamos mais assuntos a resolver e ele ainda precisaria comer mais uns 10 sanduíches para satisfazer sua fome – e sua ansiedade. Eu não queria estar ali sozinho – por algum motivo, aquilo parecia mil vezes mais intimidador do que a primeira vez que eu tinha visitado Marjorie no hospital, mas forcei meus pés a seguirem a enfermeira.

No quarto 13, Marjorie começou a chorar assim que me viu. Não era como as outras vezes que eu a tinha visto chorar, daquela vez era diferente –  ela parecia feliz em me ver, o que era um contraste enorme com as lágrimas e o rosto vermelho. E também parecia assustada. Eu definitivamente não gostava de ver Marjorie Summers assustada. 

 Andei até sua cama como uma criança depois de dias longe da mãe, e não me sentia nem um pouco envergonhado pelo jeito como eu sorria por vê-la acordada. 

– Você está bem? Meu deus, Marjorie! – Eu a abracei do ângulo mais estranho possível, tentando não apertá-la demais, afinal, não sabia exatamente se ela estava com algum tipo de dor ou se eu poderia quebrar alguma coisa. 

 Dava para ver que ela estava mais fraca que o normal, e parecia mais cansada – mas do mesmo jeito que estava no dia em que eu tinha a visitado, ela parecia fora de perigo. Era só muito mais chocante ter feito parte de todo a situação e agora vê-la bem. Tudo tinha acontecido tão rápido. 

Marjorie e os 12 PorquêsWhere stories live. Discover now