Capítulo 11 - Eu Quero Acreditar

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 Você já assistiu aqueles programas estranhos no History Channel, sobre os aliens e os egípcios e como eles são ligados? Aqueles programas com todas aquelas entrevistas com pessoas que realmente acreditam que já foram abduzidas por aliens e relatam suas histórias para qualquer um que queira ouvir? É, Chuck era uma dessas pessoas.

 O trailer em que estávamos – e eu ainda não acreditava que realmente tinha entrado dentro daquela armadilha – era antigo, não tão sujo quanto pensei que seria, mas coberto de posters com OVNI's e frases como "EU QUERO ACREDITAR". É como se a música tema de Arquivo X estivesse tocando 24 horas por dia naquele lugar.

 A primeira coisa que eu usei foi o banheiro, o que não foi tão ruim quanto eu imaginei – embora eu não quisesse nem pensar em onde as coisas do vaso sanitário vão quando você dá a descarga – e tinha uma cozinha e umas almofadas.

– Então, uh, Chuck – Tentei começar um assunto, sentando ao lado de Marjorie, que segurava uma xícara de café de porcelana com umas florzinhas amarelas pintadas. – Como é morar em um trailer?

 Chuck tinha o olhar de um maníaco e o sorriso de uma criança de 4 anos na manhã de natal. Era meio cômico falar com ele, mesmo que fosse sobre algum assunto normal – porque ele sempre parecia ter passado mais de uma noite acordado e ter tomado mais cafeína do que deveria.

– É fenomenal! – Ele exclamou, jogando as mãos para o alto enquanto me entregava uma xícara igual a de Marjorie. – Tenho tudo o que preciso aqui, e continuo sempre na estrada. É uma boa vida.

– Imagino – Tomei um gole do café um pouco forte demais – então era assim que ele ficava tão acordado.

 Não estava mentindo, realmente tinha me imaginado vivendo ali no momento que entrei, porque é bem interessante: você está acostumado a viver nesse bairro com casinhas iguais, como se fosse uma cidade de boneca, e você realmente acredita que todo mundo no mundo inteiro vive do mesmo jeito que você. E enquanto isso, há pessoas vivendo em um trailer, viajando o país inteiro dentro de sua própria casa. Loucura.

 Você também nunca percebe de verdade como sua casa é grande até ficar dentro de um lugar como aquele. Mas era bem legal, as janelas eram bem grandes e você simplesmente podia assistir televisão tomando uma xícara de café enquanto vê a estrada do lado de fora. É como se pudesse dirigir sua própria casa.

 Okay, talvez eu tenha ficado um pouco animado com a ideia de viver em um trailer e viajar o país, mas tentei tirar aquilo da minha cabeça – porque é o tipo de coisa que Marjorie faria, não o tipo de coisa que eu faria. Nem pensar.

– E você acredita em... aliens – Comentei, apontando para a grande quantidade de fotos e posters pendurados. Ele olhou para mim com os olhos verdes arregalados, sorrindo – chegava a ser assustador.

– Com certeza! O governo está sempre tentando nos fazer de bobos, mas a verdade está aí fora, só precisamos procurá-la – Ele sentou-se na nossa frente e esticou as pernas peludas. – É por isso que vivo aqui. Não podemos deixar que eles construam nossa cabeça com essas bobagens e tentem nos fazer esquecer da verdade, temos que ser livres. Pense comigo, viver naquelas cidades projetadas, pensando o que eles querem que você pense, fazendo o que eles querem que você faça... como se estivesse em uma grande cabana feita de cobertores, mas estivesse preso dentro dela. Não pode deixar sua cidade de natal ser sua cabana. O universo é sua cabana!

– O universo é nossa cabana! – Exclamou Marjorie, alegre, levantando sua xícara.

– Uh, claro... o universo é minha cabana – Repeti, tentando assimilar aquilo tudo. Era loucura demais para mim. – E como vocês dois ficaram amigos.

Marjorie e os 12 PorquêsWhere stories live. Discover now