7. Escolha

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Em frente da minha casa abro a porta para Louis entrar.

- Eu não acho que deveria estar aqui. – Louis diz, mas ele continua a caminhar pra dentro de meus aposentos.

Eu sei o que ele vê: paredes brancas, sem enfeites, sem fotos, sem toques pessoais. Nada que mostre quem realmente sou.

- Há quanto tempo você mora aqui?

- Aproximadamente sete anos. - respondo observando-o enquanto ele tenta amenizar sua reação.

- Oh, aqui é tão... Limpo. – ele abre um sorriso simpático antes de olhar pro chão.

Eu sei o que ele realmente quer dizer: frio e vazio. E o fato de que ele sinta a necessidade de sentir pena de mim, como seu eu fosse inferior a ele, isso irrita a merda dentro de mim. Aqui eu pensei que talvez pudéssemos compartilhar uma história em comum, como se nós dois fossemos almas incompreendidas neste mundo de falsos e hipócritas, mas na realidade ele é um deles. Ele tem sido o tempo todo e é fodidamente estúpido da minha parte ter pensado ao contrário e tê-lo trazido pra cá.

Estou prestes a dizer pra ele cair fora e levar aqueles olhos tristes, quando de repente ele se vira pra mim com um sorriso verdadeiramente caloroso em seus lábios.

- Não diga nada a ninguém, mas sou um tipo de porcalhão. Sério! A limpeza não é o meu forte, acho que poderia aprender uma coisa ou duas com você. - ele diz com uma risada.

Eu libero minha irritação em uma respiração aliviada e viro-me em direção a cozinha para esconder o meu próprio sorriso. Merda, por que é que estou sorrindo como o maldito gato Cheshire do País das Maravilhas? E por que eu acho a sua confissão foi tão perfeitamente charmosa? O fato de ele dizer ser bagunceiro faz com que ele seja meio que... Normal?

Sem uma palavra, eu vou para o congelador e coloco uma embalagem em cima do balcão de mármore. Louis olha o recipiente, em seguida olha pra mim e por um momento, eu juro que vejo uma piscina de lágrimas em seus olhos antes dele rapidamente piscar e projetar seu rosto em uma cortina de vermelho.

- Você me comprou sorvete?- ele sussurra.

- Você não estava feliz com a variedade na cozinha então... - digo quase como um sussurro e embora ele não possa me ver, eu tento não encontrar o olhar dele.

Finalmente ele retira o olhar do sorvete e com o seu olhar cheio de luz que é quase ofuscante fala:

- Obrigado!

Seu sorriso agradecido e o peso de suas palavras me atingem como uma tonelada, me trazendo de volta a realidade.

- Bem, nós tentamos fornecer a todos vocês as delicadezas da casa. Isso não inclui um sorvete sabor de cocô de bebê. – digo e me viro para pegar uma tigela e uma colher antes de abrir a caixa e escavar grandes colheradas de creme e pedaços escuros de chocolate e menta pra ele.

- Oh, bem, então obrigado. – ele responde comprando a minha mentira de desculpa.

Porque isso é exatamente o que é: uma mentira. O que eu poderia e deveria ter feito era abandonar o sorvete na cozinha e deixar que os funcionários servissem ele quando ele desejasse o açúcar congelado. Mas não... Eu tinha que ir e complicar essa merda e trazê-lo para minha casa, me dando a oportunidade de satisfazer a sua necessidade tão superficial.

Ele tinha precisado de mim e não por sexo ou conselhos de relacionamento para aplicar no seu casamento, mas ele veio aqui por um sorvete. Ficou seguro pra vir comigo por um fodido, um fodidaço sorvete.

TAINT [sexual education] l.sWo Geschichten leben. Entdecke jetzt