10. Distração

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Tons de rosa mancham o céu sem nuvens enquanto o sol se esconde no horizonte e eu assisto com admiração, quase esmagando com a beleza de tudo isso. As pessoas veem aqui como um lugar sem vida, seco e isolado, mas eu vejo paz, tranquilidade e liberdade.

Ouço sua aproximação, mas não me movo, continuo olhando para o rosa que desaparece do céu, permitindo que as estrelas ressurjam e brilhem. Estou com muito medo de olhar pra ele.

O barulho de seus chinelos param na espreguiçadeira ao meu lado e ele toma uma respiração antes de sentar. Nós não falamos, não precisamos, as estrelas falam por nós por um momento.

- O que você vê lá em cima? – ele sussurra após vários minutos.

- Espaço.

- Uau, uma observação profunda, sr. Styles. – Louis dá risadinhas.

Viro a cabeça bem a tempo de vê-lo jogar sua cabeça para trás e rir. O som de sua risada é tão puro e inesperado que eu me encontro sorrindo.

- Não o espaço, espaço, esta é a fronteira final da terra ou merda assim, quero dizer, é um espaço para respirar, crescer, sonhar.

- Huuuuuuum... Isso é poético. - ele quase geme e seu som é rouco e erótico pra caralho.

Me arrependo instantaneamente das minhas palavras, parece que não posso parar de vomitar palavras quando estou com ele. Há alguma coisa em Louis que me distrai apenas o suficiente para esquecer de mim mesmo, chamando a minha verdade como se ele fosse uma sereia me atraindo. Merda, eu só quero dizer a ele... Tudo.

- Por que você me deixou esta tarde?- ele finalmente pergunta.

- Eu tinha que fazer.

- Por quê?

- Eu estava distraído e quando estou distraído, não posso fazer o meu trabalho.

- Você estava distraído... Por mim?

- Sim.

Ele tenta falar algo, mas não continua, em vez disso, ele se levanta e seus chinelos batem contra o chão.

- Você está com fome? – ele pergunta.

Balanço minha cabeça, compartilhar uma cerveja ou uma taça de sorvete é uma coisa, mas partir o pão com um homem seria como procurar por problemas e isso fode tudo.

- Estou bem. – respondo.

- Bem, eu quero comer alguma coisa e você não vai me fazer comer sozinho, não é?

Louis dá um passo a frente, perto o suficiente pra que eu veja a transparência de sua camisa social pelo canto do meu olho.

- Você quer comer alguma coisa Harry?

- Não. – respondo e ele revira os olhos.

- E o seu sorvete Louis?- pergunto.

"Não me diga que ele já acabou com as quatro caixas e tenho que comprar mais".

- Nah, eu preciso de comida de verdade, estou com fome.

- Como você está com fome? O jantar foi servido algumas horas atrás, não foi?

Eu deixo meu olhar varrer por ele, perguntando onde diabos ele embala todas aquelas taças de sorvete. Para os padrões da sociedade, Louis seria considerado magro, talvez discreto. Sua barriga é chapada, mas longe de ser musculosa, seu quadril apesar de afeminado não é nada exagerado, então meu olhar cai sobre sua bunda, grande e empinada, de tamanho suficiente para caber na palma das minhas mãos. Acho que descobri a resposta de minha dúvida.

Louis é um homem real, não é bombeado de enchimento ou todo repuxado como os outros. Ele é natural e isso me faz ainda mais intrigado por ele.

- Sim, foi. E embora a carne grelhada com caldo de carne estivessem bons, só isso... Não é satisfatório. A comida é sem graça, não há coração, nenhuma alma.

Sorrio com uma respiração profunda e levanto do meu lugar. E indo contra meus princípios e o melhor senso dado por Deus, eu ofereço a ele a curva de meu braço.

- Eu vou ter a certeza de dizer ao meu chefe de cozinha, que suas estrelas não parecem ser satisfatórias.

- Oh Deus! Por favor, não faça isso! – Louis lança seu braço no meu, sem provocação, como se o ato fosse inocente, como se eu não tivesse quase provado seus lábios esta tarde.

- Não? Eu não deveria demiti-lo por servir uma comida sem graça e sem alma? Ou talvez devesse nomear o meu subchefe Niall como cozinheiro, até ele encontrar alguém que cozinhe melhor. - digo enquanto nós andamos em direção à casa principal.

- Não, não faça isso. Isso faria de você um idiota. Estou gostando de você não-idiota.

- Eu não-idiota?- me viro pra ele, com olhos arregalados.

- Não! Não, não é o que eu quis dizer! Quer dizer, gosto quando você não pensa com seu pau! Não! Hum, hum sem seu pau!- Louis cobre o rosto rapidamente avermelhado com a outra mão e balança a cabeça.

Eu quero sorrir mas travo.

- Oh meu Deus, desculpe. Sou estúpido, corte a minha língua agora, antes que eu faça de mim mesmo um idiota ainda maior.

- Você está estranhamente fascinado com "paus" Louis. Nem Freud explicaria você em um dia inteiro. - comento.

Puxo sua mão pra longe de seu rosto e ele rapidamente se vira, soltando uma risada cacarejante. Ele tem uma gargalhada que faz você rir. Eu sorrio. Não é doce ou delicada, é uma gargalhada alta e aguda que é acompanhada de um ronco. Eu rio ainda mais e balanço a cabeça em descrença, pois é... Até mesmo os roncos dele são adoráveis.

"E foda-se, estou usando palavras como: adorável".

Nossos risos vão diminuindo gradualmente enquanto andamos pela casa e silenciosamente entramos na cozinha.

- Espero que nós não entremos em confusão por estarmos aqui depois do horário. – Louis sussurra, seu braço ainda travado com o meu.

- Espero que não. Ouvi dizer que o chefe tem um pau duro. – digo enquanto acendo as luzes da cozinha.

Ele ri e olha pra mim, os olhos com admiração. Meu olhar fixo no dele e sorrio para o homem na minha frente, como se ele fosse meu.

Agora que estamos aqui sozinhos, as lâmpadas iluminam o meu sorriso que não tenho a porra do direito de possuir e o idiota do meu Grilo Falante decide me lembrar. Rapidamente retiro o meu braço do conforto quente dele e me apoio no balcão. Estou rindo por dentro e por fora, mas Louis não percebe, pelo menos ele não demonstra isso e começa a vasculhar a geladeira.

- Qualquer coisa em especial que você queira? Você sabe... Não seja tão incrivelmente pretensioso, não sou um chefe. – ele comenta com a cabeça ainda na geladeira.

Ele pega alguma coisa e traz para o seu nariz, então faz uma careta e coloca de volta e eu sufoco uma risada abafada.

Argh! Estou rindo. O que eu sou agora? Um idiota cujas bolas ainda não caíram? Eu apalpo as minhas bolas só pra ter certeza de que meus meninos ainda estão intactos.

- Qualquer coisa que você quiser.

Louis surge segurando uma fatia de queijo Brie e um bloco de queijo Roquefort como se ele tivesse tirado a sorte grande.

- Bem, isso não será um gourmet cinco estrelas, mas eu aposto que eu poderia fazer um pouco de queijo grelhado fodidamente bom. Agora quais as chances de encontrarmos pão de sanduíche normal aqui?

- Nenhuma. – faço uma careta e balanço a cabeça.

- É, o seu pão sem alma metido a chique do café da manhã, deve bastar. – ele diz e pisca pra mim. E a sensação que senti pela manhã volta e endurece meu pau mais uma vez.




TAINT [sexual education] l.sWhere stories live. Discover now