Capítulo 16 - Melhores segundos

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Despertar ao amanhecer deveria ser uma das sensações mais maravilhosas de nossas vidas. Ter o prazer de acordar para mais um dia, ter a oportunidade de dar mais um passo na nossa curta caminhada que é a vida.

Virar a página, escrever um novo capítulo ou até mesmo algumas notas nas entrelinhas, afinal nossa vida é um livro, recheado de acontecimentos. Infelizmente não temos a oportunidade de fazer revisões e reparos antes de ser publicado, mas sempre temos uma história para contar, sendo ela boa ou não.

Era em tudo isso que eu pensava enquanto olhava para o teto do meu quarto, enquanto eu despertava de um sono tão profundo, tudo o que eu queria era voltar a dormir, mas a dor de cabeça que eu sentia não iria me deixar em paz tão cedo.

Meus olhos pareciam perdidos tentando me encontrar naquela imensidão de parede branca, pude sentir o calor que o ambiente emanava, minha cortina persiana deixava espaços para que os raios solares invadissem o meu quarto.

Me sentia totalmente esquisita, como se uma peça do meu quebra cabeça tivesse se desencaixado ou até mesmo se encaixado.

O que aconteceu na noite passada?

Era o que o meu cérebro se perguntava em cada pontada que ele transmitia para mim em forma de dor.

Laura.

É claro, nós havíamos brigado na noite passada, tudo por conta de uma tremenda mentira envolvendo ela e Bernardo, mas apesar de estar ainda muito chateada com isso, dentro de mim tudo parecia estar em paz.

A maré estava calma, apesar de minha cabeça estar em uma constante turbulência, tudo parecia estar bem.

Bebidas verdes.

Ah, malditas bebidas verdes, eram elas as causadoras da minha cabeça tão dolorida e da minha garganta tão seca naquele exato momento. O pior dos males após uma bebedeira sempre seria a querida ressaca.

Palavras.

Quantas palavras doces eu ouvi na noite passada, um fora cheio de declarações seguido por uma breve discussão e.... um beijo.

Ao lembrar meu cérebro e meu coração desse acontecimento, meus olhos se desviaram abruptamente do teto branco do meu quarto, me sentei na cama para tentar controlar a minha respiração que acabara de vacilar de forma desenfreada e ainda tentar controlar as batidas fortes e desgovernadas do meu coração.

A maré que antes estava calma acabara de oscilar para fria e agitada.

Eu e Rafael havíamos nos beijado.

Todas as lembranças em detalhes vieram em minha mente de uma só vez, fazendo com que eu sentisse de forma imediata a queimação em minhas bochechas. Estava completamente envergonhada pelas minhas atitudes da noite anterior. Eu havia dado em cima de Rafael descaradamente, sem pudor algum.

Malditas ou benditas bebidas verdes?

E aquela história em que eu queria dar uma chance a vida e a Rafael, mas sem pressa? Em não saber exatamente sobre meus sentimentos? Quem era essa garota refletida no espelho em frente à minha cama? E o que era isso em sua boca? Um sorriso?

É claro que eu estava sorrindo.

Eu queria beijar Rafael novamente, aquilo havia sido tão bom que eu não poderia me recusar a fazer aquilo de novo, mas seria o certo a fazer? Jogar tudo para o alto e me entregar a toda essa novidade que eu estava sentindo?

— Pensa Júlia, pensa... Nós temos que ir com calma, nós estamos magoadas com tudo o que aconteceu, não precisamos nos agarrar ao primeiro cara incrível, maravilhoso e metido a poeta que aparece em nossas vidas. — eu falava para mim mesma, agora totalmente de pé e em frente ao meu grande espelho.

InconstanteWhere stories live. Discover now