Capítulo 21 - União de poesias

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O sorriso que estampava meu rosto era somente um vestígio de toda a reação que eu verdadeiramente gostaria de demonstrar ao ver Rafael em minha porta.

Seus olhos encaravam os meus de forma ansiosa, pareciam esperar aflitamente por uma resposta de minha parte, mas a única coisa que se passava pela minha cabeça era em como eu estava com vontade de envolvê-lo em um abraço apertado ou até mesmo tocar seus lábios com os meus, sem nenhuma pressa de que aquilo acabasse, talvez se eu tivesse agido de uma das duas formas eu conseguiria deixar bem claro o quanto ele havia feito falta nesses dias tão vazios de minha vida.

Mas eu não tomei nenhuma atitude a não ser sorrir, não conseguia esboçar qualquer outro tipo de comportamento, por hora, somente observá-lo com um sorriso no rosto parecia ser o suficiente para manter meu coração aquecido.

- Você não deveria deixar um cavalheiro ensopado pela chuva a espera de um convite seu para ter acesso aos seus aposentos Júlia Medeiros. - Rafael falava de forma divertida enquanto passava uma de suas mãos pela sua barba por fazer.

- Oh, isso realmente foi muito rude de minha parte Rafael Aguiar - eu disse carregando um semblante de preocupação fingida, segurando um riso que insistia em escapar pelos meus lábios - Por favor, entre e fique a vontade.

Rafael assentiu dando um passo à frente para atravessar o vão entre o batente da porta e meu corpo, parando justamente bem de frente comigo, seus dedos tocaram minha face de forma carinhosa, não saberia dizer se eram seus dedos frios ou somente o seu toque que foi a causa do arrepio involuntário que envolveu o meu corpo e enrijeceu todos os pelos de meu pescoço.

- Mesmo você não respondendo minha pergunta anterior, queria dizer que senti muito a sua falta e é por esse motivo que estou aqui hoje - ele esboçou um sorriso sem mostrar os dentes - Espero que seja recíproco.

- Você sabe que é recíproco Rafael - eu confessei em um sussurro tímido - Você e sua tagarelice fizeram falta em meus dias solitários.

- Saber disso faz de mim um rapaz mais feliz - ele sussurrou, colocando meu cabelo atrás de minha orelha.

- Falando em rapaz feliz, como está o seu irmão? - eu perguntei sorrindo, tentando disfarçar todo o efeito que o toque causava em mim.

- Ele está bem... - Rafael disse engolindo em seco - Não como deveria estar, mas na medida do possível - ele apertou os lábios e passou as mãos pelos cabelos molhados. - Ele passou muito mal esses últimos três dias, até mesmo por isso não consegui entrar em contato com você, foi tudo tão corrido, mas hoje pela manhã ele parecia melhor, estava rindo da vida como de costume.

- Logo ele vai se recuperar por completo você vai ver só - eu disse tentando oferecer o meu melhor sorriso, pegando em sua mão livre e entrelaçando a mesma na minha.

- Sim, ele vai, eu procuro acreditar nisso. - ele disse pensativo - Ele me expulsou da fazenda você acredita? - agora ele estava rindo - Disse para mim que não aguentava mais olhar para mim, que eu já havia sido útil o suficiente com a realização de seus últimos desejos e que eu só sabia pegar no pé dele, ele só queria ficar sozinho em sua própria companhia e não aguentava nem ouvir mais sobre uma tal de Júlia Medeiros.

- Então sou um dos assuntos mais comentados entre você e Francisco? - perguntei com um riso divertido, enquanto os batimentos do meu coração aceleravam um pouco mais ao tomar conhecimento desse fato.

- Preciso mesmo responder essa pergunta? - ele perguntou me olhando de soslaio.

- Sabe do que você precisa? - perguntei o encarando - De um banho quente! Não sei o que se passa na sua cabeça em pegar a estrada com uma chuva dessas. Isso faz parte das cinco loucuras? Aumentou a lista foi isso? Você está todo encharcado Rafael, pode vir a pegar um resfriado - eu disse de forma apressada enquanto fechava a porta atrás de mim.

InconstanteTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang