[Bônus 01] - Rafael Aguiar

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Nota da autora: Olá Juliletas! Estou aqui hoje em um dia e horário incomum para deixar um capítulo especial para vocês, narrado por nosso querido Rafael Aguiar. Esse capítulo se passa um pouco antes dele conhecer Júlia Medeiros, espero que gostem! Ahh, a leitura do capítulo é opcional, pois não afeta no desenvolvimento da história ok? Boa leitura ♥

Antes de Júlia Medeiros [...]

Eu gostava de lençóis amassados.

Na verdade gostava das causas que levavam os lençóis a ficarem amassados.

Principalmente quando essas causas tem como parte principal a prática de atos prazerosos, assim como os que eu tive a satisfação de participar durante a noite passada.

Mas, ao amanhecer, quando os raios solares insistiram em invadir a janela do quarto, fugir de tais lençóis se tornava mais atraente do que me manter deitado em meio a eles. Principalmente quando estava envolvido nos braços de uma mulher.

Mulher essa da qual eu nem lembrava mais o nome.

Camila? Giovana? Bianca?

Enquanto me desvencilhava dos braços da mulher de cabelos azuis tão vibrantes, tentava achar vestígios de seu nome em minhas poucas recordações da noite passada.

Forçava meu cérebro a lembrar pelo menos a letra inicial de seu primeiro nome, mas tudo que me lembrava era de nosso contato tão intimo após tomarmos duas ou três doses de tequila no bar do Bily.

Algumas poesias mal feitas, cantadas baratas sussurradas ao pé do ouvido, olhares, sorrisos, beijos selados e enfim, duas almas inteiras cometendo atos tão vazios, envolvidos aos lençóis.

Ambos em busca de uma noite melhor para superar todas as outras tão fracassadas.

Eu deveria parar de ser um idiota com as mulheres só para satisfazer os meus caprichos e me livrar das dores que a vida gostava de me presentear.

Era nisso em que eu pensava ao me vestir da forma mais silenciosa possível com as roupas que antes estavam espalhadas pelo chão, tão logo o nome da mulher em questão se tornou desnecessário, que pouco me importava mais...

Após todas as roupas estarem enfim vestidas em meu corpo, já estava pronto para sair daquele lugar e me livrar dessa fuga embaraçosa, apesar de sempre realizar tal arte de escapar das mulheres, era sempre um novo desafio estar em um lugar diferente, com uma pessoa diferente.

Antes de partir, me permiti observá-la dormindo pela última vez, vê-la dormir tão profundamente era algo bonito de se admirar. Suas pernas torneadas enroscadas em meio aos lençóis amassados, alguns fios de seu cabelo caído em seu rosto, uma parte de seu seio farto a mostra, sua respiração pesada, seus lábios tão carnudos e entreabertos...

Ver essa cena fez com que lembranças boas de beijos e carícias me fizessem sorrir involuntariamente, constatando que a noite realmente havia sido bem aproveitada, e por incrível que pareça, no fundo do meu coração, gostaria que ela encontrasse alguém que pudesse compartilhar de bons momentos assim com ela por todos os dias, mas esse alguém, com toda a certeza, não seria eu.

- Sinto muito, mas será melhor assim, acredite! - sussurrei baixinho enquanto fechava a porta de seu quarto.

Não gostava de fugir, mas era essa a alternativa que encontrei para driblar a dor que sempre residia em meu coração por conta de meu irmão Francisco, ele estava em um estágio terminal de seu câncer pulmonar.

Apesar de saber que sua morte seria inevitável em um futuro próximo, perdê-lo seria algo totalmente destrutivo para o meu coração. O fim da sua poesia consecutivamente faria a minha vir a ruína por conta de todos os sentimentos devastadores que tudo aquilo me causaria.

InconstanteOnde histórias criam vida. Descubra agora